terça-feira, agosto 16, 2011

António Nobre nasceu há 144 anos

António Pereira Nobre (Porto, 16 de Agosto de 1867 - Foz do Douro, 18 de Março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 33 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.



Vaidade, Tudo Vaidade! 

Vaidade, meu amor, tudo vaidade! 
Ouve: quando eu, um dia, for alguém, 
Tuas amigas ter-te-ão amizade, 
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm. 

Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade, 
Tudo vaidade! E, se pensares bem, 
Verás, perdoa-me esta crueldade, 
Que é uma vaidade o amor de tua mãe... 

Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna 
E eu vi-me só no mar com minha escuna, 
E ninguém me valeu na tempestade! 

Hoje, já voltam com seu ar composto, 
Mas eu, vê lá! eu volto-lhes o rosto... 
E isto em mim não será uma vaidade? 

in - António Nobre

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