sexta-feira, outubro 12, 2012

Mais uma descoberta palentológica feita nos materiais guardados em Museus

Fóssil com 200 milhões de anos
Este dinossauro tinha dentes de vampiro mas comia plantas

Modelo ao lado do crânio do dinossauro descoberto na África do Sul

Mais pequeno do que um gato, tinha o corpo coberto de espinhos como os ouriços-cacheiros e a boca fazia lembrar a de um papagaio. Assim deveria ser o aspecto de um dinossauro cujos ossos foram descobertos na década de 1960 em Transkei, perto do Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. Só agora foi estudado e percebeu-se que tinha uns dentes caninos tão afiados como os de um vampiro. 

Foi no meio das colecções de fósseis da Universidade de Harvard, que Paul Sereno, paleontólogo da Universidade de Chicago encontrou o estranho e, até agora, único exemplar desta espécie de dinossauro. Os seus ossos foram encontrados num pequeno bloco de arenito, rocha que resulta da compactação de pequenos grãos de areia.

O Pegomastax africanus, como é o nome científico da espécie, faz parte da família dos heterodontossauros e viveu há cerca de 200 milhões de anos, quando o supercontinente da Pangeia começou a dividir-se. Acompanhando a separação dos continentes, estes pequenos dinossauros, bípedes e ágeis, espalharam-se pelo globo terrestre. Por isso, não é de estranhar que tenham sido encontrados exemplares de heterodontossauros em vários países, como a China, Argentina ou África do Sul.

Paul Sereno é conhecido por já ter descoberto novas espécies de dinossauros em vários continentes. Neste caso, no meio de outros exemplares da colecção de fósseis de Harvard, os dentes do Pegomastax africanus chamaram-lhe à atenção por serem ainda mais invulgares que os dos outros heterodontossauros.

O que é raro nestes dentes é serem grandes – têm 2,5 centímetros de comprimento –, o que tornava sofisticada a mandíbula deste dinossauro, tendo em conta a altura em que viveu. Os dinossauros apareceram há 220 milhões de anos, o que em termos geológicos é pouco tempo antes do Pegomastax africanus, e grande parte deles extinguiu-se há 65 milhões de anos. “Tais estruturas voltaram a surgir milhões de anos depois, nos mamíferos”, refere Paul Sereno, citado no site da revista National Geographic.

Além do par de presas afiadas que lhe dá um ar de vampiro, que assustariam por certo qualquer um, escondia por detrás delas uma fiada de dentes. Alguns cientistas pensam que o Pegomastax africanus comia carne ou pelo menos insectos, mas Paul Sereno, tem outra opinião: os dentes de ar vampírico serviam para defesa própria ou para competir com outros dinossauros na época de acasalamento. Os outros dentes, ao deslizarem uns sobre os outros, funcionariam como lâminas para cortar plantas. “É muito raro que um herbívoro como o Pegomastax tenha grandes caninos afiados”, sublinha Paul Sereno.

Publicado na revista ZooKeys, o estudo refere que, além da estranha dentição, o dinossauro tinha o corpo cheio de espinhos, tal como um outro heterodontossauro, o Tianyulong. Descoberto recentemente na China, este dinossauro chinês ainda tinha grande parte dos espinhos preservados. Como são parentes próximos, os cientistas concluíram que este devia ser também o aspecto do Pegomastax africanus.

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