terça-feira, outubro 28, 2014

O pintor Francis Bacon nasceu há 105 anos

Francis Bacon (Dublin, 28 de outubro de 1909 - Madrid, 28 de abril de 1992) foi um pintor anglo-irlandês de pintura figurativa. Era descendente colateral de Francis Bacon, filósofo do Período Elisabetano. O seu trabalho é mais conhecido como audaz, austero, e frequentemente, grotesco ou imagem de pesadelo.

Bacon nasceu em Dublin de pais ingleses. O seu pai, Eddy Bacon, foi um veterano da Segunda Guerra dos Bôeres e se tornou um treinador de corrida de cavalos. Sua mãe Winnie, herdeira de um negócio de aço e de uma mina de carvão, era notável pela sua natureza saliente, gregária, um total contraste em relação ao seu marido. Francis foi cuidado pela enfermeira da família, Jessie Lightfoot. Criança asmática e com muitas alergias a cães e cavalos, Bacon muitas vezes teve que levar morfina para aliviar os seus sofrimentos durante os ataques. A sua família mudou muitas vezes de casa, e durante esse período mudou-se entre a Irlanda e a Inglaterra, levando a um sentimento de displicência que permaneceu com o artista durante toda a sua vida. Em 1911 a família morou em Cannycourt House, próximo de Kilcullen, no Condado de Kildare, mas posteriormente mudou-se para Westbourne Terrace, em Londres, próximo de onde Eddi Bacon trabalhou Exército Territorial.

Retornando a Irlanda após a Primeira Guerra Mundial. Bacon foi enviado para viver um tempo com a sua avó materna, Winifred Supple, e o seu marido Keery, em Farmleigh, Abbeyleix, Condado de Laois. Eddy Bacon depois comprou Farmleigh à sua sogra, até o seu filho se mudar novamente para Straffan Lodge, Naas, Condado de Kildade, o lugar onde os seus pais nasceram. Embora Francis tenha sido uma criança tímida, ele adorava vestir bem. Isso, juntamente com a sua maneira afeminada, frequentemente enfurecia seu pai, que fez criar uma distância entre os dois. Em 1924 os seus pais mudaram para Gloucestershire, primeira para Prescott House em Gotherington, depois para Linton Hall, situado próximo a Herefordshire. Francis passou dezoito meses na Dean Close School, Cheltenham, de 1924 a 1926. Isso foi sua única experiência com educação formal de pintura, pois ele saiu semanas depois.
Em uma festa a fantasia na quinta casa da família em Cavendish Hall, Suffok, Francis fantasiou-se de Flapper - as roupas próprias, batom, salto alto e um cigarro longo.
Em 1926 a  sua família voltou para a Irlanda, em Stranffan Lodge. A sua irmã, Ianthe recordou que Bacon fez desenhos de mulheres com chapéus Clochês e longos cigarros. Após esse ano, Francis foi banido de Straffan Lodge seguindo um incidente em que seu pai o viu se admirando em frente ao espelho usando as roupas interiores da sua mãe.

Bacon passou o outuno e o inverno de 1926 em Londres, com a ajuda de 3 libras por semana que a sua mãe enviava, vivendo uma vida simples, e lendo Nietzsche. Para incrementar suas economias, ele trabalhava como empregado doméstico, mas apesar de ele gostar de cozinhar, ele se tornou logo entediado e resignado. Foi demitido de um emprego de assistente telefonista de uma loja de roupas femininas em Poland Street, Soho, depois do dono do estabelecimento receber uma carta anónima. Ele descobriu que ele atraia homens ricos, uma atração que ele estava tirando vantagem, tendo desenvolvido um bom paladar para vinho e comida. Um dos homens era um ex-militar do exército amigo do seu pai, outro criador de cavalos de corrida, com nome de Harcourt-Smith. Bacon depois reivindicou que seu pai pediu a seu amigo para transformá-lo em um "homem". Francis teve uma difícil relação com seu pai, uma vez admitindo que estavam tendo uma relação. Indubitavelmente, Eddy Bacon sabia da fama de seu amigo de viril, mas não da sua atração por homens jovens.
Na primavera de 1927, Bacon foi levado por Harcourt-Smith para a opulenta, decadente Berlin da República de Weimar, ficando juntos no Hotel Adlon. Foi assim que Bacon viu o filme Metropolis de Fritz Lang.
Bacon passou dois meses em Berlim, enquanto Harcourt-Smith passou apenas um - "Ele logo ficou cansado de mim, claro, e foi embora com uma mulher… Eu realmente não sabia o que fazer, então eu fiquei por mais um tempo, e depois, quando consegui juntar um pouco de dinheiro, decidi ir para Paris.". Bacon passou o próximo ano e meio em Paris, onde conheceu Yvonne Bocquentin, pianista e connoisseuse, na abertura de uma exposição. Ciente de necessidade de aprender francês, Bacon viveu três meses com a Madame Bocquentin e sua família na sua casa próximo a Chantilly. No Château de Chantilly (Musée Condé) ele viu o quadro O Massacre dos Inocentes de Nicolas Poussin, uma pintura que ele se referiu várias vezes posteriormente em seu trabalho. De Chantilly, ele esteve em uma exibição que o inspirou decididamente para pintar. A visita a uma exibição de 1927 com 106 pinturas de Picasso na Galeria Paul Rosenberg, despertou o seu interesse artístico. Bacon frequentemente apanhava o comboio para Paris, cinco vezes ou mais durante a semana, para ver exposições de artes; Bacon viu o filme épico Napoleão de Abel Gance na Paris Opéra em abril de 1927. No outono de 1927, Bacon ficou no Paris Hôtel Delambre em Montparnasse.

Vida e obra
Este artista irlandês de nascimento, tratou com uma extraordinária complacência alguns temas que continuam a chocar a nossa vida em grupo. As fantasias masoquistas, a pedofilia, o desmembramento de corpos, a violência masculina ligada à tensão homoerótica, as práticas de dissecação forense, a atracção pela representação do corpo (um especial fascínio pelos fluidos naturais: sangue, bílis, urina, esperma, etc.) e, no geral, com tudo o que está directamente ligado à transgressão seja relacionada com o sexo, a religião (são paradigmáticos os seus retratos do Papa Inocêncio X que efectuou a partir da obra de Diego Velázquez) ou qualquer tabu, foram as peças com as quais Bacon construiu a sua visão "modernista" do mundo.
Nasceu em 28 de outubro de 1909, em Dublin e sofria de asma. Esta debilidade irritava seu pai, um homem rude e violento, que o costumava chicotear para o "fazer homem". Devido a isto Bacon criou um comportamento de oposição a seu pai. Uma infância difícil, que sempre o influenciou na sua arte e lhe inspirou um certo desdém por essa Irlanda da sua infância, tal como Oscar Wilde e James Joyce.
A sua primeira exposição individual na Lefevre Gallery, em 1945, provocou um choque e não foi bem recebida. Toda a gente estava farta de guerra e de horrores, só se falava da "construção da paz" e as imagens de entranhas dos quadros de Bacon, com os seus tons sanguíneos, provocaram mais repulsa do que admiração.
Como homem do seu tempo, Bacon transmitiu a ideia de que o ser humano, ao conquistar e fazer uso da sua própria liberdade, também liberta a besta que existe dentro de si. Pouca diferença faz dos animais irracionais, tanto na vida - ao levar a cabo as funções essenciais da existência como o sexo ou a defecação - como na solidão da morte; representando o homem como um pedaço de carne.
A sua obra esteve em exposição, em Serralves, na cidade do Porto, Portugal, em 2003.



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