Situada ao sul da
Sicília e quase equidistante das costas
líbias e
tunisinas, controlava as rotas comerciais entre o
Mediterrâneo Ocidental e
Oriental, assim como as que uniam a
Península Ibérica e o
Norte da África. Dotada de excelentes portos naturais, a queda da ilha em mãos turcas teria tido consequências para a
Europa cristã,
tendo em conta a fraca resistência que algumas potências europeias -
envolvidas entre si em conflitos de dimensão continental - apresentavam
então ao avanço do
Islão conquistador, tanto dos turcos, como de tribos
berberes.
O cerco é considerado um dos mais importantes na história militar e,
no ponto de vista dos defensores, o mais bem sucedido. No entanto, ele
não deve ser encarado como um acontecimento isolado, mas como o ponto
culminante de uma escalada de hostilidades entre os impérios
espanhol e otomano pelo controle do Mediterrâneo, escalada que incluiu um ataque prévio sobre Malta, em
1551, por parte do
corsário turco
Turgut Reis, e que, em
1560, havia suposto uma importante derrota da
Armada Espanhola pelos turcos na
batalha de Djerba.
É notável que para os ocidentais o Cerco de Malta seja um dos factos mais importantes da
Idade Moderna,
enquanto que para os turcos tenha pouca importância. Esta diferença
pode dever-se a duas razões, não necessariamente contraditórias entre
si: em primeiro lugar, o desenlace do cerco não afetou em profundidade o
Império Otomano, e em segundo lugar, os turcos saíram derrotados - algo
semelhante ocorreu com a
batalha de Lepanto, de
1571.
(...)
Mas no último momento, ainda pôde frustrar-se tudo: em 11 de setembro,
um soldado mourisco passou pelos turcos e os informou que os reforços
eram de somente de 5.000 homens. Crendo naquilo, Mustafá suspendeu o
embarque e se preparou para o combate. Vendo os turcos se aproximar,
Álvaro de Sande, na ponta da vanguarda espanhola, carregou sobre os
turcos que iam tomar posse de uma colina, com o ímpeto do ataque, e
achando que vinham por cima todas as hostes da
Monarquia Católica,
deram meia volta e fugiram, sendo perseguidos até à embarcação. Em 12
de setembro, desaparecia no horizonte a última vela turca.