quinta-feira, fevereiro 22, 2024
Há 392 anos um livro de Galileu acabou com a teoria geocêntrica...
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Marcadores: Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo, Galileu, Galileu Galilei, geocentrismo, heliocentrismo
quinta-feira, fevereiro 15, 2024
Poema adequado à data...
Poema para Galileo
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caía
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
in Linhas de Força (1967) - António Gedeão
Postado por Pedro Luna às 04:06 0 bocas
Marcadores: Física, Galileu Galilei, Inquisição, Itália, luneta, Matemática, poesia António Gedeão, Revolução Científica, telescópio refrator
Galileu Galilei nasceu há 460 anos
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Marcadores: astronomia, Física, Galileu Galilei, Matemática, Telescópio, telescópio refrator
quinta-feira, janeiro 11, 2024
Ganimedes, o maior satélite do Sistema Solar, foi descoberto há 414 anos
Mitologia
Geologia planetária
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Marcadores: Galileu Galilei, Ganimedes, Júpiter, luas de Galileu, luneta, Simon Marius, Telescópio
quarta-feira, janeiro 10, 2024
O astrónomo Simon Marius nasceu há 451 anos
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Marcadores: astronomia, Galileu Galilei, Júpiter, luas de Galileu, Simon Marius
segunda-feira, janeiro 08, 2024
Galileu morreu há 382 anos...
Poema para Galileo
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caía
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
in Linhas de Força (1967) - António Gedeão
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quinta-feira, junho 22, 2023
A Inquisição condenou Galileu há 390 anos (e, no entanto, move-se...)
Galileo defended heliocentrism, and claimed it was not contrary to those Scripture passages. He took Augustine's position on Scripture: not to take every passage literally, particularly when the scripture in question is a book of poetry and songs, not a book of instructions or history. He believed that the writers of the Scripture merely wrote from the perspective of the terrestrial world, from that vantage point that the sun does rise and set. Another way to put this is that the writers would have been writing from a phenomenological point of view, or style. So Galileo claimed that science did not contradict Scripture, as Scripture was discussing a different kind of "movement" of the earth, and not rotations.
By 1616 the attacks on the ideas of Copernicus had reached a head, and Galileo went to Rome to try to persuade Catholic Church authorities not to ban Copernicus' ideas. In the end, a decree of the Congregation of the Index was issued, declaring that the ideas that the Sun stood still and that the Earth moved were "false" and "altogether contrary to Holy Scripture", and suspending Copernicus's De Revolutionibus until it could be corrected. Acting on instructions from the Pope before the decree was issued, Cardinal Bellarmine informed Galileo that it was forthcoming, that the ideas it condemned could not be "defended or held", and ordered him to abandon them. Galileo promised to obey. Bellarmine's instruction did not prohibit Galileo from discussing heliocentrism as a mathematical fiction but was dangerously ambiguous as to whether he could treat it as a physical possibility. For the next several years Galileo stayed well away from the controversy. He revived his project of writing a book on the subject, encouraged by the election of Cardinal Maffeo Barberini as Pope Urban VIII in 1623. Barberini was a friend and admirer of Galileo, and had opposed the condemnation of Galileo in 1616. The book, Dialogue Concerning the Two Chief World Systems, was published in 1632, with formal authorization from the Inquisition and papal permission.
Dava Sobel explains that during this time, Urban had begun to fall more and more under the influence of court intrigue and problems of state. His friendship with Galileo began to take second place to his feelings of persecution and fear for his own life. At this low point in Urban's life, the problem of Galileo was presented to the pope by court insiders and enemies of Galileo. Coming on top of the recent claim by the then Spanish cardinal that Urban was soft on defending the church, he reacted out of anger and fear. This situation did not bode well for Galileo's defence of his book.
Earlier, Pope Urban VIII had personally asked Galileo to give arguments for and against heliocentrism in the book, and to be careful not to advocate heliocentrism. He made another request, that his own views on the matter be included in Galileo's book. Only the latter of those requests was fulfilled by Galileo. Whether unknowingly or deliberately, Simplicio, the defender of the Aristotelian Geocentric view in Dialogue Concerning the Two Chief World Systems, was often caught in his own errors and sometimes came across as a fool. Indeed, although Galileo states in the preface of his book that the character is named after a famous Aristotelian philosopher (Simplicius in Latin, Simplicio in Italian), the name "Simplicio" in Italian also has the connotation of "simpleton". This portrayal of Simplicio made Dialogue Concerning the Two Chief World Systems appear as an advocacy book: an attack on Aristotelian geocentrism and defence of the Copernican theory. Unfortunately for his relationship with the Pope, Galileo put the words of Urban VIII into the mouth of Simplicio. Most historians agree Galileo did not act out of malice and felt blindsided by the reaction to his book. However, the Pope did not take the suspected public ridicule lightly, nor the Copernican advocacy. Galileo had alienated one of his biggest and most powerful supporters, the Pope, and was called to Rome to defend his writings.
In September 1632, Galileo was ordered to come to Rome to stand trial. He finally arrived in February 1633 and was brought before inquisitor Vincenzo Maculani to be charged. Throughout his trial Galileo steadfastly maintained that since 1616 he had faithfully kept his promise not to hold any of the condemned opinions, and initially he denied even defending them. However, he was eventually persuaded to admit that, contrary to his true intention, a reader of his Dialogue could well have obtained the impression that it was intended to be a defence of Copernicanism. In view of Galileo's rather implausible denial that he had ever held Copernican ideas after 1616 or ever intended to defend them in the Dialogue, his final interrogation, in July 1633, concluded with his being threatened with torture if he did not tell the truth, but he maintained his denial despite the threat. The sentence of the Inquisition was delivered on June 22. It was in three essential parts:
- Galileo was found "vehemently suspect of heresy", namely of having held the opinions that the Sun lies motionless at the centre of the universe, that the Earth is not at its centre and moves, and that one may hold and defend an opinion as probable after it has been declared contrary to Holy Scripture. He was required to "abjure, curse and detest" those opinions.
- He was sentenced to formal imprisonment at the pleasure of the Inquisition. On the following day this was commuted to house arrest, which he remained under for the rest of his life.
- His offending Dialogue was banned; and in an action not announced at the trial, publication of any of his works was forbidden, including any he might write in the future.
After a period with the friendly Ascanio Piccolomini (the Archbishop of Siena), Galileo was allowed to return to his villa at Arcetri near Florence in 1634, where he spent the remainder of his life under house arrest. Galileo was ordered to read the seven penitential psalms once a week for the next three years. However his daughter Maria Celeste relieved him of the burden after securing ecclesiastical permission to take it upon herself. It was while Galileo was under house arrest that he dedicated his time to one of his finest works, Two New Sciences. Here he summarised work he had done some forty years earlier, on the two sciences now called kinematics and strength of materials. This book has received high praise from Albert Einstein. As a result of this work, Galileo is often called the "father of modern physics". He went completely blind in 1638 and was suffering from a painful hernia and insomnia, so he was permitted to travel to Florence for medical advice.
Postado por Fernando Martins às 00:39 0 bocas
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quarta-feira, fevereiro 22, 2023
Um livro de Galileu assassinou a teoria geocêntrica há 391 anos
Postado por Fernando Martins às 00:39 0 bocas
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quarta-feira, fevereiro 15, 2023
Galileu Galilei nasceu há 459 anos
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Marcadores: astronomia, Física, Galileu Galilei, Matemática, Telescópio, telescópio refrator
quarta-feira, janeiro 11, 2023
Ganimedes, o maior satélite do Sistema Solar, foi descoberto há 413 anos
Mitologia
Geologia planetária
Postado por Fernando Martins às 04:13 0 bocas
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terça-feira, janeiro 10, 2023
O astrónomo Simon Marius nasceu há 450 anos...!
Postado por Fernando Martins às 04:50 0 bocas
Marcadores: astronomia, Galileu Galilei, Júpiter, luas de Galileu, Simon Marius
domingo, janeiro 08, 2023
Galileu morreu há 381 anos...
Poema para Galileo
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caía
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
in Linhas de Força (1967) - António Gedeão
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quarta-feira, agosto 24, 2022
Notícia triste para quem gosta de astronomia...
Famoso manuscrito de Galileu não passava de uma falsificação do século XX
O manuscrito era um dos bens mais preciosos da biblioteca da Universidade do Michigan, mas descobriu-se agora que era uma falsificação. Os especialistas suspeitam que o seu autor terá sido Tobia Nicotra, um famoso forjador italiano.
Desde 1938 que um dos objetos mais valiosos da biblioteca da Universidade do Michigan é um raro manuscrito de Galileu Galilei datado de 24 de agosto de 1609 e que estava relacionado com a sua famosa descoberta de que a Terra não estava no centro do Universo.
Galileu tinha primeiramente ouvido falar sobre um novo instrumento que “via coisas ao longe como se estivessem perto” e depois de ter ficado desiludido com a capacidade dos instrumentos disponíveis, decidiu arregaçar as mangas e construir o seu próprio telescópio, tendo até aprendido a fazer as suas lentes.
O manuscrito incluía o rascunho de uma carta onde Galileu descrevia a sua criação e desenhos sobre as posições das luas em torno de Júpiter.
No entanto, após uma investigação interna, a biblioteca concluiu agora que o documento é uma falsificação e que muito provavelmente partiu da habilidosa mão de um famoso forjador de documentos.
“Foi muito angustiante quando soubemos inicialmente que o nosso Galileu não era verdadeiramente um Galileu”, revela Donna L. Hayward, reitora interina da Universidade, ao The New York Times.
A denúncia partiu de Nick Wilding, um historiador da Universidade da Geórgia, que está a escrever uma biografia de Galileu e já descobriu outros trabalhos do astrónomo que eram forjados.
“Pareceu-me estranho. Isto são supostamente dois documentos diferentes que acontecem estar numa folha de papel. Por que é que têm a mesma cor castanha?”, explica. O historiador decidiu acabar de vez com estas suspeitas e contactou a biblioteca para pedir uma imagem da marca de água do manuscrito, que poderia indicar onde e quando o papel foi feito.
O documento apareceu pela primeira vez num leilão em 1934, tendo sido comprado por um empresário de Detroit, que o doou à Universidade do Michigan em 1938, após a sua morte.
Pablo Alvarez, um dos curadores da biblioteca, admite que temeu logo o pior quando viu o nome de Wilding no email, por já saber da sua reputação para a descoberta de documentos forjados.
Wilding começou por descobrir que os arquivos italianos não tinham qualquer registo da existência deste manuscrito, mas foi mesmo a marca de água, composta por um círculo com um trevo de três folhas e o monograma “AS/BMO”, que acabou por ser a pista que resolveu o mistério.
A leiloeira que vendeu o manuscrito alegava que a sua autenticidade tinha sido verificada pelo Cardeal Pietro Maffi, que morreu em 1931 e o terá comparado a dois outros documentos autografados por Galileu na sua coleção.
Wilding descobriu que esses dois documentos tinham sido dados ao Cardeal por Tobia Nicotra, um italiano oriundo de Milão que era famoso pelo seu talento para falsificar documentos. “Quando ouvi o nome Nicotra, o meu sexto sentido começou a formigar”, revela.
E não era para menos. Nicotra foi várias vezes descrito pelos seus contemporâneos como o forjador mais inteligente até então conhecido. Não se sabe muito sobre a sua vida, mas terá começado a vender documentos falsos nos anos 20, supostamente para conseguir dinheiro para sustentar a sua esposa e as sete amantes que tinha.
Terá sido o autor de entre 500 e 600 documentos falsos e Galileu Galilei esteve longe de ser o seu único alvo, já que Nicotra também criou manuscritos forjados atribuídos a outras figuras como Cristóvão Colombo, George Washington, Martinho Lutero, Mozart ou Leonardo da Vinci. O seu talento para a falsificação acabou por lhe sair caro, já que foi condenado a dois anos de prisão a 9 de novembro de 1934.
Apesar de o papel e a tinta do manuscrito parecerem genuínos e serem contemporâneos de Galileu, o historiador descobriu que o “BMO” se referia à cidade italiana de Bérgamo e que a marca de água coincidia com documentos datados de 1790 — 150 anos depois de Galileu ter feito as descobertas, o que acabou por ser o último prego no caixão que enterrou as esperanças de o documento ser verdadeiro.
A revelação foi dececionante, mas a biblioteca prefere ver o lado positivo: “No futuro, pode servir para a investigação, aprendizagem e ensino na área das falsificações, uma disciplina intemporal que nunca foi tão relevante“.
in ZAP
Postado por Fernando Martins às 16:09 0 bocas
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