A
sinfonia n.º 9 em ré menor, op. 125, "Coral", é a última
sinfonia completa composta por
Ludwig van Beethoven. Completada em
1824, a
sinfonia coral mais conhecida como
Nona Sinfonia é uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da
música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven.
A nona sinfonia de Beethoven incorpora parte do
poema An die Freude ("
À Alegria"), uma
ode escrita por
Friedrich Schiller, com o texto cantado por
solistas e um
coro em seu último
movimento.
Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha se
utilizado da voz humana com o mesmo destaque que os instrumentos, numa
sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a
forma sinfónica que viria a ser adotada pelos compositores românticos.
A sinfonia n.º 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo
atual. Em especial, a música do último movimento, chamado informalmente
de "Ode à Alegria", foi
rearranjada por
Herbert von Karajan para se tornar o
hino da
União Europeia. Outra prova de sua importância na cultura atual foi o valor de 3,3 milhões de
dólares atingido pela venda de um dos seus
manuscritos originais, feita em
2003 pela
Sotheby's, de
Londres.
Segundo o chefe do departamento de manuscritos da Sotheby's à época,
Stephen Roe, a sinfonia "é um dos maiores feitos do homem, ao lado do
Hamlet e do
Rei Lear de
Shakespeare".
(...)
Embora a performance tenha sido regida oficialmente por
Michael Umlauf,
mestre de capela
do teatro, Beethoven dividiu o palco com ele. Dois anos antes, Umlauf
havia presenciado a tentativa do compositor de reger um ensaio de sua
ópera,
Fidelio, que terminou em desastre, e desta vez pediu aos cantores e músicos que ignorassem Beethoven, então já totalmente
surdo. No início de cada parte, Beethoven, sentado ao
palco, dava indicações de
tempo, virando as páginas de sua
partitura e dando marcações a uma
orquestra que não podia ouvir. O
violista Josef Böhm escreveu: "O próprio Beethoven regeu a peça; isto é, ele ficou diante do
atril
e gesticulou furiosamente. Em certos momentos se erguia, noutros se
encolhia no solo, e se movimentava como se quisesse tocar ele mesmo
todos os instrumentos e cantar por todo o coro. Todos os músicos não
prestaram atenção ao seu ritmo enquanto tocavam."
Alguns relatos de testemunhas sugerem que a execução da sinfonia na
noite de estreia teria sido pouco apurada, devido ao pouco número de
ensaios
que haviam sido realizados (apenas dois com a orquestra inteira). Por
outro lado, foi um grande sucesso. Enquanto a plateia aplaudia - os
testemunhos não deixam claro se isto teria ocorrido no final do
scherzo ou da sinfonia - Beethoven, que, em sua "regência", ainda estava atrasado em diversos
compassos
em relação à música que havia acabado de ser executada, continuava a
reger, acompanhando a partitura. Então, a contralto Caroline Unger teria
ido a ele e o virado em direção ao público, para aceitar suas
exortações e aplausos. De acordo com um dos presentes, "o público
recebeu o herói musical com o mais absoluto respeito e simpatia, e ouviu
às suas criações maravilhosas, gigantescas, com a mais concentrada das
atenções, irrompendo em jubilantes aplausos, frequentemente durante os
movimentos, e, repetidamente, ao fim de cada um." Toda a plateia o
aplaudiu de pé por cinco diversas vezes; lenços foram erguidos ao ar,
assim como chapéus e mãos, para que Beethoven, que não podia ouvir o
aplauso, pudesse ao menos vê-lo. Beethoven deixou o concerto
extremamente comovido.
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