segunda-feira, junho 23, 2014

O poeta Nicolau Tolentino de Almeida morreu há 203 anos

Frontispício de uma peça de teatro "de cordel" de Tolentino

Nicolau Tolentino de Almeida (Lisboa, 10 de setembro de 1740 - Lisboa, 23 de junho de 1811) foi um poeta português que pertenceu ao movimento da Nova Arcádia (1790-1794).

Aos vinte anos ingressou em Leis na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, mas ao invés dos estudos tinha vida boémia e de poeta. No ano de 1765 tornou-se professor de retórica, numa das cátedras criadas pelo Marquês de Pombal, após a expulsão dos jesuítas.
Os seus versos continham muitas vezes pedidos, pleiteando um cargo na secretaria de estado, até que este foi satisfeito, com a nomeação como oficial de secretaria.
Foi um professor durante quinze anos, mas esta vida desagradava-lhe, pois era inadaptado e descontente até conseguir o posto na Secretaria dos Negócios do Reino. Obteve tudo quanto pretendeu, o que não o fez deixar de deplorar uma suposta miséria.
Bom metrificador, compôs sátiras descritivas e caricaturais, sonetos e odes, que reuniu em 1801 num volume chamado Obras Poéticas. Ficou pela superfície, mas apreendeu bem os erros e ridículos da época. O seu cómico consistia no agravamento das proporções, hipertrofiando o exagero que encontrava.


A Dois Velhos Jogando o Gamão

Em escura botica encantoados,
Ao som de grossa chuva que caía,
Passavam de Janeiro um triste dia
Dois gingas no gamão encarniçados.

Corra, vizinho, corra-me esses dados,
Gritava um deles, que nem bóia via;
De sangue frio o outro lhe dizia
Mil anexins naquele jogo usados.

Dez vezes falha o mísero antiquário,
E ardendo em fúria o trémulo velhinho,
Atira c'uma tábula ao contrário:

O mal seguro golpe erra o caminho,
Quebra a melhor garrafa ao boticário
Que foi só quem perdeu no tal joguinho.



Nicolau Tolentino

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