sábado, outubro 13, 2012

Há 44 anos a poesia e a língua portuguesa ficaram duplamente mais pobres...

(imagem daqui)

Cristovam Pavia, ou Cristóvam Pavia, pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho (Lisboa, 7 de outubro de 1933 - Lisboa, 13 de outubro de 1968) foi um poeta português, filho do também poeta Francisco Bugalho (da geração da revista Presença), oriundo de Castelo de Vide.
Além do pseudónimo Cristovam Pavia, António Flores Bugalho assinou composições com os pseudónimos Sisto Esfudo, Marcos Trigo e Dr. Geraldo Menezes da Cunha Ferreira.
Para José Bento, "A poesia de Cristovam Pavia é a revelação de si próprio, de uma personalidade em conflito com o mundo em que vive e que procura uma fuga pela recuperação da infância morta, pela aceitação do seu conhecer-se diferente e despojado do que lhe é mais caro (a infância, o amor, o espaço e o tempo em que ambos se situavam), a transformação do seu próprio ser pelo sofrimento, num movimento de ascese e de autodestruição, quando o poeta atinge a consciência de si próprio e da sua voz."


Não fugir...

Não fugir. Suster o peso da hora
Sem palavras minhas e sem os sonhos,
Fáceis, e sem as outras falsidades.
Numa espécie de morte mais terrível
Ser de mim todo despojado, ser
Abandonado aos pés como um vestido.
Sem pressa atravessar a asfixia.
Não vergar. Suster o peso da hora
Até soltar sua canção intacta.

Cristovam Pavia



(imagem daqui)

    Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
    Considera-se que Bandeira faz parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Nélson Rodrigues, Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros, representa a produção literária do estado de Pernambuco.


    Minha grande ternura

    Minha grande ternura
    Pelos passarinhos mortos;
    Pelas pequeninas aranhas.

    Minha grande ternura
    Pelas mulheres que foram meninas bonitas
    E ficaram mulheres feias;
    Pelas mulheres que foram desejáveis
    E deixaram de o ser.
    Pelas mulheres que me amaram
    E que eu não pude amar.

    Minha grande ternura
    Pelos poemas que
    Não consegui realizar.

    Minha grande ternura
    Pelas amadas que
    Envelheceram sem maldade.

    Minha grande ternura
    Pelas gotas de orvalho que
    São o único enfeite de um túmulo.

    Manuel Bandeira

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