segunda-feira, junho 05, 2017

O ditador que governa a Guiné Equatorial nasceu há 75 anos

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo (Acoacán, Wele-Nzas, Rio Muni, 5 de junho de 1942) é o atual ditador da Guiné Equatorial. Obiang foi apontado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo, apesar do seu país ser considerado um dos mais pobres do mundo.

Juventude
Nascido no seio do clã Esangui em Acoacán, Obiang juntou-se aos militares durante o período colonial, tendo frequentado a Academia Militar de Saragoça, em Espanha. Alcançou o posto de tenente após a eleição de Francisco Macías Nguema. Sob a liderança de Macías, Obiang ocupou vários cargos, incluindo os de governador de Bioko, chefe da prisão da Praia Negra e líder da Guarda Nacional.

Golpe de 1979
Depôs Francisco Macías, de quem era sobrinho, a 3 de agosto de 1979 num golpe de estado sangrento. Macías foi levado a julgamento pelas suas atividades ao longo da década anterior e condenado à morte. As suas atividades incluíram o genocídio dos bubis. Foi executado a 29 de Setembro de 1979 por fuzilamento.
Obiang declarou que o novo governo iria trazer um novo começo em contraste com as medidas repressivas tomadas pela administração de Macías. Obiang herdou um país com um tesouro vazio e uma população que tinha decaído para um terço do seu valor em 1968, tendo 50% dos seus anteriores 1,2 milhões de habitantes emigrado para Espanha, para os seus vizinhos africanos ou mortos durante a ditadura do predecessor de Obiang. A presidência foi assumida por si, oficialmente, em outubro de 1979.

Nova Constituição
Uma nova constituição foi adotada em 1982. Ao mesmo tempo, Obiang era eleito para um mandato de 7 anos como presidente. Foi reeleito em 1989, sendo candidato único. Após a legalização de outros partidos, foi eleito em 1996, 2002 e 2009 em eleições consideradas fraudulentas pelos observadores internacionais, com um índice nunca menor que 95% dos votos.
A constituição garante a Obiang o poder de governar por decreto. Contudo, Obiang tem muito menos poder que Macías e grande parte da sua governação tem sido mais suave que a do seu antecessor. Notavelmente, não têm existido as atrocidades que caracterizaram o período de Macías.
Em 2003, Obiang informou o país de que se sentia obrigado a tomar controlo total sobre o tesouro nacional de forma a prevenir que funcionários públicos fossem tentados a participar em práticas corruptas. Para evitar esta forma de corrupção, Obiang depositou mais de metade de mil milhões de dólares em contas controladas por ele mesmo e pela sua família no Banco Riggs em Washington, D.C., levando um tribunal federal norte-americano a multar o banco em 16 milhões de dólares.
Em 2016, Nguema, no poder há 36 anos, foi reeleito para um novo mandato de sete anos.

Relações com os EUA
A diplomacia entre Estados Unidos e Guiné Equatorial entrou em colapso em 1993, quando o embaixador John E. Bennett foi acusado de prática de bruxaria nas sepulturas de 10 aviadores britânicos. Depois de receber uma ameaça de morte, em Malabo, Bennett deixou o país em 1994. Nenhum novo diplomata foi nomeado e a embaixada foi fechada em 1996.
Em 2004, a empresa de relações públicas de Cassidy & Associates foi contratada para mudar nas relações entre Obiang e o governo dos Estados Unidos e no final de 2006, Presidente Obiang foi calorosamente recebido pela secretária de Estado, Condoleezza Rice, chamando-o de "bom amigo", enquanto o próprio Obiang ficou "extremamente satisfeito e esperançoso de que essa relação vai continuar a crescer em amizade e cooperação". A nova chancelaria da embaixada abriu em 2013.

Controvérsias
O regime de Obiang reteve características claramente autoritárias, mesmo após a legalização dos outros partidos em 1991. Muitos observadores nacionais e internacionais consideram o seu regime um dos mais corruptos, etno-cêntricos, opressivos e não democráticos do mundo. A Guiné Equatorial é essencialmente um país de partido único, dominado pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) de Obiang. Em 2008, o jornalista americano Peter Maas chamou a Obiang "o pior ditador de África", pior mesmo que Robert Mugabe do Zimbabué.
Todos os membros com exceção de um dos 100 assentos parlamentares pertencem ao PDGE ou estão alinhados com o partido. A oposição está severamente desamparada pela falta de imprensa livre como veículo para a propagação das suas ideias. Cerca de 90% de todos os políticos da oposição vivem no exílio, 550 ativistas anti-Obing estão presos injustamente e vários foram mortos desde 1979. Em julho de 2003, a estação de rádio estatal declarou que Obiang era um deus "em permanente contacto com o Todo Poderoso" e que "pode decidir matar sem ninguém o chamar a prestar contas e sem ir para o inferno". Ele próprio fez comentários semelhantes em 1993. Apesar desses comentários, continua a alegar ser um devoto católico, tendo sido convidado para ir ao Vaticano pelos papas João Paulo II e Bento XVI. Macías proclamava igualmente ser um deus.
Obiang tem encorajado um culto de personalidade em torno de si, assegurando-se que os discursos públicos terminam em votos de prosperidade para si e não para a república. Vários edifícios importantes têm um pavilhão presidencial, várias vilas e cidades têm ruas comemorando o golpe de estado de Obiang contra Macías, tal como é comum entre a população utilizar roupas com a sua cara estampada. Tal como o seu predecessor e outros ditadores africanos tais como Idi Amin ou Mobutu Sese Seko, Obiang atribuiu a si mesmo vários títulos criativos. Entre eles estão "cavalheiro da grande ilha de Bioko, Annobón e Río Muni". Também se refere a si próprio como El Jefe (O Chefe).

Fortuna
A revista Forbes considera Obiang um dos chefes de estado mais ricos do mundo, com uma riqueza avaliada em cerca de 600 milhões de dólares. Fontes oficiais têm-se queixado de que a Forbes está a contar erradamente propriedades estaduais como pessoais do presidente.

Canibalismo 
De forma semelhante a Idi Amin, Obiang permitiu propositadamente que se espalhassem rumores sobre se seria ou não canibal. Rumores fictícios sobre o canibalismo têm sido utilizados durante séculos entre o povo fang do centro e oeste africano de forma a criar medo entre os oponentes, dos quais Obiang descende. Vários testemunhos de antigos residentes no país, antes e durante as perseguições, indicam que o canibalismo tem sido utilizado como arma psicológica de guerra.

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