quarta-feira, agosto 31, 2016

Otelo Saraiva de Carvalho - 80 anos

Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho (Lourenço Marques, atual Maputo, 31 de agosto de 1936) é um ex-militar português. Foi um estratega do 25 de abril.

Biografia
Único filho de três de Eduardo Saraiva de Carvalho (Lisboa, 9 de agosto de 1912 - 29 de setembro de 1969), funcionário dos CTT em Lourenço Marques, e de sua mulher (com quem casou em Lourenço Marques, a 7 de julho de 1934) Fernanda Áurea Pegado Romão (Goa, 30 de novembro de 1917 - Lisboa, 1981), ainda com alguma ascendência goesa católica.
Foi Capitão de Artilharia em Angola, de 1961 a 1963.
Em 1963 foi nomeado instrutor da Legião Portuguesa, milícia marcadamente fascista e conhecida pelo apoio que prestava à PIDE.
Entre 1964 até cerca de 1968 foi professor na "Escola Central de Sargentos", em Águeda.
Voltou à África para combater na Guiné, entre 1970 e 1973, sendo um dos principais dinamizadores do movimento de contestação ao Decreto Lei nº 353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães e ao MFA.
Apesar do seu passado de colaborador com o regime, viria a ser um dos Comandantes Militares da Revolução de 25 de abril de 1974, era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha, após o que foi graduado em Brigadeiro, e nomeado Comandante-Adjunto do COPCON (Comando Operacional do Continente), sob a dependência directa do General Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e Comandante da Região Militar de Lisboa a 13 de julho de 1974; em março de 1975 foi graduado em General de Divisão e passou a exercer na prática o comando efectivo do COPCON desde setembro de 1974, tendo passado a ser comandante do COPCON a 23 de junho de 1975. Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de novembro de 1975, no dia seguinte, por realizar de ânimo leve uma série de ordens de prisão e de maus tratos de elementos moderados.
Fez parte do Conselho da Revolução desde que este foi criado, a 14 de março de 1975, até dezembro de 1975. A partir de 30 de julho do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o V Governos Provisório na qual os restantes membros do Conselho da Revolução delegaram temporariamente os seus poderes (mas sem abandonarem o exercício das suas funções).
Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do 25 de novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de 1976, onde obteve 16,5% dos votos, obtendo a maior votação no Distrito de Setúbal, com 41,8%.
Em 1980 cria o partido Força de Unidade Popular (FUP) e volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980.
Foi Medalha de 2.ª Classe de Mérito Militar e Medalha de Prata de Comportamento Exemplar. A 25 de novembro de 1983 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Na década de 1980 foi acusado de liderar a organização terrorista FP-25, responsável pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80. Foi detido em 1984.
Em 1985 foi julgado e condenado em tribunal pelo seu papel na liderança das FP-25 de abril. Após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficou em prisão preventiva cinco anos, passando a aguardar julgamento em liberdade provisória. Foi despromovido a Tenente-Coronel.
Mais tarde acusou o PCP de ter estado por trás da sua detenção e de ter feito com que ficasse em prisão preventiva tanto tempo. Acusou ainda alguns nomes então na Polícia Judiciária, como a Directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, então na PJ, de, devido à militância no PCP, ter estado por trás da sua detenção.
Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do caso FP-25.
Publicou o livro Alvorada em Abril, em edição da Livraria Bertrand.
Com Julie Sergeant protagoniza um clip erótico, no programa Sex Appeal da SIC.
Em 2011, admitiu que se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de abril. Otelo lamenta as “enormes diferenças de carácter salarial” que existem na sociedade portuguesa:
Cquote1.svg Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado? Cquote2.svg
- Otelo Saraiva de Carvalho
Para este Capitão de Abril, o que mais o desilude são:
Cquote1.svg questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas. Cquote2.svg
- Otelo Saraiva de Carvalho
Uma delas, que considera "crucial", é
Cquote1.svg a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza." Cquote2.svg
- Otelo Saraiva de Carvalho
Esses milhões, sublinhou, significa que "não foram alcançados os objectivos" do 25 de abril.
  
Vida pessoal
Casou em Lisboa, São João de Brito, na Igreja de São João de Brito, a 5 de novembro de 1960, com Maria Dina Afonso Alambre (Lourenço Marques, 6 de junho de 1936), filha de Bernardino Mateus Alambre e de sua mulher Aida de Jesus Afonso, e da qual teve duas filhas e um filho e duas netas.
Quando esteve preso na cadeia de Caxias, no início dos anos 80, iniciou um relacionamento (que ainda mantém, em conjunto com o casamento anteriormente citado) com Maria Filomena Morais, uma funcionária prisional divorciada.
Ideologicamente, Otelo é marxista e defensor da chamada democracia directa.


terça-feira, agosto 30, 2016

Miro Casabella - 70 anos!

(imagem daqui)

Ramiro Cecilio Domingo Casabella López, mais conhecido como Miro Casabella, nasceu em Ferreira do Valadouro, na Galiza, a 30 de agosto de 1946. É um músico galego, que integrou no inicio da sua carreira o colectivo “Voces ceibes”, e posteriormente o grupo de folclore DOA.

domingo, agosto 28, 2016

El-Rei D. Afonso V morreu há 535 anos...

Afonso V (Sintra, 15 de janeiro de 1432Lisboa, 28 de agosto de 1481), apelidado de "o Africano" por suas conquistas na África, foi o Rei de Portugal e Algarves desde 1438 até à sua morte. Era o filho mais velho do rei Duarte I e da sua esposa Leonor de Aragão. Afonso ascendeu ao trono com apenas seis anos de idade, com uma regência estabelecida, inicialmente, pela sua mãe, porém pouco depois passou para o seu tio Pedro, Duque de Coimbra. Este procurou concentrar o poder no rei em detrimento da aristocracia e concluiu uma revisão na legislação conhecida como Ordenações Afonsinas.

Florence Welch - 30 anos!

Florence Leontine Mary Welch (Londres, 28 de agosto de 1986) é uma cantora, compositora e percussionista britânica vocalista da banda indie-rock Florence and the Machine.


sábado, agosto 27, 2016

Hailé Selassié morreu há 41 anos

Haile Selassie (também grafado Hailé Selassié; Ejersa Goro, 23 de julho de 1892Adis Abeba, 27 de agosto de 1975), nascido Tafari Makonnen e posteriormente conhecido como Ras Tafari, foi regente da Etiópia de 1916 a 1930 e Imperador daquele país de 1930 a 1974. Herdeiro duma dinastia cujas origens remontam historicamente ao século XIII e, tradicionalmente, até ao Rei Salomão e à Rainha de Sabá, Haile Selassie é uma figura crucial na história da Etiópia e da África.


 

Cesária Évora nasceu há 75 anos!

Cesária Évora (Mindelo, 27 de agosto de 1941 - Mindelo, 17 de dezembro de 2011) foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana. Apesar de ser sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi maioritariamente relacionada com a morna, por isso também apelidada de "rainha da morna". Era conhecida como a diva dos pés descalços.

quinta-feira, agosto 25, 2016

Rob Halford - 65 anos!

Robert John Arthur "Rob" Halford (Sutton Coldfield, 25 August 1951) is an English singer and songwriter, who is best known as the lead vocalist for the Grammy Award-winning heavy metal band Judas Priest and famed for his powerful wide ranging operatic voice. AllMusic says of Halford: "There have been few vocalists in the history of heavy metal whose singing style has been as influential and instantly recognizable", possessing a voice which is "able to effortlessly alternate between a throaty growl and an ear-splitting falsetto". Halford was voted number 33 in the greatest voices in rock by Planet Rock listeners in 2009. In addition to his work with Judas Priest, he has been involved with several side projects, including Fight, 2wo and Halford. In 1998, he came out as gay in an interview with MTV news making him the first openly gay singer in heavy metal music.


quarta-feira, agosto 24, 2016

Da memória...

 
Em 2008, o Parlamento Europeu aprovou a criação do Dia Europeu da Memória das Vítimas do Estalinismo e do Nazismo, coincidindo com a data de 23 de agosto por nesse dia ter sido assinado em 1939 o Pacto entre a Alemanha e a União Soviética, pacto esse que teve consequências funestas e trágicas para os povos europeus durante 50 anos, até 1989.  A subsequente e imediata invasão conjunta e repartição da Polónia foi apenas o começo.

Léo Ferré nasceu há um século...!

Léo Ferré (Mónaco, 24 de agosto de 1916 - Castellina in Chianti, Itália, 14 de julho de 1993) foi um poeta, anarquista e músico franco-monegasco. Enquanto músico, foi autor, compositor e intérprete de um grande número de canções. Viveu no Mónaco, em Paris, no departamento de Lot e na Toscana, onde terminou os seus dias.
  
Infância
Ferré era filho de Joseph Ferré, diretor do pessoal do casino de Monte Carlo e de Marie Scotto, costureira de origem italiana. Interessou-se muito cedo pela música. Com apenas sete anos integra o coro da catedral do Mónaco e aí aprende solfejo e harmonia. Descobre a polifonia entrando em contacto com as obras de Palestrina e de Tomás Luis de Victoria. Mais tarde descobre Beethoven.

Carácter da sua obra
O elevado nível poético das letras das suas numerosas canções costuma reflectir um inconformismo radical, de cunho anarquista, e a qualidade da música e da interpretação, situam-no entre os maiores vultos da moderna canção francesa. Autor de duas grandes séries de canções sobre textos de Baudelaire e Louis Aragon, utilizou também poemas de Ronsard, Apollinaire, Arthur Rimbaud entre outros.


domingo, agosto 21, 2016

Alexandre O'Neill morreu há 30 anos...

Estátua de Alexandre O'Neill no Parque dos Poetas


Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões (Lisboa, 19 de dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de agosto de 1986) foi um importante poeta do movimento surrealista português. Era descendente de irlandeses. Tem uma biblioteca com o seu nome em Constância.
Autodidacta, O'Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política da II República, a PIDE.


Um Adeus Português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

sábado, agosto 20, 2016

Fred Hoyle morreu há 15 anos

Sir Fred Hoyle (Gilstead, 24 June 1915 – Bournemouth, 20 August 2001) was an English astronomer noted primarily for the theory of stellar nucleosynthesis, but also for his often controversial stances on other scientific matters - in particular his rejection of the "Big Bang" theory, a term coined by him on BBC radio, and his promotion of panspermia as the origin of life on Earth. While Hoyle was well-regarded for his works on nucleosynthesis and science popularisation, his career was also noted for the controversial positions he held on a wide range of scientific issues, often in direct opposition to the prevailing theories supported by the majority of the scientific community.
In addition to his work as an astronomer, Hoyle was a writer of science fiction, including a number of books co-written with his son Geoffrey Hoyle. Hoyle spent most of his working life at the Institute of Astronomy at Cambridge and served as its director for a number of years. He died in Bournemouth, England, after a series of strokes.

sexta-feira, agosto 19, 2016

Há 25 anos uma tentativa de Golpe de Estado na União Soviética começou o colapso do país...

 Boris Yeltsin em pé de um tanque a desafiar o golpe de agosto de 1991

A Tentativa de Golpe de Estado na União Soviética de 1991, também conhecida como o Golpe de Agosto, refere-se a um fracassado golpe de Estado promovido por um grupo conservador do Partido Comunista da União Soviética, entre 19 e 21 de Agosto de 1991. Nesse período, os golpistas tentaram afastar o Presidente Mikhail Gorbachev e tomar o controle do país.
Os autores do golpe acreditavam que o programa de reformas de Gorbachev estava a ir longe demais e que o novo Tratado da União, que chegou a ser negociado, descentralizava muito o poder, em benefício das repúblicas integrantes da URSS. O golpe de Estado fracassou depois de três dias, e Gorbachev voltou ao poder. Ainda assim, os acontecimentos prejudicaram a legitimidade do PCUS, contribuindo para o colapso da União Soviética.

Federico foi fuzilado há 80 anos...

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 - Granada, 19 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola devido ao seus alinhamentos políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual.
  
Biografia
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na Faculdade de Direito de Granada em 1914 e, cinco anos depois, transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou os seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi americano. Expressou o seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava as suas ideias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol, que ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.
Intimidado, Lorca regressou a Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar ali um refúgio. Contudo, teve a sua prisão determinada por um deputado, sob o argumento (que se tornou célebre...) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".
Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas e o seu corpo foi enterrado num local desconhecido da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão à sua homossexualidade. A sua caneta e voz calava-se, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta. Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.
    
Federico depois da morte
Assim como muitos artistas - e a obra Guernica, de Pablo Picasso -, durante o longo regime ditatorial do Generalíssimo Franco, as suas obras foram proibidas na Espanha.
Com o fim do regime, e o regresso do país à democracia, finalmente  sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX. Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. A sua música reflete-se no ritmo e sonoridade da sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais que localizou na sua Andaluzia, as Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram-lhe a sua posição como grande dramaturgo.
   
  
Lamentación de la muerte

Sobre el cielo negro,
culebrinas amarillas.

Vine a este mundo con ojos
y me voy sin ellos.
¡Señor del mayor dolor!
Y luego,
un velón y una manta
en el suelo.

Quise llegar adonde
llegaron los buenos,
¡Y he llegado, Dios mío!...
Pero luego,
un velón y una manta
en el suelo.

Limoncito amarillo
limonero.
Echad los limoncitos
al viento.
¡Ya lo sabéis!... Porque luego,
luego,
un velón y una manta
en el suelo.

Sobre el cielo negro,
culebrinas amarillas.


Federico García Lorca

John Deacon - 65 anos

John Richard Deacon (Leicester, Inglaterra, a 19 de agosto de 1951), é um músico britânico retirado, mais conhecido por ter sido o baixista e um dos compositores da banda de rock Queen. Foi o último dos quatro membros a entrar para o grupo e também o mais jovem.


sábado, agosto 13, 2016

Há 55 anos começou a ser construído o mais famoso muro de sempre

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era fazia parte dos países capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), fazia parte dos países países socialistas, simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar a matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas em diversas tentativas.
Mapa do traçado do Muro de Berlim
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou a 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.

quinta-feira, agosto 11, 2016

Galopim de Carvalho, o famoso avô dos dinossauros, faz hoje 85 anos!

(imagem daqui)


António Marcos Galopim de Carvalho (Évora, 11 de agosto de 1931), conhecido em Portugal como "o avô dos dinossáurios", é licenciado em Ciências Geológicas pela Universidade de Lisboa (1959) e doutorado em Geologia pela mesma Universidade (1969). Já fez um pouco de tudo: foi carpinteiro, aprendiz de sapateiro, caixeiro de mercearia, ferrou cavalos, alimentou leões no circo, vendeu material de escritório e foi delegado de informação médica.
Responsável pelo carinho do público pelos dinossáurios, fez “lobby” da questão das esquecidas pegadas da Pedreira de Carenque, Sesimbra - Espichel, um dos trilhos mais longos do Cretácico e conseguiu salvar as pegadas. É um símbolo nacional da defesa e preservação do património cultural e científico, nomeadamente de sinais marcantes da riquíssima evolução da história natural.
Dirigiu inúmeros projectos de investigação, de que são exemplo a "Paleontologia dos vertebrados fósseis do Jurássico superior da Lourinhã e Pombal" e "Icnofósseis de dinossáurios do Jurássico e do Cretácico Português". Dirige e integra diversos organismos nacionais e internacionais, nomeadamente a comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO. Foi colaborador dos Serviços Geológicos de Portugal e trabalhou no Centro de Estudos Geográficos, do Instituto de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa e no Centro de Estudos Ambientais.
Foi consultor científico da RTP para as séries televisivas de divulgação científica na área das Ciências da Terra. Participou e dirigiu várias exposições. Contudo, devido ao enorme impacto causado, sobressai a famosa "Dinossáurios regressam a Lisboa", que contou com 347 mil visitantes em apenas 11 semanas.
Em 1993, foi agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada e foi distinguido pela Casa da Imprensa com o prémio "Bordalo" para a Ciência, em 1994.
Publicou diversos trabalhos e artigos científicos em revistas nacionais e internacionais das diversas especialidades em que desenvolveu investigação.
É responsável por livros didácticos e de divulgação, como "Morfogénese e Sedimentogénese" (1996), "Petrogénese e Orogénese" (1997) e "Introdução à Cristalografia e Mineralogia" (1997). Publicou também alguns livros na área da literatura de ficção: "O Cheiro da Madeira" (1994), "O Preço da Borrega" (1995) e "Os Homens não tapam as orelhas" (1997). Foi Director do Museu Nacional de História Natural durante vários anos.
É Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Passou recentemente a ser patrono da Escola EB1/JI do Bacelo, em Évora, que ficou com o nome de Escola Básica Galopim de Carvalho.

in Wikipédia

Imagem daqui

sábado, agosto 06, 2016

A Ponte 25 de Abril faz hoje 50 anos!

A Ponte 25 de Abril (com designação oficial Ponte Sobre o Tejo) é uma ponte suspensa rodo-ferroviária que liga a cidade de Lisboa à cidade de Almada, em Portugal. A ponte atravessa o estuário do rio Tejo na parte final e mais estreita - o designado gargalo do Tejo.

(...)

Apenas no ano de 1953 é que o Governo português criou uma comissão com o objectivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo.
Finalmente, em 1958, os governantes portugueses decidiram oficialmente a construção de uma ponte. A concessão foi liderada pelo Eng. José Estevão de Abranches Couceiro do Canto Moniz (então nomeado director do Gabinete da Ponte sobre o Tejo e depois ministro das Comunicações) que foi o responsável pela abertura de um concurso público internacional, para que fossem apresentadas propostas para a construção. Após a apresentação de quatro propostas, o que aconteceu em 1960, a obra foi adjudicada à empresa norte-americana United States Steel Export Company, que, já em 1935, tinha apresentado um projecto para a sua construção.
A 5 de novembro de 1962 iniciaram-se os trabalhos de construção. Menos de quatro anos após o início destes, ou seja, passados 45 meses, a ponte sobre o Tejo foi inaugurada (seis meses antes do prazo previsto), cerimónia que decorreu no dia 6 de agosto de 1966, do lado de Almada, na presença das mais altas individualidades portuguesas, entre as quais se destacou o Presidente da República, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás, o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, passando a ser chamada Ponte Salazar (ainda que a sua designação legal se mantivesse como sendo Ponte Sobre o Tejo), em homenagem ao Presidente do Conselho.
O seu custo rondou, preço à época da sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, o que corresponde, sem ajustes à inflação, aproximadamente 11 milhões de euros.

(...)

Logo a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, o seu nome foi mudado para Ponte 25 de Abril.
Ainda que projectada para suportar, em simultâneo, tráfego ferroviário e rodoviário, nesta fase só ficou preparada para a passagem de veículos rodoviários. Apenas em 1996, é que o Governo português procedeu à elaboração de um projecto para a instalação do tráfego ferroviário, através da montagem de um novo tabuleiro, alguns metros abaixo do tabuleiro do trânsito rodoviário, já em funcionamento. A 30 de julho de 1999 foi inaugurada este novo tipo de travessia.
As consequências resultantes desta travessia não se fizeram esperar, desde a sua entrada em funcionamento, designadamente no que se refere à explosão urbanística que surgiu na margem esquerda do Rio Tejo, de Almada a Setúbal, estimulando, igualmente, o crescimento económico e turístico do sul de Portugal, destacando-se, neste caso, a região do Algarve.
Desde o início do seu funcionamento que a circulação rodoviária é intensa, do que resultam situações de congestionamento automóvel diárias. Esclarecedores são os números referentes ao início do ano de 2006: passam na Ponte 25 de Abril sete mil carros, nos dois sentidos, na "hora de ponta" e cento e cinquenta mil, em média, por dia, o que corresponde a mais de 300 mil utilizadores diários.
Também a circulação ferroviária é intensa, correspondendo esta à passagem de 157 comboios, diariamente, nos dois sentidos, transportando estes cerca de oitenta mil passageiros dia.
Só no ano de 2007 foram transportados 22 milhões de utentes pela via ferroviária.
A grandeza e a imponência da Ponte 25 de Abril está bem expressa no facto de, à data da sua inauguração, ser a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos Estados Unidos. Passados quarenta anos, após a sua inauguração, ocupa, agora, o 20º lugar, a nível mundial.
Anualmente, em meados de março, a ponte é cortada ao trânsito por umas horas para a realização da Meia-Maratona de Lisboa.

Características técnicas
Outros dados relevantes sobre a Ponte 25 de Abril, à data da sua inauguração:
  • 1.012,80 metros de comprimento do vão principal
  • 2.277,64 metros de distância de amarração a amarração
  • 70 metros de altura do vão acima do nível da água
  • 190,47 metros de altura das torres principais acima do nível da água (o que a torna a segunda mais alta construção de Portugal e uma das pontes mais altas da Europa, com o viaduto de Millau em França)
  • 58,6 centímetros de diâmetro de cada cabo principal
  • 11.248 fios de aço com 4,87 milímetros de diâmetro, em cada cabo (o que totaliza 54,196 quilómetros de fio de aço)
  • 79,3 metros de profundidade, abaixo do nível de água, no pilar principal, o Sul
  • 30 quilómetros de rodovias nos acessos Norte e Sul com 32 estruturas de betão armado e pré-esforçado