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segunda-feira, dezembro 27, 2010

Doze livros de Ciência de 2010 - versão De Rerum Natura

Quase a terminar o ano de 2010 (e com ele a primeira década do novo milénio) é a altura de fazer o balanço anual da edição de livros de ciência em Portugal. Escolhi, com um critério necessariamente pessoal, uma dúzia de livros que ficam da safra editorial deste ano. Sete deles são de autores portugueses. Os temas preferenciais são a astronomia, a física (com destaque para a história desta ciência) e a medicina (principalmente neurologia). Deixo evidentemente de fora o livro que escrevi com Décio Martins “Breve História da Ciência em Portugal”, uma edição conjunta da Imprensa da Universidade de Coimbra e da Gradiva. A ordem é alfabética do nome do autor.

1 - Ivo Alves, “Atlas do Sistema Solar”, Imprensa da Universidade de Coimbra.

Um geofísico da Universidade de Coimbra, que tem estudado a geologia de Marte,é o autor de um interessante atlas do sistema solar, com informação actualizada sobre o nosso sistema planetário e imagens escolhidas dos vastos arquivos da NASA e da ESA. É uma obra de referência para todos os que se interessam por astronomia, numa edição cuidada de uma editora universitária de referência.

2 - João Lobo Antunes, “Egas Moniz. Uma Biografia”, Gradiva.

O Professor de Medicina da Universidade de Lisboa que foi distinguido há uns anos com o prémio “Pessoa” é o autor não “de uma” biografia, mas sim “da” biografia do nosso até agora único Prémio Nobel em Ciências. Fazia falta uma obra como esta, muito bem documentada e extraordinariamente bem escrita, da pena de um especialista nas matérias em que Egas Moniz sobressaiu.

3- Luís Miguel Bernardo, “História da Luz e das Cores”, Vol. 3, Editora da Universidade do Porto.

Um físico da Universidade do Porto especializado em óptica moderna publicou na editora da sua universidade o terceiro e último volume da sua monumental obra sobre a evolução do modo como fomos vendo a luz e as cores. A história do laser, nele incluída, surgiu na altura das comemorações dos 50 anos da invenção do laser.

4 - Rómulo de Carvalho, “Memórias”, Fundação Gulbenkian.

Pouco antes do Natal, a Gulbenkian traz a lume o magnífico volume de memórias do grande poeta, professor de Físico-Química, historiador da ciência e da educação e divulgador de ciência. Este é, sem dúvida, um dos maiores momentos editoriais do ano, por nos permitir compreender melhor um grande personagem do século XX português.

5- Eugénia Cunha, “Como nos Tornámos Humanos”, Imprensa da Universidade de Coimbra.

A antropóloga forense da Universidade de Coimbra traça de modo sumário a evolução do homem num livro de bolso da colecção de bolso “Estado da Arte” da editora da universidade coimbrã, em boa hora ressuscitada depois da extinção no tempo de Salazar.

6 - António Damásio, “O Livro da Consciência”, Temas e Debates.

O médico neurologista português, autor de “O Erro de Descartes”, que é um “estrangeirado” nos Estados Unidos (e, como João Lobo Antunes, Prémio “Pessoa”) fornece um relato actualizado do que é a consciência humana. Imprescindível para todos os que queiram saber o que se sabe sobre o cérebro humano.

7- Galileu Galileu, "Sidereus Nuncius. O Mensageiro das Estrelas", tradução e notas de Henrique Leitão, Fundação Gulbenkian.

No final do Ano Internacional da Astronomia, que pretendeu assinalar os quatrocentos anos das primeiras observações de Galileu realizadas com o telescópio, esta é a primeira tradução em português, realizada a partir do latim original, dos registos dessas primeiras observações. Foi seu autor um dos melhores historiadores portugueses, Henrique Leitão, da Universidade de Lisboa.

8 - Stephen Hawking (coordenação), “Aos Ombros de Gigantes”, Texto Editores.

Num enorme e belo volume, esta é uma colecção de textos clássicos de alguns dos maiores gigantes da Física – Copérnico, Kepler, Galileu, Newton e Einstein - , num volume organizado pelo astrofísico inglês que se tornou famoso com a sua “Breve História do Tempo”. Coordenei a equipa da Universidade de Coimbra que efectuou a tradução para português europeu, feita com a ajuda da tradução em português do Brasil, onde o livro saiu primeiro. Curiosamente, quase na mesma altura a Gulbenkian fez sair uma outra tradução dos “Principia” de Newton aqui também contidos, feita directamente a partir do latim original.

9 - Hubert Reeves, “Já Não Terei Tempo”, Gradiva.

Mais um livro, este de memórias, do conhecido astrofísico canadiano, que com “Um Pouco Mais de Azul” foi o autor de um dos primeiros êxitos de venda da colecção “Ciência Aberta” da Gradiva.. Essa notável colecção aproxima-se, mantendo a qualidade do início, dos duzentos livros. É obra!

10- Silvan Schweber, “Einstein e Oppenheimer. O Significado do Génio”, Bizâncio.

Um historiador de ciência norte-americano traça perfis paralelo de dois dos maiores génios da física do século XX. Os dois eram judeus e estiveram ligados, de uma maneira ou de outra, ao projecto que conduziu à primeira bomba atómica. Mas o seu génio excede em muito essa ligação.

11 - Manuel Sobrinho Simões, “Genes, Célula, Ciência e Homem“, Verbo.

O Professor de Medicina da Universidade do Porto e também Prémio “Pessoa” reuniu aqui alguns dos seus textos e entrevistas que dão conta não só do seu pensamento original mas também do seu notável poder de comunicação.

12- Simon Singh, "Big Bang. A descoberta científica mais importante de todos os tempos e porque precisa de a conhecer", Gradiva.

Um conhecido autor de livros de divulgação de ciência apresenta um relato pormenorizado e actualizado do modelo do Big Bang, que triunfou na cosmologia e na astronomia, num outro volume da colecção “Ciência Aberta”.

in De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

quinta-feira, maio 13, 2010

O sangue Neanderthal que nos corre nas veias


(Exposição Darwin 150, 200 - Museu da Ciência Universidade de Coimbra)

Na semana passada a revista Science publicou um artigo importantíssimo que abre uma janela verdadeiramente fascinante sobre a evolução recente da nossa espécie. Dada a sua importância, o artigo publicado pela equipa de Svante Paabo, do Max-Plank Institute de Leipzig, está disponível sem restrições e pode ser obtido aqui. Há também um conjunto de informações se recursos disponíveis numa página criada para o efeito. O artigo já foi aqui comentado pelo António Piedade.

Segundo as notícias que se seguiram na imprensa de todo o mundo, o artigo conclui que afinal corre sangue Neanderthal nas nossas veias. Quanto? Como sabemos isso? O que nos diz?

O laboratório de Svante Paabo é talvez o único actualmente com capacidade para realizar uma tarefa tão difícil como a de extrair e analisar DNA fóssil de Neanderthais. Foram eles os responsáveis pela descoberta recente de outra espécie de hominídeo, o Homem de Denisova que aqui comentei. Esta é uma tarefa dificílima. O DNA fóssil que é possível extrair de ossos parcialmente fossilizados apresenta-se sempre muito fragmentado, com sequências demasiado pequenas e, o que é mais complicado, extremamente contaminado com o DNA de outros organismos, particularmente de micro-organismos. Para se poder interpretar a informação é preciso ‘limpar’ o DNA identificando e removendo as partes que não pertencem ao DNA do organismo que se pretende analisar. O que só é possível por comparação de sequências.

Esta investigação só se tornou possível graças aos mapas genéticos de muitos organismos que entretanto foram sendo sequenciados e colocados disponíveis em bibliotecas de sequências de DNA. Programas de identificação de sequências podem então ser corridos para determinar se o material que está sequenciado pertence a uma bactéria ou a um hominídeo. Além disso, são necessárias condições de assepsia únicas para evitar contaminação pelo nosso DNA que é quase indistinguível do de um Neanderthal.

O que nos diz o estudo?


Comparando sequências extraídas de três ossos provenientes da localidade de Vindija, na Croácia (que se determinou pertencerem a três mulheres diferentes) com o de chimpanzé, e de cinco humanos (um francês, um chinês Han, um papuano da Nova Guiné, um africano San (bosquímano) e Yoruba (África ocidental), os investigadores chegaram à conclusão que há maior semelhança, relativamente a variantes novas de genes, dos Neanderthais com os europeus e asiáticos que com os africanos. A explicação mais plausível é que, quando os antepassados humanos saíram de África, há 80 mil anos, ter-se-ão cruzado com os Neanderthais no médio oriente. Estes cruzamentos tiveram que acontecer nessas populações ainda pequenas e antes de ocorrer a grande dispersão pela Ásia e a Europa dos homens modernos. De outro modo não é possível ter esta distribuição.

Prova-se inequivocamente que houve cruzamentos e que nós temos entre 1 e 4% de genes provenientes de Neanderthais. É uma pequena fracção, mas importante, tanto mais que está presente numa parte muito substancial da população humana.

Prova-se ainda que esses cruzamentos não ocorreram mais tarde na Europa ao longo dos 60 mil anos em que as duas sub-espécies conviveram. Se ocorreram foram muito limitados e pontuais, não havendo evidências neste estudo. Este resultado não vem corroborar as teses de João Zilhão e Eric Trinkaus sobre o menino de Lapedo, que tem sido mantido longe da investigação por outros cientistas. Não prova que ele seja um híbrido nem o seu contrário. Prova apenas que a hibridação era possível e aconteceu. Sabemos que aconteceu no Médio Oriente há 80 mil anos. Mas não há dados de que tenha acontecido na Europa mais tarde. Se tivesse sido muito extensa, então as semelhanças com os Europeus seriam maiores que com os Asiáticos, o que não se verifica. Serão necessários mais dados e de fósseis de outras regiões da Europa para poder ir mais longe.

Mas há um outro aspecto fascinante deste estudo: pela primeira vez temos um primeiro mapa genético, ainda que muito fragmentado, do nosso parente mais próximo, provavelmente pertencente à nossa espécie – é agora claro que a hibridização foi importante e teve consequências – extinto apenas há 28 mil anos. O artigo estima uma separação entre humanos actuais e Neanderthais tendo ocorrido há 270 000 – 440 000 anos. Este mapeamento de genes, que irá crescer nos próximos anos, formando uma biblioteca extensa do DNA Neanderthal, vai permitir-nos não só saber mais sobre a biologia dos Neanderthais como saber o que mudou, que genes se modificaram e conduziram à nossa evolução que foi tão bem sucedida nas últimas centenas de milhar de anos.

O artigo apresenta uma lista de 78 genes que estão modificados nos humanos actuais e têm uma configuração ancestral nos Neanderthais. E isto é fascinante. Há diferenças em genes ligados aos tecidos da pele e a sua pigmentação, receptores de estrogénio, afectando o movimento flagelar dos espermatozóides, evolvidos em processos de cicatrização, diabetes tipo II, ou metabolismo. Sabe-se que alguns dos genes com diferenças apresentam-se relacionados com capacidades cognitivas: certas mutações podem causar síndrome de Down, esquizofrenia, ou autismo. Esta biblioteca de dados irá seguramente crescer e permitir perceber melhor a evolução recente da nossa espécie.

A quantidade e qualidade de informação contida neste artigo é absolutamente impressionante e abre uma porta gigantesca sobre a investigação do nosso passado evolutivo de uma forma inimaginável há alguns anos.

in De Rerum Natura - post de Paulo Gama Mota

quinta-feira, abril 22, 2010

Hoje é dia Mundial da Terra!


Imagem do blogue de astronomia português Astro.pt . Na Feira do Livro de Coimbra, na Praça da República, há uma tertúlia sobre "Como era a vida na Terra" com Octávio Mateus, Vanda Ramos, Pedro Callapez e Eugénia Cunha, moderada por Carlos Fiolhais.

quarta-feira, abril 14, 2010

Tertúlia em Coimbra - Como foi a Vida na Terra

Do Blog De Rerum Natura publicamos, com a devida vénia, o seguinte post, ligeiramente modificado, do Professor Doutor Carlos Fiolhais:


Estou a organizar este evento em conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra, no Dia Internacional da Terra, 22 de Abril de 2010, 21.30 horas, na Feira do Livro de Coimbra (Praça da República):


Tertúlia "Como Foi a Vida na Terra"


"Pegadas de Dinossauros em Portugal" - Vanda Faria dos Santos (Museu Nacional de História Natural, Lisboa)

Explica-se como se formam os icnofósseis em geral e as pegadas de dinossauros, em particular. Apresentar uma retrospectiva das jazidas com pegadas e trilhos de dinossauros no Jurássico e Cretácico de Portugal; sua importância patrimonial.


"Dinossauros de Portugal" - Octávio Mateus (Museu Municipal da Lourinhã, Lourinhã)

Explica-se em que condições se formaram jazidas com esqueletos e ninhadas de ovos de dinossauros. Apresenta-se uma retrospectiva das principais jazidas e novas descobertas de dinossauros em rochas do Jurássico e Cretácico de Portugal.


"Fósseis da região de Coimbra"- Pedro Callapez (Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, Coimbra)

Mostram-se aspectos da evolução do espaço geográfico de Coimbra ao longo dos tempos geológicos. Apresenta-se uma retrospectiva sucinta dos principais fósseis e jazidas da região de Coimbra e Baixo Mondego.


"Como nos tornámos humanos"- Eugénia Cunha (Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra)

Apresenta-se a história do homem na Terra como vem contada no livro com esse título que a autora acaba de publicar na Imprensa da Universidade de Coimbra.


Entrada livre. Haverá participação da audiência.

Moderador: Carlos Fiolhais

Organizadores: Carlos Fiolhais e Pedro Callapez

Apoios: Câmara Municipal de Coimbra, Centro de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho

sexta-feira, abril 09, 2010

Eugénia Cunha lança livro de divulgação científica

Lançado no dia 13, em Coimbra
Antropóloga portuguesa publica livro sobre como nos tornámos humanos

Eugénia Cunha é especialista em evolução humana da Universidade de Coimbra
(Paulo Ricca/PÚBLICO)


Eugénia Cunha, antropóloga forense e especialista em evolução humana. "Como nos Tornámos Humanos", publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, e que vai ser lançado no próximo dia 13 (no Museu da Ciência daquela universidade, às 17h30), cabe no bolso do casaco, ou não tivesse só 17 por 12 centímetros. Mas contém tudo o que é essencial para compreender o que se lê e ouve sobre evolução humana.


Tem as descobertas importantes de fósseis, numa espécie de "quem é quem" dos protagonistas da nossa história evolutiva, sistematiza os conhecimentos, traça o "estado da arte", tudo de forma concisa e simples. Inclui referências a alguns achados portugueses, como a criança do Lapedo, com 24 mil anos ("o mais importante fóssil humano alguma vez descoberto em Portugal").

Nesta história, já sabemos como tudo acaba: somos agora a única espécie de humanos ("Homo sapiens"), mas houve muitas outras, como o "Homo habilis", o "Homo erectus" ou o "Homo neanderthalensis", algumas coexistiram, e descobrir como chegámos até aqui faz-nos continuar a ler.

"O que nos torna humanos constitui uma incrível questão científica", lê-se no início. "O destaque da imprensa à nossa história natural fundamenta-se por se tratar das nossas origens, de saber quem foi o 'big daddy', enfim compreender por que somos como somos."

Eugénia Cunha leva-nos, assim, numa viagem com início há 55 milhões de anos, quando surgiram os primatas, e, com grande parte da acção em África, conta como nos fomos tornando no que somos: bípedes, com cérebros grandes, fabricantes de ferramentas, com uma linguagem articulada e produtores de símbolos.

in Público - ler notícia



Eugénia Cunha numa palestra em Leiria (Foto: Fernando Martins)

NOTA: é sempre um prazer divulgar aqui actividades de ex-professores dos Geopedrados - até porque a Professora Doutora Eugénia Cunha tem feito imenso pela Ciência, Antropologia e Divulgação Científica no nosso país e até fora dele...

quarta-feira, março 03, 2010

Palestra sobre Antropologia Forense em Porto de Mós

Foi-nos solicitada a divulgação da seguinte actividade, envolvendo uma ex-professora de muitos geopedrados e um local que nos (me) é muito caro (dirigido por um geólogo e ex-colega de Coimbra):

No próximo dia 11 de Março terá lugar uma conferência subordinada ao tema “Antropologia Forense”, pelas 15.30 horas, na Ecoteca de Porto de Mós.


Andreia Ferreira, Ângela Santos, Cristiana Miguel, Fábio Santos e Rafaela Ferreira, alunos do 12ºA da Escola Secundária de Porto de Mós, estão a desenvolver um projecto com base na temática «Ciências Forenses», no âmbito de Área de Projecto.

Uma das actividades integradas neste projecto consiste num “Ciclo de Conferências”, que se iniciará no dia 11 de Março de 2010, com a conferência “Antropologia Forense”, tendo como convidada especial a Professora Catedrática de Antropologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Eugénia Cunha.

A sessão terá início pelas 15.30 horas, com uma breve apresentação acerca da Antropologia Forenses dinamizada pelos elementos do grupo, seguindo-se a participação da antropóloga Eugénia Cunha, como oradora.

A antropologia forense consiste na aplicação da antropologia física a questões legais, sendo que um antropólogo forense tem como principais funções a recuperação e a identificação de corpos em adiantado estado de decomposição.

Consideramos que esta conferência poderá sensibilizar a comunidade para a temática que nos encontramos a desenvolver, para além de permitir o esclarecimento de algumas dúvidas relacionadas com esta área das Ciências Forenses.

Para a participação nesta iniciativa agradecemos que nos contacte através do endereço de correio electrónico cfpms2009@gmail.com ou recorrendo ao nosso formulário de contacto.

in Blog Ciências Forenses - post de 26.02.2010