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sábado, abril 06, 2024

Os Presidentes do Ruanda e Burundi foram assassinados há trinta anos...

Juvénal Habyarimana, presidente da República de Ruanda
  
Juvénal Habyarimana (8 de março de 1937 - 6 de abril de 1994) foi o terceiro presidente da República de Ruanda, cargo que ocupou mais tempo do que qualquer outro presidente do país, até ao momento, de 1973 até 1994. Durante o seu mandato de 20 anos, favoreceu o seu próprio grupo étnico, os hutus, e apoiou a maioria hutu no vizinho Burundi contra o governo tutsi. Ele foi apelidado de "Kinani", uma palavra Kinyarwanda que significa "invencível".
Habyarimana foi descrito pelos críticos como um ditador, que citam o facto de ser reeleito por unanimidade, com 98,99% dos votos em 24 de dezembro de 1978, 99,97% dos votos em 19 de dezembro de 1983, e 99,98% dos votos em 19 de dezembro de 1988. Durante o seu governo, Ruanda tornou-se um estado totalitário em que os dirigentes do partido, tendido à extrema-direita, chamado Movimento Republicano Nacional por Democracia e Desenvolvimento, exigiam que as pessoas cantassem e dançassem em bajulação ao presidente em concursos de massas de "animação" política. Embora no país, em geral, a pobreza crescesse um pouco menos durante o mandato de Habyarimana, a grande maioria dos ruandeses permaneceu em situação de extrema pobreza.
Em 6 de abril de 1994 foi morto quando o seu avião, transportando também o presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi derrubado perto do Aeroporto Internacional de Kigali. O seu assassinato inflamou as tensões étnicas na região e ajudou a desencadear o genocídio de Ruanda
  
  
  

Cyprien Ntaryamira, presidente do Burundi
   
O Atentado de 6 de abril de 1994 foi um atentado perpetrado na noite de 6 de abril de 1994 contra o avião que transportava o presidente de Ruanda, Juvénal Habyarimana, e o presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira. Este ataque resultou na morte dos dois presidentes, bem como de todas as demais pessoas que se encontravam no avião.
O avião que levava o presidente ruandês Juvénal Habyarimana e o presidente burundiano Cyprien Ntaryamira foi derrubado quanto se preparava para aterrar em Kigali, no Ruanda. Os assassinatos produziram alguns dos eventos mais sangrentos do final do século XX, o genocídio ruandês e a Primeira Guerra do Congo. A responsabilidade pelo ataque é contestada, com a maioria das teorias propondo como suspeitos os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (FPR) ou os extremistas do Hutu Power que se opunham à negociação com a Frente Patriótica Ruandesa. Independentemente da causa dos assassinatos, indubitavelmente resultariam na mobilização nacional imediata de milícias antitutsis, os Interahamwe, que procederam a estabelecer bloqueios de estradas em todo o Ruanda e a massacrar todos os tutsis ou hutus moderados até serem expulsos pelas tropas rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa. 
A responsabilidade pelo ataque é ainda hoje inconclusiva, com teorias propondo como suspeitos quer a Frente Patriótica de Ruanda quer a Hutu Power
  

O Genocídio no Ruanda começou há trinta anos...

(imagem daqui)
    
O Genocídio no Ruanda foi o massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, no Ruanda, entre 6 de abril e 4 de julho de 1994.
   
Caveiras de vítimas mostram marcas de violência
    
Antecedentes
Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário, tutsi. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de seus rendimentos oriundos de exportações. Nessa época, o país enfrentou a sua maior crise alimentar em cinquenta anos, ao mesmo tempo que aumentavam os gastos militares em detrimento de investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país pelos hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz - o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês, em meio a arengas e incitação à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas fações hutus mais extremistas. Essas mensagens exaltavam as diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que os ânimos se exaltavam, os apelos à confrontação e à "caça aos tutsis" tornaram-se mais explícitos, sobretudo a partir do mês de abril, em que se fez circular o boato de que a minoria tutsi planeava o genocídio dos hutus.
De acordo com a jornalista britânica Linda Melvern, que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planeado. No início da carnificina, a tropa ruandesa era composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir espingardas de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas, tais como granadas, nem sequer requeriam esse trâmite e foram generosamente distribuídas.
Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas internacionais de ajuda, tais como o financiados pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional como Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — sendo que 4,6 milhões de dólares foram gastos somente em catanas, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de uma nova catana por cada três hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".
Na década de 60, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de dominação, o ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
Pressionados pelo revanchismo, os tutsis abandonaram o país e formaram imensos campos de refugiados no Uganda. Mesmo refugiados, os tutsis e alguns hutus moderados organizaram-se politicamente, com o intuito de derrubar o governo do presidente Juvenal Habyarimana e regressar ao país. Com o passar do tempo, esta mobilização deu origem à Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame.
Na década de 90, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. No ano de 1993, um acordo de paz entre o governo e os membros do FPR não teve forças para resolver o conflito. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis ligados ao FPR.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país.
   
Evolução demográfica do Ruanda - repare-se a notável descida na primeira metade dos anos 90, provocada pelo genocídio
    
O genocídio
Em abril de 1994, após o assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em atentado ao avião em que viajava, o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, o que causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram forçar o retorno desses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 se refugiaram nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram massacradas. Quase todas as mulheres foram violadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
As atrocidades envolveram também os religiosos. Muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem tutsis ou porque estavam a ajudar os tutsis. Outros, da etnia hutu, apoiaram ou até mesmo colaboraram com os matadores. Um dos casos que se tornaram muito conhecidos foi o que envolveu o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que trabalhava num hospital da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, e seu pai, Elizaphan Ntakirutimana, um pastor protestante. Os membros do Tribunal Penal Internacional para Ruanda condenaram por unanimidade o Dr. Ntakirutimana, por genocídio e por crimes contra a humanidade. Ele foi sentenciado a 25 anos de prisão, pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados tutsis em vários locais. Foi condenado também por participar de vários ataques contra tutsis na Colina de Murambi e na Colina de Muyira. O seu pai, o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O pastor Elizaphan levou os atacantes para a Igreja Adventista de Murambi, em Bisesero, onde era pastor presidente, e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à morte de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais, para caçar os tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis, dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital adventista, enviaram uma carta ao pastor Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluía a frase:
"Nós desejamos informá-lo de que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".
A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As milícias hutu, segundo testemunhas, chegaram pouco tempo depois com os Ntakirutimanas. Só alguns tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois do massacre, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista, gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que, se não forem tomadas posturas duras contra o tribalismo em Ruanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. Rusesabagina ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda.
    
O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda
Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.
O Tribunal Penal Internacional é competente para julgar somente os crimes cometidos após a sua criação, em 1 de julho de 2002. Não é portanto competente para julgar os crimes cometidos em Ruanda, durante o genocídio.
O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Dois outros foram libertados. Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.
Calcula-se que 800 mil tenham sido mortas no genocídio de Ruanda.
    
   in Wikipédia

terça-feira, janeiro 16, 2024

Dian Fossey nasceu há noventa e dois anos...

  
Dian Fossey (São Francisco, 16 de janeiro de 1932 - Montanhas Virunga, Ruanda, 26 de dezembro de 1985) foi uma zoóloga norte-americana, assassinada aos 53 anos e conhecida pelo seu trabalho científico e de conservação com os gorilas das Montanhas Virunga, no Ruanda e no Congo.
   
Biografia
Inspirada pelos escritos do naturalista e conservacionista George B. Schaller, decidiu estudar os gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei), em risco de extinção, na África.
Dian Fossey recebeu instrução em trabalho de campo com chimpanzés da especialista Jane Goodall, e começou a assistir e registar o comportamento dos gorilas-das-montanhas. O trabalho dela levou-a para o então Zaire (atual República Democrática do Congo - RDC) e depois para Ruanda, onde abriu o Centro de Pesquisa Karisoke.
Após anos de observação paciente, os gorilas vieram a conhecê-la e confiar nela - Fossey descobriu que podia sentar-se no meio de um grupo e até mesmo brincar com os jovens. Reconheceu os animais como indivíduos e até lhes deu nomes.
Em 1980, foi para Inglaterra e ingressou na Universidade de Cambridge onde obteve um doutoramento em Zoologia. Depois obteve uma posição como professora na Universidade de Cornell em Nova Iorque, onde escreveu sobre as suas experiências no Ruanda.
No ano seguinte regressou ao Centro de Pesquisa Karisoke, para continuar as suas pesquisas e trabalhos de campo.
Quando o seu gorila favorito, Digit, foi morto para obtenção das suas mãos (com as quais se faziam cinzeiros), Fossey começou uma campanha contra a atividade. Os seus discursos, infelizmente, tornaram-na um alvo da violência por parte dos caçadores furtivos e dos elementos corruptos do exército do Ruanda. Em 1985 Dian foi encontrada morta, na sua cabana, fruto de um assassinato. O seu assassino nunca foi apanhado, embora se suspeite que fosse um caçador de gorilas.
O seu legado mantém-se vivo em várias organizações e sociedades dedicadas a salvar da extinção desses primatas. Graças ao trabalho de Fossey, a consciência do mundo para com a extinção do gorila-das-montanhas aumentou, e os animais são protegidos agora pelo governo ruandês e várias organizações de conservação internacionais, incluindo The Dian Fossey Gorilla Fund International.
     
   
Filme
Em 1988, foi lançado o filme Gorillas in the Mist: The Story of Dian Fossey, que trata do período em que a zoóloga esteve em África a estudar os gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei).

   

terça-feira, dezembro 26, 2023

Dian Fossey foi assassinada há trinta e oito anos...

 
Dian Fossey
(São Francisco, 16 de janeiro de 1932 - Montanhas Virunga, Ruanda, 26 de dezembro de 1985 - 53 anos) foi uma zoóloga norte-americana, conhecida pelo seu trabalho científico e de conservação com os gorilas das Montanhas Virunga (Gorilla beringei beringei), no Ruanda e no Congo.

Biografia
Inspirada pelos escritos do naturalista e conservacionista George B. Schaller, decidiu estudar os gorilas-das-montanhas em extinção em África.
Dian Fossey recebeu instrução em trabalho de campo com chimpanzés da especialista Jane Goodall, e começou a assistir e registar o comportamento de gorilas-das-montanhas. O trabalho dela levou-a para o então Zaire e, depois, para Ruanda, onde abriu o Centro de Pesquisa Karisoke.
Após anos de observação paciente, os gorilas vieram a conhecê-la e confiar nela, e Fossey descobriu que podia sentar-se no meio de um grupo e até mesmo brincar com os jovens. Conheceu os animais como indivíduos e até lhes deu nomes.
Em 1980, foi para Inglaterra e ingressou na Universidade de Cambridge onde obteve um doutoramento em Zoologia. Depois obteve uma posição como professora na Universidade de Cornell em Nova Iorque, onde escreveu sobre as suas experiências no Ruanda.
No ano seguinte regressou ao Centro de Pesquisa Karisoke, para continuar a sua pesquisa e trabalho de campo.
Quando o seu gorila favorito, Digit, foi morto para obtenção das suas mãos (com as quais se faziam cinzeiros), Fossey começou uma campanha contra a atividade. Os seus discursos e campanha, infelizmente, tornaram-na um alvo da violência por parte dos caçadores furtivos e dos elementos corruptos do exército do Ruanda. Em 1985 Dian foi encontrada morta na sua cabana, fruto de um assassinato. Ninguém jamais achou o seu assassino, embora se suspeite que tenha sido um caçador de gorilas.
O seu legado mantém-se vivo em várias organizações e sociedades dedicadas a salvar da extinção desses primatas. Graças ao trabalho de Fossey, a consciência do mundo para com a extinção do gorila-das-montanhas aumentou, e os animais são protegidos agora pelo governo ruandês e várias organizações de conservação internacionais, inclusive o The Dian Fossey Gorilla Fund International.
 
Filme 
Em 1988, foi lançado o comovente filme Gorillas in the Mist: The Story of Dian Fossey, que trata do período em que a zoóloga esteve na África a estudar o gorila-das-montanhas e mostra os seus primeiros contactos com esses animais.

quinta-feira, abril 06, 2023

Os Presidentes do Ruanda e Burundi foram assassinados há 29 anos

Juvénal Habyarimana, presidente da República de Ruanda
  
Juvénal Habyarimana (8 de março de 1937 - 6 de abril de 1994) foi o terceiro presidente da República de Ruanda, cargo que ocupou mais tempo do que qualquer outro presidente do país, até ao momento, de 1973 até 1994. Durante o seu mandato de 20 anos, favoreceu o seu próprio grupo étnico, os hutus, e apoiou a maioria hutu no vizinho Burundi contra o governo tutsi. Ele foi apelidado de "Kinani", uma palavra Kinyarwanda que significa "invencível".
Habyarimana foi descrito pelos críticos como um ditador, que citam o facto de ser reeleito por unanimidade, com 98,99% dos votos em 24 de dezembro de 1978, 99,97% dos votos em 19 de dezembro de 1983, e 99,98% dos votos em 19 de dezembro de 1988. Durante o seu governo, Ruanda tornou-se um estado totalitário em que os dirigentes do partido tendido à extrema-direita chamado Movimento Republicano Nacional por Democracia e Desenvolvimento exigiam que as pessoas cantassem e dançassem em bajulação ao presidente em concursos de massas de "animação" política. Embora no país, em geral, a pobreza crescesse um pouco menos durante o mandato de Habyarimana, a grande maioria dos ruandeses permaneceu em situação de extrema pobreza.
Em 6 de abril de 1994 foi morto quando seu avião, transportando também o presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi derrubado perto do Aeroporto Internacional de Kigali. O seu assassinato inflamou as tensões étnicas na região e ajudou a desencadear o genocídio de Ruanda
  
  
  

Cyprien Ntaryamira, presidente do Burundi
   
O Atentado de 6 de abril de 1994 foi um atentado perpetrado na noite de 6 de abril de 1994 contra o avião que transportava o presidente de Ruanda Juvénal Habyarimana e o presidente do Burundi Cyprien Ntaryamira. Este ataque resultou na morte dos dois presidentes, bem como de todas as demais pessoas que se encontravam no avião.
O avião que levava o presidente ruandês Juvénal Habyarimana e o presidente burundiano Cyprien Ntaryamira foi derrubado quanto se preparava para aterrar em Kigali, no Ruanda. Os assassinatos produziram alguns dos eventos mais sangrentos do final do século XX, o genocídio ruandês e a Primeira Guerra do Congo. A responsabilidade pelo ataque é contestada, com a maioria das teorias propondo como suspeitos os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (FPR) ou os extremistas do Hutu Power que se opunham à negociação com a Frente Patriótica Ruandesa. Independentemente da causa dos assassinatos, indubitavelmente resultariam na mobilização nacional imediata de milícias antitutsis, os Interahamwe, que procederam a estabelecer bloqueios de estradas em todo o Ruanda e a massacrar todos os tutsis ou hutus moderados até serem expulsos pelas tropas rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa. 
  

O Genocídio no Ruanda começou há vinte e nove anos...

(imagem daqui)
    
O Genocídio no Ruanda foi o massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, no Ruanda, entre 6 de abril e 4 de julho de 1994.
   
Caveiras de vítimas mostram marcas de violência
    
Antecedentes
Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário, tutsi. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de seus rendimentos oriundos de exportações. Nessa época, o país enfrentou a sua maior crise alimentar em cinquenta anos, ao mesmo tempo que aumentavam os gastos militares em detrimento de investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país pelos hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz - o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês, em meio a arengas e incitação à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas fações hutus mais extremistas. Essas mensagens exaltavam as diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que os ânimos se exaltavam, os apelos à confrontação e à "caça aos tutsis" tornaram-se mais explícitos, sobretudo a partir do mês de abril, em que se fez circular o boato de que a minoria tutsi planeava o genocídio dos hutus.
De acordo com a jornalista britânica Linda Melvern, que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planeado. No início da carnificina, a tropa ruandesa era composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir espingardas de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas, tais como granadas, nem sequer requeriam esse trâmite e foram generosamente distribuídas.
Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas internacionais de ajuda, tais como o financiados pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional como Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — sendo que 4,6 milhões de dólares foram gastos somente em catanas, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de uma nova catana por cada três hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".
Na década de 60, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de dominação, o ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
Pressionados pelo revanchismo, os tutsis abandonaram o país e formaram imensos campos de refugiados no Uganda. Mesmo refugiados, os tutsis e alguns hutus moderados organizaram-se politicamente, com o intuito de derrubar o governo do presidente Juvenal Habyarimana e regressar ao país. Com o passar do tempo, esta mobilização deu origem à Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame.
Na década de 1990, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. No ano de 1993, um acordo de paz entre o governo e os membros do FPR não teve forças para resolver o conflito. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis ligados ao FPR.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país.
   
Evolução demográfica do Ruanda - repare-se a notável descida na primeira metade dos anos 90, provocada pelo genocídio
    
O genocídio
Em abril de 1994, após o assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em atentado ao avião em que viajava, o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, o que causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram forçar o retorno desses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 se refugiaram nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram massacradas. Quase todas as mulheres foram violadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
As atrocidades envolveram também os religiosos. Muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem tutsis ou porque estavam ajudando os tutsis. Outros, da etnia hutu, apoiaram ou até mesmo colaboraram com os matadores. Um dos casos que se tornaram muito conhecidos foi o que envolveu o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que trabalhava em um hospital da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, e seu pai, Elizaphan Ntakirutimana, um pastor protestante. Os membros do Tribunal Penal Internacional para Ruanda condenaram por unanimidade o Dr. Ntakirutimana, por genocídio e por crimes contra a humanidade. Ele foi sentenciado a 25 anos de prisão, pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados tutsis em vários locais. Foi condenado também por participar de vários ataques contra tutsis na Colina de Murambi e na Colina de Muyira. O seu pai, o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O Pr. Elizaphan levou os atacantes para a Igreja Adventista de Murambi, em Bisesero, onde era pastor presidente, e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à morte de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais, para caçar os tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis, dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital adventista, enviaram uma carta ao Pr. Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluía a frase:
"Nós desejamos informá-lo de que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".
A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As milícias hutu, segundo testemunhas, chegaram pouco tempo depois com os Ntakirutimanas. Só alguns tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois do massacre, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista, gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que, se não forem tomadas posturas duras contra o tribalismo em Ruanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. Rusesabagina ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda.
    
O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda
Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.
O Tribunal Penal Internacional é competente para julgar somente os crimes cometidos após a sua criação, em 1 de julho de 2002. Não é portanto competente para julgar os crimes cometidos em Ruanda, durante o genocídio.
O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Dois outros foram libertados. Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.
Calcula-se que 800 mil tenham sido mortas no genocídio de Ruanda.
    
   in Wikipédia

segunda-feira, janeiro 16, 2023

Dian Fossey nasceu há noventa e um anos...

  
Dian Fossey (São Francisco, 16 de janeiro de 1932 - Montanhas Virunga, Ruanda, 26 de dezembro de 1985) foi uma zoóloga norte-americana, assassinada aos 53 anos e conhecida pelo seu trabalho científico e de conservação com os gorilas das Montanhas Virunga, no Ruanda e no Congo.
   
Biografia
Inspirada pelos escritos do naturalista e conservacionista George B. Schaller, decidiu estudar os gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei), em risco de extinção, na África.
Dian Fossey recebeu instrução em trabalho de campo com chimpanzés da especialista Jane Goodall, e começou a assistir e registar o comportamento dos gorilas-das-montanhas. O trabalho dela levou-a para o então Zaire (atual República Democrática do Congo - RDC) e depois para Ruanda, onde abriu o Centro de Pesquisa Karisoke.
Após anos de observação paciente, os gorilas vieram a conhecê-la e confiar nela - Fossey descobriu que podia sentar-se no meio de um grupo e até mesmo brincar com os jovens. Reconheceu os animais como indivíduos e até lhes deu nomes.
Em 1980, foi para Inglaterra e ingressou na Universidade de Cambridge onde obteve um doutoramento em Zoologia. Depois obteve uma posição como professora na Universidade de Cornell em Nova Iorque, onde escreveu sobre as suas experiências no Ruanda.
No ano seguinte regressou ao Centro de Pesquisa Karisoke, para continuar as suas pesquisas e trabalhos de campo.
Quando o seu gorila favorito, Digit, foi morto para obtenção das suas mãos (com as quais se faziam cinzeiros), Fossey começou uma campanha contra a atividade. Os seus discursos, infelizmente, tornaram-na um alvo da violência por parte dos caçadores furtivos e dos elementos corruptos do exército do Ruanda. Em 1985 Dian foi encontrada morta, na sua cabana, fruto de um assassinato. O seu assassino nunca foi apanhado, embora se suspeite que fosse um caçador de gorilas.
O seu legado mantém-se vivo em várias organizações e sociedades dedicadas a salvar da extinção desses primatas. Graças ao trabalho de Fossey, a consciência do mundo para com a extinção do gorila-das-montanhas aumentou, e os animais são protegidos agora pelo governo ruandês e várias organizações de conservação internacionais, incluindo The Dian Fossey Gorilla Fund International.
     
   
Filme
Em 1988, foi lançado o filme Gorillas in the Mist: The Story of Dian Fossey, que trata do período em que a zoóloga esteve em África a estudar os gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei).

   

segunda-feira, dezembro 26, 2022

Dian Fossey foi assassinada há 37 anos...

 
Dian Fossey
(São Francisco, 16 de janeiro de 1932 - Montanhas Virunga, Ruanda, 26 de dezembro de 1985 - 53 anos) foi uma zoóloga norte-americana, conhecida pelo seu trabalho científico e de conservação com os gorilas das Montanhas Virunga (Gorilla beringei beringei), no Ruanda e no Congo.

Biografia
Inspirada pelos escritos do naturalista e conservacionista George B. Schaller, decidiu estudar os gorilas-das-montanhas em extinção em África.
Dian Fossey recebeu instrução em trabalho de campo com chimpanzés da especialista Jane Goodall, e começou a assistir e registar o comportamento de gorilas-das-montanhas. O trabalho dela levou-a para o então Zaire e, depois, para Ruanda, onde abriu o Centro de Pesquisa Karisoke.
Após anos de observação paciente, os gorilas vieram a conhecê-la e confiar nela, e Fossey descobriu que podia sentar-se no meio de um grupo e até mesmo brincar com os jovens. Conheceu os animais como indivíduos e até lhes deu nomes.
Em 1980, foi para Inglaterra e ingressou na Universidade de Cambridge onde obteve um doutoramento em Zoologia. Depois obteve uma posição como professora na Universidade de Cornell em Nova Iorque, onde escreveu sobre as suas experiências no Ruanda.
No ano seguinte regressou ao Centro de Pesquisa Karisoke, para continuar a sua pesquisa e trabalho de campo.
Quando o seu gorila favorito, Digit, foi morto para obtenção das suas mãos (com as quais se faziam cinzeiros), Fossey começou uma campanha contra a atividade. Os seus discursos e campanha, infelizmente, tornaram-na um alvo da violência por parte dos caçadores furtivos e dos elementos corruptos do exército do Ruanda. Em 1985 Dian foi encontrada morta na sua cabana, fruto de um assassinato. Ninguém jamais achou o seu assassino, embora se suspeite que tenha sido um caçador de gorilas.
O seu legado mantém-se vivo em várias organizações e sociedades dedicadas a salvar da extinção desses primatas. Graças ao trabalho de Fossey, a consciência do mundo para com a extinção do gorila-das-montanhas aumentou, e os animais são protegidos agora pelo governo ruandês e várias organizações de conservação internacionais, inclusive o The Dian Fossey Gorilla Fund International.
 
Filme 
Em 1988, foi lançado o comovente filme Gorillas in the Mist: The Story of Dian Fossey, que trata do período em que a zoóloga esteve na África a estudar o gorila-das-montanhas e mostra os seus primeiros contactos com esses animais.

quarta-feira, abril 06, 2022

O Genocídio no Ruanda começou há vinte e oito anos...

(imagem daqui)
    
O Genocídio no Ruanda foi o massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, no Ruanda, entre 6 de abril e 4 de julho de 1994.
   
Caveiras de vítimas mostram marcas de violência
    
Antecedentes
Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário, tutsi. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de sua renda oriunda de exportações. Nessa época, o país enfrentou sua maior crise alimentar em 50 anos, ao mesmo tempo que aumentavam os gastos militares em detrimento de investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país pelos hutus com o apoio do exército, invade Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz - o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês, em meio a arengas e incitação à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas fações hutus mais extremas. Essas mensagens exaltavam as diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que os ânimos se exaltavam, os apelos à confrontação e à "caça aos tutsis" tornaram-se mais explícitos, sobretudo a partir do mês de abril, em que se fez circular o boato de que a minoria tutsi planeava o genocídio dos hutus.
De acordo com a jornalista britânica Linda Melvern, que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planeado. No início da carnificina, a tropa ruandesa era composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir espingardas de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas, tais como granadas, nem sequer requeriam esse trâmite e foram generosamente distribuídas.
Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas internacionais de ajuda, tais como o financiados pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional como Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — sendo que 4,6 milhões de dólares foram gastos somente em catanas, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de uma nova catana por cada três hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os Tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".
Na década de 60, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de dominação, o ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
Pressionados pelo revanchismo, os tutsis abandonaram o país e formaram imensos campos de refugiados em Uganda. Mesmo refugiados, os tutsis e alguns hutus moderados se organizaram politicamente com o intuito de derrubar o governo do presidente Juvenal Habyarimana e regressar ao país. Com o passar do tempo, esta mobilização deu origem à Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame.
Na década de 1990, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. No ano de 1993, um acordo de paz entre o governo e os membros do FPR não teve forças para resolver o conflito. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis ligados ao FPR.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país.
   
Evolução demográfica do Ruanda - repare-se a notável descida na primeira metade dos anos 90, provocada pelo genocídio
    
O genocídio
Em abril de 1994, após o assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em atentado ao avião em que viajava, o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, o que causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram forçar o retorno desses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 se refugiaram nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram massacradas. Quase todas as mulheres foram violadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
As atrocidades envolveram também os religiosos. Muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem tutsis ou porque estavam ajudando os tutsis. Outros, da etnia hutu, apoiaram ou até mesmo colaboraram com os matadores. Um dos casos que se tornaram muito conhecidos foi o que envolveu o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que trabalhava em um hospital da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, e seu pai, Elizaphan Ntakirutimana, um pastor protestante. Os membros do Tribunal Penal Internacional para Ruanda condenaram por unanimidade o Dr. Ntakirutimana, por genocídio e por crimes contra a humanidade. Ele foi sentenciado a 25 anos de prisão, pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados tutsis em vários locais. Foi condenado também por participar de vários ataques contra tutsis na Colina de Murambi e na Colina de Muyira. O seu pai, o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O Pr. Elizaphan levou os atacantes para a Igreja Adventista de Murambi, em Bisesero, onde era pastor presidente, e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à morte de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais, para caçar os tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis, dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital adventista, enviaram uma carta ao Pr. Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase:
"Nós desejamos informá-lo de que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".
A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As milícias hutu, segundo testemunhas, chegaram pouco tempo depois com os Ntakirutimanas. Só alguns tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois do massacre, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista, gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que, se não forem tomadas posturas duras contra o tribalismo em Ruanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. Rusesabagina ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda.
    
O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda
Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.
O Tribunal Penal Internacional é competente para julgar somente os crimes cometidos após a sua criação, em 1 de julho de 2002. Não é portanto competente para julgar os crimes cometidos em Ruanda, durante o genocídio.
O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Dois outros foram libertados. Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.
Calcula-se que 800 mil tenham sido mortas no genocídio de Ruanda.
    
   in Wikipédia

Os Presidentes do Ruanda e Burundi foram assassinados há 28 anos

Juvénal Habyarimana, presidente da República de Ruanda
  
Juvénal Habyarimana (8 de março de 1937 - 6 de abril de 1994) foi o terceiro presidente da República de Ruanda, cargo que ocupou mais tempo do que qualquer outro presidente do país, até ao momento, de 1973 até 1994. Durante o seu mandato de 20 anos, favoreceu o seu próprio grupo étnico, os hutus, e apoiou a maioria hutu no vizinho Burundi contra o governo tutsi. Ele foi apelidado de "Kinani", uma palavra Kinyarwanda que significa "invencível".
Habyarimana foi descrito pelos críticos como um ditador, que citam o facto de ser reeleito por unanimidade, com 98,99% dos votos em 24 de dezembro de 1978, 99,97% dos votos em 19 de dezembro de 1983, e 99,98% dos votos em 19 de dezembro de 1988. Durante o seu governo, Ruanda tornou-se um estado totalitário em que os dirigentes do partido tendido à extrema-direita chamado Movimento Republicano Nacional por Democracia e Desenvolvimento exigiam que as pessoas cantassem e dançassem em bajulação ao presidente em concursos de massas de "animação" política. Embora no país, em geral, a pobreza crescesse um pouco menos durante o mandato de Habyarimana, a grande maioria dos ruandeses permaneceu em situação de extrema pobreza.
Em 6 de abril de 1994 foi morto quando seu avião, transportando também o presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi derrubado perto do Aeroporto Internacional de Kigali. O seu assassinato inflamou as tensões étnicas na região e ajudou a desencadear o genocídio de Ruanda
  
  
  

Cyprien Ntaryamira
, presidente do Burundi
   
O Atentado de 6 de abril de 1994 foi um atentado perpetrado na noite de 6 de abril de 1994 contra o avião que transportava o presidente de Ruanda Juvénal Habyarimana e o presidente do Burundi Cyprien Ntaryamira. Este ataque resultou na morte dos dois presidentes, bem como de todas as demais pessoas que se encontravam no avião.
O avião que levava o presidente ruandês Juvénal Habyarimana e o presidente burundiano Cyprien Ntaryamira foi derrubado enquanto se preparava para aterrar em Kigali, no Ruanda. Os assassinatos produziram alguns dos eventos mais sangrentos do final do século XX, o genocídio ruandês e a Primeira Guerra do Congo. A responsabilidade pelo ataque é contestada, com a maioria das teorias propondo como suspeitos os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (FPR) ou os extremistas do Hutu Power que se opunham à negociação com a Frente Patriótica Ruandesa. Independentemente da causa dos assassinatos, indubitavelmente resultariam na mobilização nacional imediata de milícias antitutsis, os Interahamwe, que procederam a estabelecer bloqueios de estradas em todo o Ruanda e a massacrar todos os tutsis ou hutus moderados até serem expulsos pelas tropas rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa.