segunda-feira, janeiro 07, 2019

O Imperador Hirohito do Japão morreu há trinta anos

Hirohito, também conhecido como Imperador Showa ou O Imperador Shōwa (29 de abril de 1901 - 7 de janeiro de 1989), foi o 124º imperador do Japão, de acordo com a ordem tradicional de sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até à sua morte, em 1989. Apesar de ser muito conhecido fora do Japão pelo seu nome pessoal, Hirohito, no Japão é atualmente reconhecido pelo seu nome póstumo, Imperador Shōwa.
No seu reinado, o Japão era uma das maiores potências - a nona maior economia do mundo, atrás da Itália, o terceiro maior país naval e um dos cinco países permanentes do conselho da Liga das Nações. Ele foi o chefe de Estado sob a limitação da Constituição do Império do Japão, durante a militarização japonesa e envolvimento na Segunda Guerra Mundial. Ele foi o símbolo do novo estado.
O seu reinado foi o mais longo de todos os imperadores japoneses, e coincidiu com um período em que ocorreram grandes mudanças na sociedade japonesa. Foi sucedido por seu filho, o imperador Akihito.
  
Infância e Juventude
Nasceu no Palácio Aoyama, em Tóquio, o Príncipe Hirohito foi o primeiro filho do Príncipe Herdeiro Yoshihito (o futuro Imperador Taishō) e a Princesa Herdeira Sadako (a futura Imperatriz Teimei). Na sua infância ele recebeu o título de Príncipe Michi. Em 1908, ele foi estudar para Gakushuin, na Escola de Pares do Reino.
Após a morte de seu avô, Imperador Meiji, em 30 de julho de 1912, ele foi nomeado herdeiro aparente do trono. Ao mesmo tempo, ele foi formalmente alistado no exército e marinha, como Segundo Tenente e também foi condecorado com o Grande Cordão da Ordem de Chrysanthemum. Em 1914, ele foi promovido ao posto de Tenente do Exército e Sub-Tenente da Marinha, e em seguida Capitão e Tenente, respectivamente em 1916. Ele foi oficialmente proclamado Príncipe Herdeiro a 2 de novembro de 1916.
O príncipe ingressou na Escola de Gakushuin de 1908 a 1914 e num instituto especial para príncipes herdeiros, de 1914 a 1921.
Em 1920, o príncipe Hirohito foi promovido ao cargo de Major no exército e marinha. Em 1921, o príncipe Hirohito passou seis meses na Europa, numa visita de estado, que incluiu visitas ao Reino Unido, França, Itália, Países Baixos e Bélgica, tornando-se o primeiro Príncipe a viajar para o exterior. Após o seu regresso ao Japão, ele tornou-se Regente a 29 de novembro de 1921, em lugar do seu pai, que estava doente e incapacitado.
Durante a regência do príncipe, um número de eventos importantes aconteceram: o Tratado das Quatro Potências, assinado em 13 de dezembro de 1921, com Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França e o Tratado Naval de Washington, assinado em 6 de fevereiro de 1922. O Japão retirou ainda as suas tropas da Intervenção Siberiana, em 28 de agosto de 1922, deu-se o Grande sismo de Kantō, que devastou Tóquio, a 1 de setembro de 1923 e a Lei de Eleição Geral, que foi aprovada a 5 de maio de 1925, dando direito de voto a todos os homens com mais de 25 anos.
Em 1923 ele foi promovido ao posto de Tenente-Coronel do exército e marinha e a Coronel em 1925.
  
Família
O príncipe Hirohito casou-se com a sua prima distante, a Princesa Nagako Kuni (a futura Imperatriz Kōjun), a filha mais velha do príncipe Kuni Kuniyoshi, a 26 de janeiro de 1924. Eles tiveram dois filhos e cinco filhas:
  • Princesa Shigeko Higashikuni, chamada na infância de Teru no miya, (9 de dezembro de 1925 - 23 de julho de 1961)
  • Princesa Sachiko, chamada na infância de Hisa no miya, (10 de setembro de 1927 - 8 de março de 1928)
  • Princesa Kazuko Takatsukasa, chamada na infância de Taka no miya, (30 de setembro de 1929 - 28 de maio de 1989)
  • Princesa Ikeda Atsuko, chamada na infância de Yori no miya, (7 de março de 1931)
  • Príncipe Herdeiro Akihito, chamado na infância de Tsugu no miya, (23 de dezembro de 1933)
  • Príncipe Hitachi, chamado na infância de Yoshi no miya, (28 de novembro de 1935)
  • Princesa Shumazu, chamado na infância de Suga no miya, (3 de março de 1939)
  
Imperador
Em 25 de dezembro de 1926, Hirohito assumiu o trono, após a morte de seu pai, o Imperador Taishō. A novembro de 1928, a ascensão do Imperador foi confirmada em cerimónias (sokui), sendo convencionalmente identificada como "entronização" ou "coroação".
Reinado
A primeira parte do reinado do Imperador Hirohito foi abalado por crises financeiras e o aumento do poder militar dentro do governo através de meios legais e extra-legais. O Exército Imperial Japonês e da Marinha Imperial Japonesa mantiveram o poder do veto sobre a formação de gabinetes desde 1900 e entre 1921 e 1944 não houve menos de 64 incidentes de violência política.
Hirohito quase foi assassinado por uma granada lançada por um ativista pela independência da Coreia do Norte, Lee Bong-chang em Tóquio, a 9 de janeiro de 1932, no Incidente Sakuradamon.
Outro caso notável foi o assassinato do primeiro-ministro Inukai Tsuyoshi em 1932, que marcou o fim do controle civil dos militares. Este foi seguido por uma tentativa de golpe militar em fevereiro de 1936, o famoso Incidente de 26 de fevereiro, montado por jovens oficiais do Exército, que ganhou a simpatia do Príncipe Yasuhito, o irmão do Imperador. O golpe resultou no assassinato de um número elevado de governos e oficiais do exército.
Quando o chefe ajudante-de-campo Shigeru Honjō foi informado sobre as revoltas, o Imperador imediatamente ordenou que os oficiais fossem referidos como "rebeldes" (bōto). Pouco tempo depois, o Imperador ordenou ao Ministro do Exército Yoshiyuki Kawashima a reprimir a rebelião dentro de uma hora. Ao ter notícias que a repressão não surtiu resultados, ele mesmo tomou a direção e no dia 29 de fevereiro, ela foi controlada.
  
Antes da Segunda Guerra Mundial, o Japão invadiu a Manchúria em 1931 e o resto da China em 1937 (sendo a Segunda Guerra Sino-Japonesa). As fontes primárias revelam que o Imperador Hirohito realmente nunca teve objeções à invasão da China, em 1937. A sua principal preocupação parece ter sido a possibilidade de um ataque Soviético, ao norte. As suas perguntas aos chefes de gabinete, Príncipe Kan'in Kotohito e o Ministro do Exército, Hajime Sugiyama, era principalmente sobre o tempo que eles levariam para esmagar a resistência chinesa.
O professor Yoshiaki Yoshimi publicou uma série de obras importantes onde estudou os crimes de guerra japoneses perpetrados pelo Exército e pela Marinha durante a parte inicial do Período Showa, tal como o uso pelo exército de armas químicas, por ordem do próprio Hirohito.
De acordo com o historiador Akira Fujiwara, Hirohito teria ratificado pessoalmente a decisão de remover as restrições de direito internacional (Convenção da Haia) no tratamento de prisioneiros de guerra chineses, pela diretriz de 5 de agosto de 1937. Esta notificação também alertava aos oficiais do estado-maior para que parassem de usar a expressão "prisioneiros de guerra".
O governo do primeiro-ministro e general Hideki Tojo era dominado pelos militares, que travaram a guerra em nome do imperador, mas só com o seu consentimento tácito. Hirohito tentou usar de sua influência para evitar a guerra, mas, finalmente, deu o seu consentimento para os ataques que desembocaram na Guerra do Pacífico.
Participaram do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial (Pacto Tripartido, 1940), inicialmente ratificaram com a Alemanha Nazi um pacto anticomunista (Pacto Anticomintern), e depois foi realizada uma visita de oficiais japoneses ao novo aliado. Em um discurso do próprio Führer, Hitler, os japoneses são definidos como "tendo grande capacidade".
Na Segunda Guerra, os japoneses atacam a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941, o que faz os Estados Unidos entrar no conflito. Hirohito apoiou a guerra num grau mais alto ou mais baixo (os historiadores divergem nesse ponto). O Japão na realidade, já havia perdido a guerra antes dos ataques com bombas atómicas ao Japão, em agosto de 1945, porém recusava aceitar a rendição, então os Aliados fizeram os bombardeamentos com as bombas atómicas, primeiro em Hiroshima, mas mesmo assim o Japão insitia em não aceitar a rendição. Três dias depois do ataque de Nagasaki, então o Japão rende-se e Hirohito anuncia o facto na cadeia nacional de rádio. Neste discurso radiofónico, ao povo japonês, em nenhum momento ele usa a palavra "rendição", optando pela expressão "cessar fogo".
Muitos consideravam Hirohito um criminoso de guerra, um oficial dos Aliados chegou à discursar dizendo que Hirohito "havia levado o Japão à Guerra de forma ainda mais ditatorial que o próprio Hitler", porém o povo apelou, uma vez que consideravam o imperador um deus, seria inadmissível para eles que Hirohito fosse julgado por crimes de guerra, chegando até a mencionarem uma revolta caso isso ocorresse, pelo que os governos aliados permitiram que ele permanecesse no trono após a guerra.
   
Por imposição dos Aliados, que ficam no Japão até 1950, toma medidas democratizantes, entre elas a negação do caráter divino do seu cargo, que transforma o Japão numa monarquia constitucional. Economicamente destruída pela guerra, a nação transforma-se em potência industrial no período seguinte. Hirohito abandona os rituais da corte, deixa de usar o quimono, permite a publicação de fotos da família imperial e assume publicamente sofrer de cancro. Morre em Tóquio, depois de reinar durante 63 anos (e ter sido regente 5 anos), sendo sucedido pelo seu filho Akihito.
  

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