terça-feira, janeiro 28, 2014

O poeta e pedagogo António Feliciano de Castilho nasceu há 214 anos

António Feliciano de Castilho, primeiro visconde de Castilho, (Lisboa, 28 de janeiro de 1800 - Lisboa, 18 de junho de 1875) foi um escritor romântico português, polemista e pedagogo, inventor do Método Castilho de leitura. Em consequência de sarampo perdeu a visão quase completamente aos 6 anos de idade. Licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra. Viveu alguns anos em Ponta Delgada, Açores, onde exerceu uma grande influência entre a intelectualidade local. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes coimbrões) na célebre polémica do Bom-Senso e Bom-Gosto, vulgarmente chamada de Questão Coimbrã, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo.


Ao Usurpador

Avante! calca o povo lusitano.
Pune-o da culpa de te crer sincero.
Sê benigno c'os maus, c'os bons severo:
E o trono assenta no terror, no engano.

Nem sequer vestígio já tens sequer de humano:
Em poucos dias excedeste a Nero.
Filho algoz, vil Caim, perjuro, fero,
Parabéns, triunfaste, ímpio tirano!

O hino da fúrias, seu Hossana, é este:
E se sabe o prazer no abismo eterno,
Monstro dos monstros, que prazer lhe deste!

Mas há, mas vela um árbitro superno;
Se ao som dos ais da Pátria adormeceste,
Ao som do raio acordarás no Averno.


in Escavações Poetícas (1844) - António Feliciano de Castilho

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