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quinta-feira, janeiro 04, 2024

Henfil morreu há trinta e seis anos...

   
Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 - Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
 
Biografia
Como os outros dois seus irmãos - o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário - herdou da mãe a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso noturno e um curso superior em sociologia, na Faculdade de Ciências Económicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo numa agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início da década de 60, em ilustração e produção de histórias em quadradinhos.
A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Robert Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges desportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve o seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas publicações, os seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento do AI-5 - garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" - Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou os seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também no cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais norte-americanos, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu o seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. também fez participação da revista Isto É, onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.
Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da SIDA. Faleceu vítima das complicações da doença no auge da sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" - junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.
 
Cronista de humor
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crónicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe - ao mesmo tempo em que criticava o governo e atacava as posições de algumas personalidades.
Mesmo os seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.
Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra a sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anónimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 o seu único filho criou o Instituto Henfil.
Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.
 
(imagem daqui)
 

quarta-feira, janeiro 04, 2023

Henfil morreu há trinta e cinco anos...

   
Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 - Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
 
Biografia
Como os outros dois seus irmãos - o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário - herdou da mãe a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso noturno e um curso superior em sociologia, na Faculdade de Ciências Económicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo numa agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início da década de 60, em ilustração e produção de histórias em quadradinhos.
A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Robert Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges desportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve o seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas publicações, os seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento do AI-5 - garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" - Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou os seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também no cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais norte-americanos, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu o seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. também fez participação da revista Isto É, onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.
Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da SIDA. Faleceu vítima das complicações da doença no auge da sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" - junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.
 
Cronista de humor
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crónicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe - ao mesmo tempo em que criticava o governo e atacava as posições de algumas personalidades.
Mesmo os seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.
Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra a sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anónimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 o seu único filho criou o Instituto Henfil.
Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.
 
(imagem daqui)
 

terça-feira, janeiro 04, 2022

O cartunista Henfil morreu há trinta e quatro anos

Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 - Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
 
Biografia
Como os outros dois seus irmãos - o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário - herdou da mãe a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso noturno e um curso superior em sociologia, na Faculdade de Ciências Económicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo numa agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início da década de 60, em ilustração e produção de histórias em quadradinhos.
A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Robert Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges desportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve o seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas publicações, os seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento do AI-5 - garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" - Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou os seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também no cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais norte-americanos, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu o seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. também fez participação da revista Isto É, onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.
Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da SIDA. Faleceu vítima das complicações da doença no auge da sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" - junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.
 
Cronista de humor
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crónicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe - ao mesmo tempo em que criticava o governo e atacava as posições de algumas personalidades.
Mesmo os seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.
Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra a sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anónimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 o seu único filho criou o Instituto Henfil.
Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.
 
(imagem daqui)
 

quinta-feira, janeiro 04, 2018

O cartunista Henfil morreu há trinta anos

Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 - Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
 
Biografia
Como os outros dois seus irmãos - o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário - herdou da mãe a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso noturno e um curso superior em sociologia, na Faculdade de Ciências Económicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo numa agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início da década de 60, em ilustração e produção de histórias em quadradinhos.
A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Robert Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges desportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve o seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas publicações, os seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento do AI-5 - garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" - Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou os seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também no cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais norte-americanos, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu o seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. também fez participação da revista Isto É, onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.
Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da SIDA. Faleceu vítima das complicações da doença no auge da sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" - junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.
 
Cronista de humor
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crónicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe - ao mesmo tempo em que criticava o governo e atacava as posições de algumas personalidades.
Mesmo os seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.
Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra a sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anónimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 o seu único filho criou o Instituto Henfil.
Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.
 
(imagem daqui)