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segunda-feira, abril 08, 2024

Notícia sobre sismologia e tectónica de placas...

Algo muito estranho está a acontecer com os sismos que abalam a Terra

 

 

Eventos sísmicos devastadores estão a ocorrer longe das linhas de falha entre placas tectónicas - e não há uma forma fácil de prever quando vão acontecer ou que locais vão atingir.

Os terramotos que periodicamente atingem o planeta, tradicionalmente associados aos limites das placas tectónicas, estão a acontecer de forma cada vez mais imprevisível, e afastados da zonas limites das placas tectónicas, como seria expectável.

A imprevisibilidade do local de ocorrência e do potencial de destruição, numa era em que é suposto a ciência ter uma maior compreensão da origem dos eventos sísmicos e maior capacidade de antecipação, é desconcertante, explica a BBC Science Focus.

Éric Calais, professor da École Normale Supérieure, em Paris, e Jean François Ritz, investigador do Laboratório de Geociências do CNRS, em Montpellier, estão na linha da frente dos esforços para entender os sismos intraplaca, que ocorrem no interior das placas tectónicas.

Este fenómeno é bastante menos compreendido e significativamente mais difícil de prever em comparação com os seus homólogos interplaca, que ocorrem nos limites das placas tectónicas.

Os terramotos intraplaca, embora raros, representam uma ameaça significativa devido à sua natureza imprevisível e ao potencial de danos substanciais em regiões tradicionalmente consideradas geologicamente estáveis.

Ocorrências históricas, como o devastador terramoto de Bhuj em 2001 na Índia, que matou cerca de 20.000 pessoas, e o terramoto de Charleston em 1886 nos EUA, sublinham o potencial de perda massiva de vidas e danos materiais, mesmo em áreas não habitualmente associadas a atividade sísmica.

Estes sismos, que ocorrem devido à acumulação e libertação súbita de tensão ao longo de falhas geológicas no interior da placa, podem ter uma origem remota em eventos aparentemente inofensivos, como ruturas causadas por uma pressão equivalente a um aperto de mão.

Ao contrário dos sismos nas fronteiras das placas, onde a acumulação de tensão é monitorizada e de certa forma previsível, as falhas intraplaca são frequentemente desconhecidas até que ocorram ruturas, tornando virtualmente impossível prever quando ou onde o próximo evento vai ocorrer.

Os mecanismos que desencadeiam estes sismos podem variar - de processos naturais como a fusão de glaciares e erosão de cadeias montanhosas, até atividades humanas como a mineração.

Em estudos recentes, Calais e Ritz focaram-se em compreender os gatilhos por trás dos terramotos intraplaca, como o terramoto de Le Teil em 2019 em França, que os investigadores acreditam ter sido induzido pelo derretimento de uma calote polar e eventualmente agravado por atividade humana nas pedreiras locais.

 


Um sismo intraplaca atingiu a cidade norte-americana de Charleston em 1886, matando 60 pessoas

 

Segundo os dois investigadores, as alterações climáticas e a atividade humana em pontos chave do sistema de placas tectónicas pode aumentar a frequência dos terramotos intraplaca - com um impacto cada vez maior nas populações, especialmente à medida que a urbanização aumenta em áreas de risco.

Cidades como Basileia, na Suíça, e Charleston, nos EUA, agora com populações significativamente maiores, que vivem em construções mais vulneráveis em comparação com as que existiam na altura em que alguns sismo históricos ocorreram, têm um potencial aumentado de desastre.

Assim, sublinham os investigadores, à medida que o planeta continua a aquecer, compreender a ligação entre as mudanças climáticas e a atividade sísmica torna-se cada vez mais crucial para proteger as futuras gerações da fúria repentina de um qualquer evento sísmico num local inesperado.

 

in ZAP

segunda-feira, abril 01, 2024

A Tectónica de Placas pode influenciar a Biosfera - diz esta notícia...

Há uma explosão de vida na Terra a cada 36 milhões de anos. Já sabemos porquê

 

As placas tectónicas da Terra

 

A pesquisa descobriu que o movimento das placas tectónicas também ocorre em ciclos de 36 milhões de anos, estando relacionado com o surgimento e extinção de várias espécies marinhas.

A vida marinha na Terra explode a cada 36 milhões de anos e um novo estudo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu a razão para este fenómeno.

A pesquisa baseou-se numa análise profunda aos registos fósseis e geológicos que revelou que a mudança no nível das águas do mar ocorre em resposta ao ciclo de 36 milhões de anos de movimentos das placas tectónicas, explica o Science Alert.

Isto acaba por perturbar vários ecossistemas, o que faz com que muitas espécies sofram enquanto outras florescerem nos novos ecossistemas que surgem. Uma análise ao registo fóssil mostra que a biodiversidade não é uma constante e que, pelo contrário, varia dramaticamente em escalas de dezenas de milhões de anos, com o surgimento de novas espécies e a extinção de outras.

O que não se sabia até agora é o que causa estas mudanças e se há algum mecanismo que as provoca ou se cada evento é único e tem uma causa diferente.

Para responder a esta dúvida, a equipa fez uma grande análise a várias bases de dados geológicas dos últimos 250 milhões de anos e combinou os dados com simulações de computador e modelos criados pelo software de visualização tectónica GPlates.

O afastamento das placas tectónicas, que estica o fundo do mar, e a criação de zonas de subducção causam variações no nível do mar ao longo de períodos de tempo bastante prolongados.

As simulações notaram um ciclo de 36 milhões de anos na diversidade da vida marinha e descobriram uma correlação com o ciclo de movimentos das placas tectónicas.

 

in ZAP

sábado, março 30, 2024

Ligar a tectónica de placas com a mineralogia...

A evolução dos continentes está escrita em pequenos diamantes com milhões de anos

 

 

 

Os diamantes superprofundos com pelo menos 450 milhões de anos foram descobertos em minas no Brasil e na África Ocidental.

 

Foram reveladas novas informações sobre a evolução e movimentação de continentes ao longo da história da Terra através da análise de diamantes antigos e extremamente profundos, encontrados em minas no Brasil e na África Ocidental.

Os diamantes forneceram dados cruciais sobre a formação, estabilização e deslocamento de Gondwana, um dos mais notáveis supercontinentes antigos. A descoberta foi explicada num estudo publicado na Nature.

A Gondwana existiu entre o período Neoproterozóico e o Cenozóico e incluía as massas terrestres que agora compõem a América do Sul, África, Antártica, Índia, Austrália e a Península Arábica. Estes diamantes “superprofundos” foram formados há entre 650 e 450 milhões de anos, no alicerce deste supercontinente.

Segundo Karen Smit, que fez parte do estudo, os diamantes são um dos raros minerais resistentes o suficiente para sobreviver e testemunhar o ciclo dos supercontinentes, um processo que envolve a construção e dissolução recorrente de supercontinentes ao longo de centenas de milhões de anos.

Combinando modelos atuais de tectónica de placas com análises geoquímicas e datação dos diamantes, a equipa de investigação determinou que os materiais se formaram em níveis extremamente profundos sob Gondwana, precisamente quando o supercontinente cobria o Polo Sul.

Os diamantes viajaram tanto vertical quanto horizontalmente dentro da Terra e as suas histórias complexas podem ser usadas para rastrear tanto as origens do supercontinente como as últimas etapas da sua evolução, escreve o Interesting Engineering.

Curiosamente, as rochas que contêm os diamantes foram adicionadas à base de Gondwana, sugerindo que o supercontinente “cresceu” a partir de baixo. Eram necessários eventos vulcânicos violentos para transportar estes diamantes para a superfície da Terra, ocorridos há cerca de 90 milhões de anos, trazendo consigo segredos sobre como Gondwana se pode ter formado.

“Esta pesquisa dá-nos uma visão sobre como os continentes se formam, e está ligada a como a vida evoluiu e o que torna o nosso planeta Terra diferente de outros planetas”, concluiu Smit, que está atualmente a criar um novo laboratório de isótopos na Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, para futuras análises de inclusões de diamante.

Este estudo representa um avanço significativo na nossa compreensão de como os supercontinentes, e por extensão, os continentes, se formam e evoluem, dando pistas sobre um período crítico da história geológica da Terra.

 

in ZAP

segunda-feira, março 25, 2024

O novo continente meio submerso, a Zelândia, começa a revelar os seus segredos...

Primeiro ‘continente’ a ser completamente cartografado. Zelândia revela segredos antigos

 

 

A Zelândia, formalmente reconhecida, em 2017, como continente e está quase submersa. Porém, agora está a ressurgir, pelo menos, quanto à investigação, tornando-se, por isso, no primeiro continente a ser completamente cartografado e revelando alguns novos segredos.

Criar um mapa completo de continente, por si só, já é difícil. Todos os continentes da Terra têm partes submersas difíceis de explorar, o que significa que os mapas geológicos da superfície do planeta são um pouco ‘deficientes’.

Com 95% da Zelândia submersa, este é assim o continente mais difícil de cartografar. Mas esta informação não desanimou os investigadores.

Segundo o IFL Science, com base num artigo publicado em 2019, uma equipa internacional de cientistas concluiu o mapeamento do continente de 5 milhões de quilómetros quadrados.

“Acreditamos que a Zelândia é o primeiro dos continentes da Terra a ter o seu subsolo, bacias sedimentares e rochas vulcânicas totalmente mapeadas até a fronteira continente-oceano”, disse a equipa.

As investigações anteriores identificaram que a crosta da Zelândia é mais fina do que a crosta da maioria dos outros continentes, mas o que causou o processo de afinamento não era claro.

Utilizando sondagens magnéticas, o novo estudo, publicado na revista Tectonics,  descobriu uma causa potencialmente explosiva, nomeadamente rochas de lava basáltica que indicavam que existia uma região vulcânica gigante.

Pensa-se que esta região se tenha inflamado entre 100 e 60 milhões de anos - exatamente na altura em que a Zelândia se separou do Gondwana.

“Durante este período de, pelo menos, 40 milhões de anos, o magma derretido saiu de fendas e fissuras à medida que o continente se esticava e afinava como massa de pizza“, explicou Nick Mortimer, o autor principal.

Wanda Stratfor, coautora, acrescentou que “até agora, o papel do magma na desagregação do Gondwana tem sido subestimado. Agora podemos ver que estas lavas cobrem uma área de 250.000 km2 em todo o continente - aproximadamente o tamanho da própria Nova Zelândia“.

Através da datação e análise química, o mapa completo também revelou uma imagem completa de outra parte fundamental da história da Zelândia - a sua espinha dorsal de granito com 4.000 quilómetros de comprimentos - chamada de Batólito Mediano. Acredita-se que a faixa transcontinental de granito tenha entre 250 e 100 milhões de anos.

Quanto ao que se segue para a Zelândia, Mortimer tem algumas ideias. “Embora o continente seja o primeiro a ser completamente cartografado até às suas margens submarinas, ainda há muito por explorar e descobrir. Não só o ‘onde’, mas também ‘quando’, ‘como’ e ‘porque’ ocorreram os principais eventos geológicos que moldaram o nosso continente”.

 

in ZAP

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

A tectónica de placas explicada suavemente - versão Atlântico...

O Atlântico está a aumentar 4 centímetros por ano. Os cientistas descobriram porquê

 

 

Crista Média-Atlântica, a laranja escuro, captada pelo Earth Observatory da NASA

 

Há décadas que a expansão do Atlântico desorienta os cientista, uma vez que este oceano não tem o tipo de densas placas tectónicas em movimento que marcam o fundo do Pacífico.

De acordo com um estudo publicado em 2021 na revista Nature, esta expansão está relacionada com a Crista Média Atlântica (CMA), cadeia de montanhas submarinas localizada a meio do oceano.

Nesta formação, concluiu o estudo, material anormalmente quente do núcleo da Terra, a cerca de 660 quilómetros abaixo da superfície, está a subir, empurrando as placas tectónicas e afastando-as.

A crosta terrestre está fragmentada em placas tectónicas que se encaixam como um puzzle. A CMA separa a placa da América do Norte da placa da Eurásia, e a placa da América do Sul da placa Africana.

Estas placas interagem - movendo-se juntas, afastadas, ou deslizando umas sob as outras -  originando vários fenómenos geológicos, como as erupções de vulcões e expansão do fundo do mar.

Anteriormente, pensava-se que o material que aflora sob fronteiras tectónicas como a CMA tinha origem perto da superfície da Terra.

No entanto, o estudo descobriu que a CMA é um ponto quente de convecção, onde magma e rocha das profundezas do manto podem chegar à superfície.

Esta descoberta ajudou a resolver o enigma: por que motivo as placas que circundam o Oceano Atlântico se movem sem que a força da gravidade esteja a puxar partes mais densas das placas para o interior da Terra.

Os investigadores colocaram 39 sismómetros debaixo de água para medir a atividade geológica, e observaram que, inesperadamente, as temperaturas na zona de transição do manto eram mais altas do que o esperado sob a CMA, permitindo que o material subisse mais facilmente.

“Este resultado emocionante foi completamente inesperado”, disse o geólogo Matthew Aguis, investigador da Universidade de Southampton e corresponding author do estudo, citado pelo Insider.

Segundo a geofísica Catherine Rychert, também investigadora da Universidade de Southampton, este processo começou há 200 milhões de anos.

A taxa de expansão pode mudar ao longo de milhões de anos, mas, diz a cientista, é de esperar que permaneça a mesma - cerca de 3.8 centímetros por ano - durante toda a nossa vida.

 

in ZAP

sábado, fevereiro 17, 2024

Notícia sobre tectónica portuguesa...

 


Primeiros sinais da morte do Atlântico captados por geólogos portugueses

 

Novo estudo com portugueses sugere que a zona de subducção que consome o Mediterrâneo está a caminho do Atlântico para o engolir. É “como uma infeção” que vai invadir o oceano em 20 milhões de anos. 

Pode ser o início da morte do oceano Atlântico. Uma zona de subducção atualmente situada abaixo do estreito de Gibraltar, em que uma placa tectónica mergulha debaixo de outra em direção ao manto da Terra, parece estar a propagar-se muito lentamente a caminho do Atlântico e pode culminar, após um “período de dormência”, na formação de um anel de fogo que acabará por engolir o oceano, condenando-o ao desaparecimento.


in Público

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

O vulcão Mayon matou mais de mil pessoas há 210 anos

Fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.
  
Principais vulcões filipinos
    
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.
   
Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984
        

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Como será o mapa da Terra daqui a alguns milhões de anos - novo estudo...

Nova Pangea: Assim será o mapa da Terra daqui a 250 milhões de anos

 

Nova Pangea: o mapa da Terra daqui a 250 milhões de anos

 

As placas tectónicas são muito “inquietas”, o que leva a Terra a estar em constante transformação. Uma projeção que circula no Reddit mostra como poderá ser o novo supercontinente, daqui a 250 milhões de anos. 

“Pangea Próxima” – é assim que o geólogo norte-americano Christopher Scotese nomeia o supercontinente que se deverá formar daqui a 250 milhões.

O nome faz alusão ao último supercontinente conhecido. A Pangea formou-se há, aproximadamente, 335 milhões de anos e começou a dividir-se entre 175 a 200 milhões de anos atrás, originando, de forma gradual, a configuração atual dos continentes.

O movimento de junção e separação dos pedaços de terra do nosso planeta já ocorreu várias vezes ao longo da história. De acordo com o El Confidencial, as massas terrestres juntam-se a cada 400 ou 500 milhões de anos.

Recentemente, viralizou no Reddit um mapa que mostra como poderia ser a Pangea Próxima.

No novo supercontinente, a maioria das atuais massas terrestres ficaria unidas e Portugal seria o ponto mais a norte do planeta. No centro ficaria o Mar Índico – uma transformação daquilo que é hoje o Oceano Índico.

Não é a primeira vez que Portugal aparece representado “no polo norte” de um mapa do mundo: em diferentes representações alternativas do mapamundi,  o nosso país abandona a centralidade que tem na familiar Projeção de Mercator, e é apresentado no extremo norte do planeta.

Mas esta é a primeira representação em que essa nova posição é conseguida através da deriva de massas continentais ao longo de milhões de anos.

É impossível prever todos os detalhes de como a Terra irá evoluir, mas este tipo de projeções oferecem uma visão fascinante do que poderá a acontecer (quando, provavelmente, já não estiver aqui a ninguém para ver).

Um vídeo partilhado há nove meses no Youtube elucida como seria a evolução da massa terrestre desde “agora” até à formação da Pangea Próxima.

 

    

in ZAP

sábado, janeiro 06, 2024

A teoria da Deriva dos Continentes faz hoje 112 anos

 
Faz hoje, 6 de janeiro, exatamente 112 anos que o geofísico alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) apresentou, numa reunião da Associação Geológica Alemã, ocorrida no Museu Senckenberg, em Frankfurt, a sua teoria da deriva continental e a sua ideia da existência em eras geológicas muito recuadas de um supercontinente, a que chamou “pangea” (a partir do grego pan + gea, que significa “toda a terra”) rodeado por um único oceano, designado por "pantalassa" (do grego, pan + talasso, que significa "todos os mares").
 
 
O seu livro “A Origem dos Continentes e Oceanos” foi publicado em 1915. Mas foi com a terceira edição em 1922, traduzida em várias línguas, que as suas ideias sobre a evolução da crusta continental e oceânica ficaram melhor conhecidas. A sua obra é a rocha fundadora da tectónica de placas, que só viria a ser confirmada e melhor compreendida depois de detetada a expansão do fundo dos oceanos na década de 60.
  
 
O impacto das ideias de Wegener, que se vieram a confirmar experimentalmente cinco décadas após a sua formulação, com a mudança de paradigma que elas produziram, é comparável na Geologia à revolução que a teoria heliocêntrica de Copérnico causou na Astronomia no século XVI.
 
in De Rerum Natura - post de António Piedade

domingo, novembro 19, 2023

A tectónica de placas mata...

Um novo “supercontinente” pode dizimar todos os mamíferos (incluindo os humanos)

   

 

  

Os mamíferos existem em quase todos os principais habitats terrestres, pelo que é difícil imaginar um mundo sem a sua presença. Contudo, um novo estudo prevê que a formação de um novo “supercontinente” vai acabar por determinar o fim da vida na Terra.

A nova investigação, levada a cabo por cientistas da Universidade de Bristol, concluiu que a formação de um novo “supercontinente” poderá extinguir todos os mamíferos (incluindo os seres humanos) dentro de 250 milhões de anos.

“A formação e a decomposição da Pangeia Ultima [nome dado ao potencial supercontinente] limitarão e acabarão com a habitabilidade dos mamíferos terrestres na Terra, ao excederem as suas tolerâncias térmicas milhares de milhões de anos mais cedo do que se supunha”, escreveram os investigadores, citados pelo Science Alert.

Os especialistas sabem muito pouco sobre o que acontece ao clima do planeta quando os seus continentes se agregam numa grande massa de terra. Por esse motivo, nesta investigação, basearam-se no último supercontinente da Terra, a Pangeia, que surgiu há 310 milhões de anos, para prever o que acontecerá durante a formação do próximo supercontinente.

Os resultados sugerem que o clima irá tornar-se insuportavelmente quente: o Sol irá emitir cerca de 2,5% mais radiação e a formação do supercontinente alterará drasticamente o sistema climático global, podendo secar grandes extensões de terra e reter mais dióxido de carbono na atmosfera.

Durante o período da primeira Pangeia, os níveis de dióxido de carbono atmosférico subiram de cerca de 200 partes por milhão para 2.100 ppm, um fenómeno que originou temperaturas extremas cerca de 10°C superiores à média global atual.

Sendo que os atuais níveis de dióxido de carbono atmosférico situam-se em cerca de 416 ppm em relação aos níveis pré-industriais, no futuro, se o dióxido de carbono atmosférico voltar a ultrapassar os 560 ppm, mesmo que seja apenas durante um século, poderá provocar um fenómeno de extinção em massa.

Os modelos sugerem que é provável que tal aconteça quando a Pangea Ultima se formar, uma vez que as placas tectónicas criam feedbacks climáticos e sistemas meteorológicos alterados. Ou seja, se for transportada menos água doce para as regiões do interior, por exemplo, as florestas poderão secar e os depósitos de carbono do interior poderão transformar-se em torneiras de carbono.

No pior cenário, os investigadores preveem que a Pangea Ultima poderá originar uma temperatura média mensal de 46,5°C. Tendo em conta o stress térmico dos mamíferos, estas temperaturas serão provavelmente proibitivas para a grande maioria das espécies conhecidas.

“Embora não possamos descartar a adaptação evolutiva ao stress do calor e do frio, estudos recentes mostraram que os limites superiores de termotolerância dos mamíferos são conservados ao longo do tempo geológico e não aumentaram durante os eventos de aquecimento rápidos ou mais lentos do passado”, lê-se no estudo.

No fundo, e tendo em conta este contexto histórico, há poucas hipóteses de os mamíferos evoluírem suficientemente depressa para fazer face ao próximo supercontinente da Terra.

O artigo científico foi recentemente publicado na revista Nature Geoscience.

 

in ZAP

quinta-feira, novembro 09, 2023

Notícia sobre os melhores amigos das mulheres...

Cientistas descobrem como os diamantes chegam à superfície (e onde os podemos encontrar)

 

 

“Um diamante é para sempre.” Este slogan icónico, cunhado para uma campanha publicitária altamente bem-sucedida na década de 40, vendeu estas pedras como um símbolo de compromisso eterno e unidade.

Mas uma nova pesquisa publicada na Nature, sugere que os diamantes também podem ser um sinal de separação – das placas tectónicas da Terra, isto é. E pode até dar pistas sobre onde é melhor procurá-los.

Os diamantes, sendo as pedras naturais mais duras, requerem pressões e temperaturas intensas para se formarem. Essas condições são alcançadas apenas profundamente na Terra. Então, como é que eles chegam até à superfície?

Os diamantes são transportados em rochas fundidas, ou magmas, chamados quimberlitos. Até agora, não sabíamos que processo fazia com que os quimberlitos disparassem repentinamente através da crosta terrestre, após milhões, ou mesmo milhares de milhões, de anos escondidos sob os continentes.

  

A maioria dos geólogos concorda que as erupções explosivas que libertam diamantes acontecem em sincronia com o ciclo de supercontinentes: um padrão recorrente de formação e fragmentação de massas de terra que tem definido milhares de milhões de anos da história da Terra.

No entanto, os mecanismos exatos subjacentes a esta relação são debatidos. Surgiram duas teorias principais.

Uma propõe que os magmas quimberlíticos exploram as “feridas” criadas quando a crosta terrestre é esticada ou quando as placas tectónicas se separam. A outra teoria envolve plumas mantélicas, que são colossais ascensões de rocha fundida a partir da fronteira entre o núcleo e o manto, localizadas a cerca de 2900 km de profundidade.

Ambas as ideias, no entanto, não estão isentas de problemas. Em primeiro lugar, a parte principal da placa tectónica, conhecida como litosfera, é incrivelmente forte e estável. Isto dificulta a penetração das fraturas, que permitem que o magma escoe.

Além disso, muitos quimberlitos não têm os “sabores” químicos que esperaríamos encontrar em rochas derivadas de plumas mantélicas.

Em contraste, pensa-se que a formação de quimberlitos envolve graus extremamente baixos de fusão de rochas mantélicas, muitas vezes menos de 1%. Então, é necessário outro mecanismo. O novo estudo oferece uma possível resolução para este enigma de longa data.

Os autores usaram análises estatísticas, com a ajuda da inteligência artificial (IA) – para examinar forensemente a ligação entre a separação continental e o vulcanismo quimberlítico. Os resultados globais mostraram que as erupções da maioria dos vulcões qimberlíticos ocorreram entre 20 e 30 milhões de anos após a separação tectónica dos continentes da Terra.

Além disso, o estudo regional que visou o os três continentes onde estão a maioria dos quimberlitos – África, América do Sul e América do Norte – apoiou esta descoberta e acrescentou uma grande pista: as erupções de quimberlitos tendem a migrar gradualmente das extremidades continentais para os interiores ao longo do tempo, a uma taxa que é uniforme nos continentes.

Isso levanta a questão: que processo geológico poderia explicar estes padrões? Para responder a essa questão, os cientistas usaram vários modelos de computador para capturar o comportamento complexo dos continentes.

 

Efeito dominó

Os autores sugerem que um efeito dominó pode explicar como a separação dos continentes acaba por levar à formação de magma quimberlítico. Durante a separação, uma pequena região da raiz continental – áreas de rocha espessa localizadas sob alguns continentes – é perturbada e afunda no manto subjacente.

Aqui, há um afundamento de material mais frio e a ascensão do manto quente, causando um processo chamado convecção orientada pelo limite. Os modelos mostram que essa convecção desencadeia padrões de fluxo semelhantes que migram sob o continente próximo.

Os modelos mostram que, enquanto varrem ao longo da raiz continental, estes fluxos disruptivos removem uma quantidade substancial de rocha, com dezenas de quilómetros de espessura, da base da placa continental.

Vários outros resultados dos modelos de computador mostram que este processo pode reunir os ingredientes necessários nas quantidades certas para provocar apenas a fusão suficiente para gerar quimberlitos ricos em gás. Uma vez formados, e com grande flutuabilidade fornecida pelo dióxido de carbono e água, o magma pode subir rapidamente à superfície.

 

Encontrar novos depósitos de diamantes

Este modelo não contradiz a associação espacial entre quimberlitos e plumas mantélicas. Pelo contrário, a separação das placas tectónicas pode ou não resultar do aquecimento, afinamento e enfraquecimento da placa causados pelas plumas.

No entanto, a pesquisa mostra claramente que os padrões espaciais, temporais e químicos observados na maioria das regiões ricas em kimberlitos não podem ser adequadamente explicados apenas pela presença de plumas.

Os processos que desencadeiam as erupções que trazem diamantes à superfície parecem ser altamente sistemáticos. Eles começam nos limites dos continentes e migram para o interior a uma taxa relativamente uniforme.

Essa informação pode ser usada para identificar os possíveis locais e momentos de erupções vulcânicas passadas ligadas a este processo, dando pistas que poderiam permitir a descoberta de depósitos de diamantes e outros elementos raros necessários para a transição para as energias verdes.

 

in ZAP

sábado, novembro 04, 2023

A tectónica de placas a condicionar a evolução biológica e a distribuição geográficas dos seres vivos...

Uma barreira invisível na Indonésia separa dois mundos. Já sabemos porquê

 

  

A Linha de Wallace, que divide o Arquipélago Malaio em duas zonas biogeográficas, terá sido criada após uma colisão continental há 35 milhões de anos ter desencadeado alterações climáticas extremas.

Era um enigma científico que persistia há mais de 160 anos. A Linha de Wallace, que tem tanto de imaginária como de real, foi inicialmente descoberta em 1863 pelo explorador britânico Alfred Russel Wallace, que notou que o Arquipélago Malaio podia ser dividido em duas partes biogeográficas, dadas as enormes diferenças nas espécies encontradas em cada uma das regiões.

Durante mais de um século, os cientistas não conseguiram explicar a causa de uma diferença tão grande na fauna nesta região. Mas um novo estudo publicado na Science pode ter finalmente solucionado este mistério.

De acordo com os autores, estas mudanças no clima terão sido causadas pela atividade das placas tectónicas há cerca de 35 milhões de anos, quando a Austrália se separou da Antártida e colidiu com a Ásia, formando o Arquipélago Malaio.

Os cientistas chegaram a esta conclusão com a ajuda de um modelo computacional que simulou como os animais foram afetados pelas alterações climáticas desencadeadas por esta colisão continental. Os resultados mostraram que as espécies asiáticas estavam muito melhor adaptadas para viver no arquipélago malaio naquela época, relata o Live Science.

As principais alterações climáticas foram causadas não pelo movimento dos continentes em si, mas pela forma como isso afetou os oceanos. A separação da Austrália da Antártida abriu uma área de oceano profundo que atualmente aloja a Corrente Circumpolar Antártica (ACC), a maior corrente oceânica do mundo, alterando drasticamente o clima do planeta e tornando-o muito mais frio.

Este arrefecimento não afetou todas as espécies de igual forma. O clima no sudeste da Ásia e no recém-formado arquipélago malaio continuou muito mais quente e húmido do que na Austrália, que se tornou fria e seca.

Como resultado, as criaturas da Ásia estavam bem adaptadas para viver nas ilhas malaias e usaram-nas como “pedras de passagem” para se deslocarem em direção à Austrália. Por outro lado, as espécies australianas, que evoluíram num clima mais frio e seco, tiveram menos sucesso na expansão para as ilhas tropicais.

Os autores esperam que o modelo possa ser usado para prever como as alterações climáticas modernas afetarão as espécies vivas, ajudando a prever quais as espécies que poderão ser mais capazes de se adaptar aos novos ambientes.

 

in ZAP

quinta-feira, novembro 02, 2023

Notícia interessante sobre a idade das primeiras placas tectónicas terrestres

 Placas tectónicas podem ter surgido há 3,6 mil milhões de anos

 

Visão microscópica de um pedaço de uma rocha das Jack Hills, na Austrália Ocidental

 

As placas tectónicas podem ter surgido há 3,6 mil milhões de anos, de acordo com um novo estudo sobre alguns dos cristais mais antigos da Terra.

Em comunicado, os cientistas responsáveis por esta nova investigação explicam que foi possível descobrir a data de formação das placas tectónicas ao analisar cristais de zircão provenientes de Jack Hills, uma série de colinas na Austrália Ocidental.

Alguns dos zircões têm 4,3 mil milhões de anos, o que significa que existiam quando a Terra tinha apenas 200 milhões de anos. Os investigadores usaram estes minerais, bem como uns mais jovens (com três mil milhões de anos), para explorar o passado do planeta.

A equipa explica que testou mais de 3500 zircões, medindo a sua composição química com um espectrómetro de massa, o que revelou a idade de cada um. Destes milhares, apenas 200 encaixavam nos objetivos do estudo, ou seja, foram os que mantiveram as suas propriedades químicas de há muitos milhões de anos.

Na mesma nota, os cientistas referem que a idade de um zircão pode ser determinada com um alto grau de precisão porque contém urânio. É a sua natureza radioativa e a sua taxa de decomposição que lhes permite quantificar a idade de cada mineral.

Depois da análise, a equipa descobriu também um aumento acentuado nas concentrações de alumínio, há cerca de 3,6 mil milhões de anos.

“Esta mudança de composição provavelmente marca o início das placas tectónicas modernas e pode potencialmente sinalizar o aparecimento de vida na Terra”, declara Michael Ackerson, geólogo do Museu Nacional de História Natural, em Washington, e líder da investigação.

“Mas ainda temos de fazer muitas mais pesquisas para determinar as conexões dessa mudança geológica com as origens da vida”, acrescenta o investigador, cujo estudo foi publicado, a 14 de maio, na revista científica Geochemical Perspective Letters.

Os investigadores associaram os zircões com alto teor de alumínio ao início das placas tectónicas porque uma das formas como esses zircões únicos se formam é quando as rochas nas profundezas derretem.

“É realmente difícil transformar alumínio em zircões por causa das suas ligações químicas”, explica Ackerson, acrescentando que “é preciso haver condições geológicas bastante extremas”.

O investigador defende que este sinal de que as rochas estavam a ser derretidas mais profundamente, abaixo da superfície da Terra, significa que a crosta do planeta estava a ficar mais espessa e a começar a arrefecer, sendo um sinal de que estava a fazer-se a transição para as placas tectónicas modernas.

Agora, a equipa espera poder estudar outras formações rochosas tão antigas como esta para ver se também mostram estes sinais de espessamento da crosta terrestre, há cerca de 3,6 mil milhões de anos.

 

in ZAP

quarta-feira, novembro 01, 2023

A tectónica de placas em notícia...

Nove em cada dez terramotos acontece no Anel de Fogo do Pacífico. Porquê?

 

 

Anel de Fogo do Pacífico

 

A maior parte dos terramotos e erupções vulcânica do nosso planeta dão-se no Anel de Fogo do Pacífico. A culpa é das placas tectónicas.

A maior parte dos vulcões e terramotos da Terra acontecem em regiões que circundam o Oceano Pacífico.

Vulgarmente designado como Anel de Fogo, esta região do globo que começa a sul do continente americano e termina na Nova Zelândia, depois de uma volta circular, onde passa pela América do Norte, Rússia, Japão, ilhas indonésias…

Todo esse percurso – 40 mil quilómetros de comprimento – é marcado por locais vulcânicos e sismicamente ativos.

De acordo com o EarthSky, nos últimos 12 mil anos, os geólogos encontraram evidências de quase 1000 vulcões pré-históricos ativos ao longo do Círculo de Fogo.

90% dos sismos ocorrem no Anel de Fogo do Pacífico, e é lá que estão localizados 80% dos vulcões de todo o Mundo.

 

 

Há uma explicação…

A maioria dos fenómenos sísmicos e vulcânicos ocorrem, onde há fronteiras de placas tectónicas.

As placas tectónicas são uma parte vital da evolução da Terra, com a crosta e o manto superior a formarem a litosfera: fragmentada numa série de placas.

Estas placas colidem, dispersam-se, sobem e subduzem, criando diversas características geológicas à superfície.

No Anel de Fogo do Pacífico o que acontece é a interação de várias placas tectónicas, em zonas de subducção.

Quando isso ocorre, a placa mais pesada afunda por baixo da placa mais leve e derrete no manto fundido da Terra.

Algumas dessas zonas de subducção encontram-se também nas partes mais profundas do oceano, como explica o EarthSky.

 

 

Quando a tensão/energia acumulada de uma placa deformada se liberta subitamente, ocorrem abalos sísmicos.

Consequentemente, nalguns locais, a rocha fundida consegue infiltrar-se através da crosta e geram-se vulcões.

A maior parte das atividades sísmicas acontecem no fundo dos oceanos.

 

in ZAP

sábado, agosto 26, 2023

Mais uma descoberta sobre evolução das borboletas

Como surgiram as borboletas? Mistério com cem milhões de anos foi resolvido

   

 

  

A pesquisa descobriu que as borboletas apareceram inicialmente na América do Norte e na América Central

Um novo estudo publicado na Nature Ecology & Evolution resolveu o mistério sobre onde apareceram as primeira borboletas e as plantas com que se alimentavam.

Há cerca de 100 milhões de anos, um grupo de traças começou a aventurar-se durante o dia, aproveitando as flores abundantes em néctar que apareceram nas imediações das abelhas. Esta situação originou a evolução de todas as espécies de borboletas, escreve o SciTech Daily.

Desde 2019, análises ao ADN indicaram a altura precisa em que esta mudança aconteceu, desmentindo a teoria anterior que sugeria que o aparecimento das borboletas teria sido causado pela pressão dos morcegos, após a extinção dos dinossauros.

Agora, também já sabemos onde as borboletas apareceram e o que comiam, graças à maior árvore da vida das borboletas do mundo, que foi criada com o ADN de mais de 2000 espécies. Foi com estes dados que os investigadores conseguiram acompanhar os movimentos e hábitos alimentares das borboletas ao longo do tempo num puzzle de quatro dimensões, até chegarem à América do Norte e Central.

“Este era um sonho de infância meu. É algo que eu queria fazer desde que visitei o Museu Americano de História Natural quando era criança e vi uma foto da filogenia de uma borboleta colada na porta de um curador. É também o estudo mais difícil do qual já participei e exigiu um esforço enorme de pessoas de todo o mundo para ser concluído”, explica Akito Kawahara, autor principal do estudo.

Há cerca de 19 mil espécies de borboletas e, antes deste estudo, não existia um sítio único onde os cientistas podiam aceder a informações sobre todas elas. Para combater isto, os cientistas decidiram criar a sua própria base de dados pública, após traduzirem informações de livros, sites e coleções de museus em várias línguas.

A pesquisa recorreu ainda a 11 fósseis de borboletas, que raramente são preservadas no registo fóssil. Os resultados mostram que as borboletas apareceram pela primeira vez na América Central e no oeste da América do Norte. Na altura, a América da Norte e do Sul estavam separadas por uma extensa via marítima, com o atual México unidos aos Estados Unidos, Canadá e Rússia.

Apesar de a América do Norte ainda estar ligada à do Sul, as borboletas tiveram pouca dificuldade em cruzar o estreito entre elas. No entanto, a chegada a África foi bastante mais demorada, mesmo com a proximidade à América do Sul. As borboletas foram primeiro para a Ásia, estendendo-se para o sudeste asiático, o Médio Oriente e só depois chegaram ao corno de África. Chegaram depois à Índia, que na altura era uma ilha isolada.

A sua chegada à Austrália foi ainda mais surpreendente, que na altura ainda estava ligada à Antártida. É possível que as borboletas tenham vivido na Antártida quando as temperaturas eram mais quentes, tendo a partir daí chegado à Austrália.

Já a migração para a Europa só deverá ter acontecido 45 milhões de anos depois de as borboletas chegarem à Ásia ocidental. Até aos dias de hoje, a Europa tem poucas borboletas em comparação com outras partes do mundo.

Relativamente à sua planta de eleição, a escolha parece ter sido a planta do feijão. “Observamos essa associação numa escala de tempo evolutiva e, em praticamente todas as famílias de borboletas, os feijões tornaram-se os hospedeiros ancestrais”, remata Kawahara.

 

in ZAP

quarta-feira, agosto 02, 2023

Notícia sobre tectónica de placas...

Uma fuga no fundo do oceano está a intrigar (e a preocupar) os cientistas

 


A perda do fluído em causa poderia fazer com que as placas tectónicas sob o oceano e as placas tectónicas sob os Estados Unidos continental se fechassem, criando stress.

Os cientistas descobriram um fenómeno que está a ocupá-los e a fazê-los perder algumas horas de sono. Trata-se de uma misteriosa fuga no oceano. Ao contrário do que seria de esperar, não é infiltração de água (em direção à crosta da Terra). Em vez disso, há um líquido que sai para o Oceano Pacífico, perto da Zona de Subducção de Cascadia. O estudo está a ser feito pela Universidade de Washington.

Segundo o Tech Explorist, fuga foi inicialmente descoberta em 2015 e chamava-se Pythia’s Oasis. A partir das observações originais da fuga, no fundo do oceano, sugeriram que era diferente de qualquer outra que já tinha sido descoberta antes.

 No entanto, um novo artigo publicado na revista Science Advances sugere que o líquido expelido através da fuga poderia na realidade ser um tipo de lubrificante tectónico. Além disso, a fuga deste líquido para o oceano poderia significar um verdadeiro desastre para a falha da Zona de Subducção de Cascadia.

Quando os investigadores descobriram a fuga pela primeira vez, estava quase 16 graus mais quente do que a água que o rodeava. Com base em novos cálculos, acredita-se que a água que se infiltra através da fuga no oceano pode ter origem a vir do megafluxo de Cascadia, onde as temperaturas variam entre os 300 e 500 graus Fahrenheit.

Mas porque é que isso importa? Bem, a perda do fluido poderia diminuir a pressão do líquido que se encontra entre as partículas do sedimento. Esta pressão reduzida poderia consequentemente originar uma fricção entre as placas tectónicas oceânicas e continentais.

Simplificando, poderia fazer com que as placas tectónicas sob o oceano e as placas tectónicas sob os Estados Unidos continental se fechassem, criando stress que poderia eventualmente resultar em terramotos. Embora esta seja a primeira fuga do género detetada no oceano, os investigadores dizem que podem existir outras, possivelmente nas proximidades.

A Zona de Subducção de Cascadia está associada a um dos maiores terramotos que o mundo já sofreu, razão pela qual os cientistas estão preocupados com a fuga e com o que ela poderá significar para o megafluxo encontrado nesta área.

A esperança é que esta fuga nos possa a ajudar a aprender mais sobre a atividade da tectónica de placas, um campo de estudo que é ainda bastante novo para os investigadores. É também uma lembrança aterradora do quanto estamos à mercê das placas em movimento sob os nossos pés e das consequências dos seus movimentos.

 

in ZAP

sexta-feira, julho 28, 2023

Notícia interessante sobre tectónica e sismologia portuguesas...

Placas tectónicas a “escamar” podem explicar mistério de terramotos em Portugal

 

Epicentro do terramoto de 1969

 

Investigadores suspeitam que o “descasque” de uma placa tectónica possa ter estado na origem dos terramotos de 1755 e 1969 que fustigaram Lisboa.

Sempre que um terramoto de magnitudes mais significativas acontece (como o que fustigou a Turquia e a Síria, no início de fevereiro), a possibilidade de um evento semelhante acontecer em Portugal é abordada pelos meios de comunicação.

Os especialistas são unânimes nos contributos, devido à sua localização, o país (sobretudo a zona sul) está particularmente exposto a um sismo de grandes dimensões. Já aconteceu no passado, não há motivo para acreditar que não se vai repetir.

Os especialistas têm estado atentos, pelo que já notaram um fenómeno estranho que está a acontecer ao largo da costa portuguesa, mas nas profundezas do oceano Atlântico. Uma placa tectónica está a descascar, criando uma nova “zona de subducção” que um dia pode vir a tornar-se um foco de atividade sísmica e vulcânica.

A descoberta representa a primeira do seu tipo, pelo menos nesta fase de “descasque”, e está a ser apontada como causa provável para o terramoto de 1755 e para outro de dimensões mais pequenas que se registou em 1969.

Apesar das condições favoráveis, os cientistas nunca conseguiram designar uma causa clara para os dois eventos, lembra João Duarte, geólogo da Universidade de Lisboa, citado pela NBC News.

A crosta terrestre é constituída por várias placas tectónicas, ou seja, placas rochosas de forma irregular que chocam, sobem ou deslizam umas por baixo das outras à medida que se movimentam lenta mas continuamente.

Os sismos, assim como as erupções vulcânicas, tendem a agrupar-se nas zonas de subducção, as quais ocorrem ao longo dos limites entre as placas quando uma é empurrada para baixo de outra.

O terramoto de Lisboa, sentido a 1 de novembro de 1755, atingiu grande parte da cidade, provocou um tsunami e causou até 100.000 mortes.

Na altura, os sismógrafos não existiam, mas os cientistas estimam que foi um sismo de magnitude 8,5 a 8,7. Mais de dois séculos depois, a 28 de fevereiro de 1969, um terramoto de magnitude 7,8 atingiu a mesma área.

Para compreender o que poderia ter estado na origem dos sismos, João Duarte e os seus colegas analisaram dados sísmicos recolhidos em 2007 e 2008 a partir de ferramentas colocados no fundo do mar, os quais foram cruzados com dados de outros dois estudos.

Essas pesquisas detetaram uma estranha região densa a 240 quilómetros abaixo do epicentro do sismo de 1969.

O investigador vê nos dados a prova de que é a prova de que a água do mar está lentamente a infiltrar-se na placa tectónica através de uma série de fissuras, enfraquecendo a sua estrutura geral e fazendo com que a parte inferior da placa se afaste do topo.

O processo pode ter começado há cerca de 10 milhões de anos, apontou, acrescentando que a modelagem por computador confirmou o processo como uma possibilidade provável.

“Por vezes, penso no fenómeno como uma zona de subducção embrionária“, disse Duarte. “Ainda não está totalmente madura, mas as condições estão todas lá”.

 

in ZAP

sábado, julho 15, 2023

Adoro quando Astronomia e Geologia se cruzam...

A Geologia de Vénus é ainda mais bizarra (e fofinha) do que pensávamos

Conceito artístico de atividade vulcânica em Vénus

 

Embora a Terra e Vénus tenham aproximadamente o mesmo tamanho e ambos percam calor aproximadamente com o mesmo ritmo, os mecanismos internos que impulsionam os processos geológicos da Terra diferem do seu vizinho.

São esses processos geológicos venusianos que uma equipa de investigadores liderada pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA e pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia querem estudar mais enquanto discutem os mecanismos de arrefecimento de Vénus e os possíveis processos que o motivam.

Os processos geológicos que ocorrem na Terra são principalmente devido ao facto de nosso planeta ter placas tectónicas que estão em constante movimento a partir do calor que escapa do núcleo do planeta, que então sobe pelo manto até a litosfera, ou a camada rochosa externa rígida.

Vénus, por outro lado, não possui placas tectónicas, o que deixou os cientistas intrigados sobre como o planeta perde calor e remodela a sua superfície.

“Por muito tempo, estivemos presos à ideia de que a litosfera de Vénus é estagnada e espessa, mas a nossa visão agora está a evoluir”, disse a Dra. Suzanne Smrekar, investigadora sénior da NASA JPL e autora principal do estudo.

Para o estudo, os investigadores examinaram imagens de radar da missão Magellan da NASA, tiradas no início dos anos 90, retratando características geológicas quase circulares na superfície de Vénus, conhecidas como coronae.

A razão pela qual as imagens foram tiradas usando um radar é porque a atmosfera de Vénus é tão espessa que as imagens normais obtidas no espectro visual são incapazes de penetrar na atmosfera nublada.

Ao fazer medições de 65 coroas não estudadas anteriormente nas imagens de Magalhães e calcular a espessura da litosfera ao seu redor, os cientistas descobriram que essas coroas se formam e existem onde a litosfera de Vénus é a mais fina.

Usando modelos de computador, descobriram que a litosfera ao redor de cada coroa tem aproximadamente 11 quilómetros de espessura, o que acaba por ser muito mais fino do que o sugerido por estudos anteriores. Os investigadores também sugerem que as coroas podem ser geologicamente ativas, uma vez que essas áreas exibem um fluxo de calor médio maior do que a Terra.

“Embora Vénus não tenha uma atividade tectónica semelhante à da Terra, essas regiões de litosfera fina parecem permitir que quantidades significativas de calor escapem, semelhante a áreas onde novas placas tectónicas se formam no fundo do mar da Terra”, explica o Dr. Smrekar.

É esse maior fluxo de calor que também pode ajudar os cientistas a entender melhor o comportamento da litosfera na Terra antiga.

“O que é interessante é que Vénus fornece uma janela para o passado para nos ajudar a entender melhor como a Terra pode ter sido há mais de 2,5 mil milhões de anos”, disse o Dr. Smrekar, que também é o principal investigador do próximo  VERITAS, que está programado para ser lançado não antes de 2027.

Lançada do space shuttle Atlantis em maio de 1989, a sonda Magalhães chegou a Vénus em agosto de 1990 e é considerada uma das missões espaciais profundas de maior sucesso de todos os tempos.

Apesar disso, os dados têm uma baixa resolução e grandes margens de erro, então o VERTIAS atuará essencialmente como o Magalhães 2.0, produzindo mapas globais tridimensionais de Vénus usando um radar de abertura sintética de última geração, além de aprender mais sobre a composição da superfície com um espectrómetro de infravermelhos próximos.

Mas o exterior de Vénus não será o único local a ser estudado, pois o VERITAS estudará o interior do planeta examinando seu campo gravitacional. Ao todo, o VERITAS irá dar aos cientistas uma imagem maior dos processos geológicos antigos e atuais no nosso misterioso vizinho de tamanho gémeo.

“VERITAS será um geólogo orbital, capaz de identificar onde estão essas áreas ativas e resolver melhor as variações locais na espessura litosférica. Seremos até capazes de capturar a litosfera no ato da deformação”, explica o Dr. Smrekar. “Vamos determinar se o vulcanismo realmente está a tornar a litosfera ‘mole’ o suficiente para perder tanto calor quanto a Terra, ou se Vénus tem mais mistérios guardados.”

Outra missão a Vénus será a missão DAVINCI da NASA, cujo objetivo será a importância de mergulhar na atmosfera venusiana e examinar a sua composição com mais detalhes do que nunca.

Que novas perceções aprenderemos com Vénus e os seus processos geológicos nos próximos anos e décadas? Só o tempo dirá, e é por isso que fazemos ciência!

 

in ZAP

quarta-feira, junho 07, 2023

Um terramoto destruiu a antiga capital da Jamaica há 331 anos

Old map of Port Royal
  
The 1692 Jamaica earthquake struck Port Royal, Jamaica on June 7. A stopped pocket watch found in the harbor in 1969 indicated that it occurred around 11:43 a.m. Port Royal was, at the time, the unofficial capital of Jamaica, and one of the busiest and wealthiest ports in the West Indies. It was known both as the "storehouse and treasury of the West Indies" and "one of the wickedest places on earth", being a common home port for the many privateers and pirates operating within the Caribbean Sea. The earthquake caused most of the city to sink below sea level and about 2,000 people died as a result of the earthquake and the following tsunami. About 3,000 people died in the days following the earthquakes due to injuries and disease.
   
Map of Port Royal showing shorelines before and after the earthquake
      
The island of Jamaica lies on the boundary between the Caribbean Plate and the Gonâve Microplate. The Gonâve microplate is a 1,100 km (680 mi) long strip of mainly oceanic crust formed by the Cayman spreading ridge within a strike-slip pull-apart basin on the northern transform margin of the Caribbean Plate with the North American Plate. Jamaica was formed by uplift associated with a restraining bend along this strike-slip structure. The focal mechanisms of earthquakes around Jamaica are primarily sinistral strike-slip along WSW-ENE trending faults and minor reverse or thrust motion on NW-SE trending faults. The 1692 event is thought to have occurred on one of these strike-slip faults.
  
The Gonâve microplate, showing the main fault zones that bound it
    
in Wikipédia