segunda-feira, dezembro 17, 2012

A Primavera Árabe começou há dois anos

Tarek al-Tayyib Muhammad ibn Bouazizi (Sidi Bouzid, 29 de março de 1984Ben Arous, 4 de janeiro de 2011), mais conhecido como Mohamed Bouazizi era um vendedor ambulante tunisino cuja autoimolação no dia 17 de dezembro de 2010 foi o rastilho e causa dos protestos na Tunísia que levaram ao então presidente Ben Ali a renunciar depois de 23 anos no poder.

Como Bouazizi não conseguiu arranjar um emprego formal, começou a vender frutas e legumes para se manter e ajudar sua família. Bouazizi ajudava sua mãe e irmã através dos lucros de 75 dólares mensais que obtinha, pois o seu pai morreu quando ele tinha 3 anos e desde os 10 anos que ele vendia nas ruas depois da escola.
Na sexta feira, 17 de dezembro de 2010, Mohamed Bouazizi colocou fogo em si mesmo e morreu 18 dias depois, às 17.30 horas, na terça-feira, 4 de janeiro de 2011, em um hospital na cidade de Ben Aros. Cerca de 5.000 pessoas participaram no seu funeral.

As autoridades da cidade confiscaram o carrinho de frutas de Bouazizi, alegando ser ilegal a venda ambulante na Tunísia. Assim, Mohamed decidiu ir à sede do governo regional para tentar defender o seu caso com o governador, pois tinha poucas opções para ganhar a vida. Após receber um não ao seu pedido, comprou duas garrafas de diluente e colocou fogo em si mesmo em frente ao prédio.
Posteriormente as autoridades disseram que Bouazizi não tinha permissão para vender nas ruas, porém de acordo com Hamdi Lazhar (ministro do trabalho) nenhuma licença é necessária para vender com um carrinho. Salem e Samia Bouazizi, respectivamente mãe e irmã de Bouazizi, afirmaram que autoridades tentaram por diversas vezes extorquir dinheiro do vendedor ambulante.
Também foi relatado que Mohamed foi humilhado publicamente quando uma funcionária municipal lhe deu uma chapada no rosto e lhe cuspiu, confiscando a sua balança e deitando fora as suas frutas (e o facto de ela ser uma mulher, numa cultura islâmica, tornou a humilhação ainda maior)."Assim ele ficou irritado," disse Rochde Horchane, seu primo. Bouazizi foi reclamar com o governador local, mas ele não o quis ouvir. "O meu primo falou, Se você não me receber, eu vou-me queimar," disse Horchane.
Ele deixou uma mensagem para a sua mãe no Facebook pedindo perdão por ter perdido a esperança em tudo. Então ele comprou diluente, encharcou-se em frente ao prédio do governo local e pôs-se em chamas; foi então transferido para um hospital perto de Túnis e morreu no dia 4 de janeiro de 2011.

Em outubro de 2011 o Parlamento Europeu distinguiu cinco personalidades ligadas à Primavera Árabe, entre as quais Bouazizi, postumamente, com o Prémio Sakharov.

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