quinta-feira, janeiro 24, 2019

Modigliani morreu há 99 anos

Amedeo Clemente Modigliani (Livorno, 12 de julho de 1884 - Paris, 24 de janeiro de 1920) foi um artista plástico e escultor italiano que viveu em Paris.
Artista principalmente figurativo, tornou-se célebre sobretudo pelos seus retratos femininos caracterizados por rostos e pescoços alongados, à maneira das máscaras africanas.
Morreu aos trinta e cinco anos, em condições de extrema pobreza material, vítima de meningite tuberculosa, agravada pelo excesso de trabalho, álcool e drogas.
Biografia
Modigliani nasceu em uma família judia, em Livorno, Itália.
Seu trisavô materno, Solomon Garsin, emigrara de Túnis para Livorno no século XVIII. Os Garsin eram originários da Espanha, de onde haviam sido expulsos, no final do século XV, transferindo-se para Túnis. Depois eles foram para Livorno, onde nasceu o bisavô materno de Amedeo Mogigliani, Giuseppe Garsin - filho de Salomon Garsin e de Régine Spinoza.
Já a família paterna, os Modigliani, era provavelmente oriunda de Modigliana, perto de Forli, na região da Romagna. Antes de se estabelecerem em Livorno, teriam vivido em Roma, onde exploravam uma casa de penhores. Segundo Jeanne Modigliani, um certo Emanuele Modigliani teria sido encarregado pelo governo pontifical de fornecer o cobre necessário às emissões extraordinárias de moedas dos dois ateliês pontificais. Posteriormente, não obstante uma lei dos Estados Pontifícios que proibia a posse de terras por judeus, Emmmnuele teria adquirido uma vinha nas encostas do Albani, sendo, logo em seguida, obrigado pelas autoridades a se desfazer desta. Inconformado, ele teria então deixado Roma, com toda a sua família, para se instalar em Livorno, em 1849. Naquele mesmo ano, Giuseppe Garsin, depois de sofrer sérios reveses nos negócios, decide deixar Livorno e partir, com a mulher, Anna Moscato, e o filho, Isaac, para Marselha onde foi bem-sucedido.
Amedeo Modigliani foi o quarto filho de Flaminio Modigliani e da sua esposa, Eugénie Garsin, filha de Isaac e Régine Garsin. Na época, os Garsin eram relativamente abastados - sobretudo um dos irmãos de Eugénie, Amédée Garsin, que enriquecera especulando com imóveis e mercadorias. Já os Modigliani tinham empobrecido, chegando à falência. Flaminio dedicava-se aos vários negócios da família, que incluíam mineração e agricultura na Sardenha, além de atividades comerciais em Livorno, mas os negócios andaram mal. Foi o nascimento de Amedeo que salvou a família da ruína total, pois, de acordo com uma lei antiga, os credores não podiam tomar a cama de uma mulher grávida ou de uma mãe com um filho recém-nascido. Os oficiais de justiça entraram na casa da família, justamente quando Eugénie entrou em trabalho de parto. A família então protegeu seus pertences mais valiosos colocando-os por cima da cama da parturiente.
Na infância, Amedeo sofreu de diversas doenças graves, como pleurisia, tifo e tuberculose, que comprometeram a sua saúde para o resto da vida e cujo tratamento o forçava a constantes viagens, até à sua mudança definitiva para Paris, em 1906. Também por causa da saúde precária não recebeu educação formal e voltou-se para o estudo da pintura, iniciado na cidade natal, que prosseguiu em Veneza e Florença. Teve uma estreita relação com sua mãe, que lhe deu aulas até que ele completasse dez anos, e começou a desenhar e pintar precocemente, antes mesmo de ir para a escola. Aos catorze anos, durante uma crise de febre tifóide, ele delirava e, em seu delírio, falava que queria acima de tudo ver as pinturas no Palazzo Pitti e no Uffizi, em Florença. A sua mãe então prometeu-lhe que, assim que se recuperasse, ela o levaria a Florença; de facto, não só cumpriu a promessa, como permitiu que o filho fosse trabalhar no estúdio de Guglielmo Micheli, um dos pintores mais conhecidos de Livorno, de quem Amedeo recebe as primeiras noções de pintura. No ateliê de Micheli, ele conhecerá, em 1898, o grande Giovanni Fattori, sendo assim influenciado pelo movimento dos Macchiaioli, em particular pelo próprio Fattori e por Silvestro Lega.
Em 1906, Modigliani transfere-se para Paris e, ao fim de três anos de vida boémia, executa uma das suas obras mais importantes: O violoncelista, que expôs no Salão dos Independentes de 1909.
Como outros pintores e artistas do seu tempo, viveu a experiência da extrema pobreza. Por meio dos companheiros de arte, conheceu o poeta polaco Leopold Zborowski, que se tornaria seu melhor e mais devoto amigo, além de incentivador e marchand. Em 1917, Zborowski consegue para Modigliani uma exposição individual na Gallerie Berthe Weill. A exposição durou apenas um dia, pois transformou-se num escândalo, graças aos nus expostos na vitrine da galeria.
A grande musa de Amedeo foi Jeanne Hébuterne, de quem teve uma filha, Jeanne, em 1918. Complicações na saúde fizeram o pintor viajar para o sul da França com a esposa e a filha, a fim de recuperar-se. Regressa a Paris no final de 1918.
Na noite de 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos, Modigliani morre de tuberculose. Foi sepultado no famoso Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
No dia seguinte à morte do marido, Jeanne, grávida de nove meses, suicida-se, atirando-se do quinto andar de um edifício.
Retrato de Jeanne Hébuterne
  

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