quarta-feira, outubro 01, 2014

Jimmy Carter - 90 anos!

James Earl "Jimmy" Carter, Jr. (Plains, 1 de outubro de 1924), é um político e ex-militar norte-americano – tendo sido o 39° presidente dos Estados Unidos, e vencedor do prémio Nobel da Paz de 2002, o único presidente de seu país a ter vencido o prémio após deixar o cargo. Carter serviu como oficial da Marinha dos Estados Unidos, era um agricultor no setor de amendoins, serviu dois mandatos como senador do estado da Geórgia e um como governador da Geórgia (1971-1975).

Biografia
Jimmy Carter nasceu numa família batista, que viveu no estado da Geórgia durante várias gerações. O seu bisavô, L.B. Walker Carter (18321874), serviu no Exército dos Estados Confederados, que defendia a causa esclavagista. Sendo oriundo de uma família sulista tradicional, ela tinha interesses no setor agrícola e na plantação de amendoins - negócio no qual ele prosperaria.
Após se formar pela Academia Naval de Annapolis em 1946, casou-se com Rosalynn Smith, depois Rosalynn Carter. Deste matrimónio nasceram quatro filhos: John William (Jack), James Earl II (Chip), Donnel Jeffrey (Jeff) e Amy Lynn.
Jimmy Carter iniciou a sua carreira servindo em vários conselhos locais, que rege as entidades como escolas, hospitais e bibliotecas, entre outros. Na década de 1960, ele cumpriu dois mandatos no Senado da Geórgia, eleito pelo décimo quarto distrito da Geórgia. Foi governador do seu estado natal, de 1971 a 1974.

Eleição
Venceu o republicano Gerald Ford na eleição presidencial de 1976, por pequena margem no voto popular e no Colégio Eleitoral. Esteve à frente do governo dos Estados Unidos entre 1977 e 1981, convertendo-se no mediador do primeiro acordo de paz entre um país árabe e Israel. O acordo de Camp David, de 1978, selou uma paz duradoura entre Israel e Egito. Assinado por Menachem Begin, primeiro-ministro israelita, e por Anwar Sadat, presidente do Egito, possibilitou ao líder egípcio a reconquista da península do Sinai, território ocupado pelas tropas israelitas desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Begin e Sadat foram agraciados com o Nobel da Paz por esse acordo. Sadat acabaria sendo assassinado por radicais islâmicos, contrários à paz com Israel.

Política de paz
Carter assinou um tratado com o Panamá, segundo o qual os EUA devolveriam o canal em 2000 ao controle panamenho. O tratado foi assinado com presidente panamenho Omar Torrijos. Carter adotou uma política de distensão com os países comunistas, estabeleceu relações diplomáticas com a China, assinou tratados de SALT-2 com a antiga União Soviética, sobre a redução de armas nucleares e reduziu as tensões diplomáticas de seu país com Cuba, governada por Fidel Castro.
Alguns acordos com Cuba resultaram no estabelecimento de Seção de Interesses (embaixada) dos EUA em Havana e uma cubana em Washington. Também houve acordo pesqueiro com Cuba sobre a delimitação das águas territoriais para a pesca. Carter autorizou que turistas dos EUA visitassem Cuba (Reagan vetaria essa lei), amenizando, além disso, o embargo contra Cuba. Mais de vinte anos depois da sua gestão, em 2002, ele faria visita histórica a Cuba.

Direitos Humanos
Jimmy Carter, ao contrário dos seus antecessores republicanos, influenciou o processo de abertura democrática de países da América Latina, quase todos então governados por ditaduras militares. Em 1977, Carter encontrou-se com o então presidente brasileiro Ernesto Geisel e influenciou a ala de militares brasileiros ligados a Geisel para um processo de abertura, que seria continuado por João Figueiredo.

Controvérsias
Antes de Carter se projetar mundialmente como o presidente dos EUA, havia sido governador da Geórgia, um estado tradicionalmente governado por democratas. Este partido, no sul, foi responsável por impor as leis Jim Crow. Durante a eleições em 1970, questões raciais eram alvo de debates, e Carter, nas primárias, criticou seu adversário Carl Sanders por apoiar Martin Luther King Jr., em um esforço para tirar votos brancos de Sanders. Carter disse: "Eu posso vencer esta eleição sem um único voto negro". Carter foi eleito governador, com visões progressistas, pró-aborto e contra a pena de morte. Não recebeu quase nenhum apoio da comunidade afro-americana. Entretanto, em 2008, defendeu a candidatura de Barack Obama, chamando seus oposicionistas de racistas.
Embora seu governo tenha sido marcado pelo uso da diplomacia para garantir a paz mundial, diminuindo o tom beligerante da Guerra Fria, e pela prioridade dada a questões sociais, Carter adquiriu reputação de parcimónia e indecisão - características que não foram bem recebidas pelo eleitorado americano.
Após a Revolução Iraniana de 1979 e o sequestro de 52 funcionários da embaixada norte-americana em Teerão, foi acusado de ineficiência na administração do caso.
Também em 1979 a União Soviética ocupou militarmente o Afeganistão por razões políticas, e muitos americanos acreditaram que Carter poderia ter agido com mais dureza para evitar esta crise. O gesto mais significativo de Carter contra a intervenção soviética foi o de boicotar os Jogos Olímpicos de 1980, que seriam disputados em Moscovo. Além disso, uma recessão na economia dos Estados Unidos no período contribuiu para que as suas chances de reeleição fossem praticamente nulas.
Derrotado pelo republicano Ronald Reagan nas eleições de 1980, o ex-presidente retornou à Geórgia e criou o Carter Center para promover os direitos humanos, o avanço das democracias e a busca de soluções pacíficas para conflitos internacionais. Também foi observador internacional de muitas eleições em países que voltavam ao regime democrático ou que tentavam implantar tal regime em substituição de ditaduras.
Pelas suas ações no intuito de promover a paz mundial, direitos humanos, democracia e tendo sido mediador em diversas questões de conflitos ao redor do globo, foi agraciado, no ano de 2002, com o Nobel da Paz.

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