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sábado, setembro 23, 2023

Ruben A. morreu há 48 anos...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto
   
Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos, português, com o pseudónimo Ruben A.
    

Nasceu a 26 de maio de 1920 na então Praça do Rio de Janeiro (atual Príncipe Real), freguesia das Mercês, em Lisboa. Era o filho mais novo de Ruben da Silva Leitão e Gardina Andresen. Como primos do lado materno contam-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e o arquiteto João Andresen; do lado paterno o pintor Ruy Leitão.

A sua vida estudantil foi atribulada, com várias mudanças de liceu e reprovações. Aos 18 anos, em 1938, vai viajar sozinho a Berlim e Viena, ficando a conhecer a Alemanha de Hitler durante 2 meses.

Preparou-se para entrar no curso de Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, tendo recebido explicações de Agostinho da Silva. Depois de ter sido reprovado na cadeira de Anatomia, desiste e muda-se para Coimbra.

Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas em 1945, onde foi colega do pensador Eduardo Lourenço. Fez uma tese de licenciatura sobre os textos e correspondência inédita do rei D. Pedro V, temática que irá explorar ao longo da sua vida.

Torna-se professor de Francês num liceu. Em setembro de 1947, parte para Inglaterra para ser leitor no departamento de português no King's College de Londres, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.

Foi professor no King's College, em Londres, de 1947 a 1952. Casou-se com Rosemary Bach, aluna do departamento no King's College, que será mãe dos seus 4 filhos: Alexandra, Catarina, Cristóvão e Nicolau.

Em setembro de 1950, investe o dinheiro da herança da venda da quinta do Campo Alegre, no Porto, na construção de uma casa de campo. Escolhe uma terra no Alto Minho, no lugar de Montedor, em Carreço, com o projeto de autoria do seu primo João Andresen.

A sua obra Páginas II escandaliza Salazar, resultando na demissão de Ruben Leitão no lugar de leitor que ocupava em Londres e no seu regresso a Lisboa.

Foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa de 1954 a 1972. Nesta data, foi nomeado administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Foi igualmente diretor-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura. A 9 de julho de 1973, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Nos anos 70, compra um monte perto de Estremoz, o Monte dos Pensamentos.

Divorcia-se de Rosemary e aceita o convite da Universidade de Oxford para ser docente no Saint Antony's College. Três dias depois de chegar a Londres, morre de ataque cardíaco. Foi enterrado, em campa rasa, no cemitério do Carreço; a sua campa tem um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Em 1976, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa alterou a designação da Travessa das Chagas, na freguesia das Mercês, onde tinha nascido Ruben A. e perto da qual, na Rua do Monte Olivete, tinha residência, para Rua Ruben A. Leitão, ficando assim consagrado na toponímia da cidade.

A 23 de setembro de 2020 foi feito Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a título póstumo.

 

 

O Amor é Inevitável

(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor.
  
in Silêncio para 4 - Ruben A.

sexta-feira, maio 26, 2023

Ruben A. nasceu há 103 anos...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto

Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos, português, com o pseudónimo Ruben A.
    

Nasceu a 26 de maio de 1920 na então Praça do Rio de Janeiro (atual Príncipe Real), freguesia das Mercês, em Lisboa. Era o filho mais novo de Ruben da Silva Leitão e Gardina Andresen. Como primos do lado materno contam-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e o arquiteto João Andresen; do lado paterno o pintor Ruy Leitão.

A sua vida estudantil foi atribulada, com várias mudanças de liceu e reprovações. Aos 18 anos, em 1938, vai viajar sozinho a Berlim e Viena, ficando a conhecer a Alemanha de Hitler durante 2 meses.

Preparou-se para entrar no curso de Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, tendo recebido explicações de Agostinho da Silva. Depois de ter sido reprovado na cadeira de Anatomia, desiste e muda-se para Coimbra.

Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas em 1945, onde foi colega do pensador Eduardo Lourenço. Fez uma tese de licenciatura sobre os textos e correspondência inédita do rei D. Pedro V, temática que irá explorar ao longo da sua vida.

Torna-se professor de Francês num liceu. Em setembro de 1947, parte para Inglaterra para ser leitor no departamento de português no King's College de Londres, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.

Foi professor no King's College, em Londres, de 1947 a 1952. Casou-se com Rosemary Bach, aluna do departamento no King's College, que será mãe dos seus 4 filhos: Alexandra, Catarina, Cristóvão e Nicolau.

Em setembro de 1950, investe o dinheiro da herança da venda da quinta do Campo Alegre, no Porto, na construção de uma casa de campo. Escolhe uma terra no Alto Minho, no lugar de Montedor, em Carreço, com o projeto de autoria do seu primo João Andresen.

A sua obra Páginas II escandaliza Salazar, resultando na demissão de Ruben Leitão no lugar de leitorado que ocupava em Londres e no seu regresso a Lisboa.

Foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa de 1954 a 1972. Nesta data, foi nomeado administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Foi igualmente diretor-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura. A 9 de julho de 1973, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Nos anos 70, compra um monte perto de Estremoz, o Monte dos Pensamentos.

Divorcia-se de Rosemary e aceita o convite da Universidade de Oxford para ser docente no Saint Antony's College. Três dias depois de chegar a Londres, morre de ataque cardíaco. Foi enterrado em campa rasa no cemitério do Carreço; a sua campa tem um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Em 1976, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa alterou a designação da Travessa das Chagas, na freguesia das Mercês, onde tinha nascido Ruben A. e perto da qual, na Rua do Monte Olivete, tinha residência, para Rua Ruben A. Leitão, ficando assim consagrado na toponímia da cidade.

A 23 de Setembro de 2020 foi feito Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a título póstumo.

 


O Amor é Inevitável 


(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor.


in 'Silêncio para 4' - Ruben A.

quinta-feira, maio 26, 2022

Ruben A. nasceu há 102 anos...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto

Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos (com o pseudónimo Ruben A.) português.

 


O Amor é Inevitável 


(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor.


in 'Silêncio para 4' - Ruben A.

quarta-feira, maio 26, 2021

Ruben A. nasceu há 101 anos...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto

Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos (com o pseudónimo Ruben A.) português.

 

in Wikipédia

 

Vida Incipiente

 

O facto real da vida é que estamos de novo todos juntos sem se saber como nem porquê, é o imponderável que liga os seres e os deixa andar á deriva como pedaço de cortiça em praia batida pelo norte - o resto, se se quiser analisar, é uma babugem de relações sem eira nem beira ao deslizar da corrente que tanto vem dos outros lados do Atlântico como da disposição em cada um de nós. Os dias foram andando dentro de cada um de nós e na marcha de pormenores domésticos gastámos horas preciosas de nós mesmos. Acerca de comédias fizemos considerações pessoais e quando se tratava de analisar uma tragédia usufruíamos um gozo espiritual de dever cumprido sexualmente. 

Passaram-se anos, também não sei quantos. Houve uns que casaram, outros que ficaram para ornamento ímpar de jantares familiares e ainda outros que se ambulanteiam pelas esquinas do vício à procura de óleo para uma máquina donde se desprendeu já a mola real do entendimento. 

Afinal também não importa que o ritmo das coisas tenha sido o mesmo, se todas as coisas existem para um ritmo que lhes é íntimo à sua própria expressão de coisas. Houve sábados e domingos sextas e quintas segundas e terças e sempre uma quarta-feira a comandar no equilíbrio do princípio e do fim. Com os dedos mataram-se formigas que estavam fáceis ao alcance de um piparote e através das mãos fizemos a construção de novos dias. Cada um de nós teve uma história mais ou menos grande e mais ou menos importante para contar no seu íntimo. Às vezes eu lá encontrava um de nós para logo ter a impressão que se apoderava de todos uma moléstia sentimental de visão acabrunhada e de história em história ou de pieguice para pieguice caminhávamos inúteis no amorfo de abatjours contemplativos.

 

 in Caranguejo, Ruben A.

terça-feira, maio 26, 2020

Ruben A. nasceu há um século...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto

Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos, português, com o pseudónimo Ruben A.

Biografia
Nasceu a 26 de Maio de 1920 na Praça do Rio de Janeiro, no Príncipe Real, em Lisboa. Era o filho mais novo de Ruben da Silva Leitão e Gardina Andresen. Como primos do lado materno contam-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e o arquitecto João Andresen; do lado paterno o pintor Ruy Leitão.
Terminou o liceu com um chumbo. Aos 18 anos, em 1938, vai viajar sozinho a Berlim e Viena, ficando a conhecer a Alemanha de Hitler durante 2 meses.
Preparou-se para entrar no curso de Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, tendo recebido explicações de Agostinho da Silva. Depois de ter chumbado na cadeira de Anatomia, desiste e muda-se para Coimbra.
Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas em 1945, onde foi colega do pensador Eduardo Lourenço. Fez uma tese de licenciatura sobre os textos e correspondência inédita do rei D. Pedro V, temática que irá explorar ao longo da sua vida.
Torna-se professor de Francês num liceu. Em setembro de 1947 parte para Inglaterra para ser leitor no departamento de português no King's College, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.
Foi professor no King's College, em Londres de 1947 a 1952. Casou-se com Rosemary Bach, aluna do departamento no King's College, que será mãe dos seus 4 filhos: Alexandra, Catarina, Cristóvão e Nicolau.
Em setembro de 1950 investe o dinheiro da herança da venda da quinta do Campo Alegre, no Porto, na construção de uma casa de campo. Escolhe uma terra no Alto Minho, Montedor, no Carreço, com o projeto de autoria do seu primo João Andresen.
A sua obra Páginas II é criticada por Salazar e resulta em Ruben A. abandonar o leitorado em Londres e regressar a Lisboa.
Foi funcionário da Embaixada do Brasil, em Lisboa, de 1954 a 1972. Nesta data foi nomeado administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Foi igualmente director-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura.
Nos anos 70 compra um monte perto de Estremoz, o Monte dos Pensamentos.
Divorcia-se de Rosemary e aceita o convite da Universidade de Oxford para ser docente no Saint Anthony's College. Três dias depois de chegar a Londres, morre de ataque cardíaco. Foi enterrado em campa rasa no cemitério do Carreço; a sua campa tem um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
 
Obras
  • Triálogo
  • Júlia
  • Relato 1453
  • D. Pedro V: um homem e um rei (biografia, 1950)
  • Caranguejo (romance, 1954)
  • Cores (contos, 1960)
  • Cartas de D. Pedro V aos seus Contemporâneos (1961)
  • A Torre da Barbela (romance, 1965)
  • O Outro que era Eu (1966)
  • O Mundo à Minha Procura (1964, 1966 e 1968)
  • Páginas (seis diários publicados em 1949, 1950, 1956, 1960, 1967 e 1970)
  • Silêncio para 4 (novela, 1973)
  • Kaos (romance, 1982)