quarta-feira, março 31, 2010

Honorabilidade do exercício das funções públicas?!?


Segundo o deputado socialista Ricardo Rodrigues, citado aqui pelo Sol:

«O Partido Socialista concorda com a decisão tomada pelo Governo de suspender o cônsul alemão na medida em que a honorabilidade do exercício das funções públicas deve ser insuspeita»

É estranho que este moço de recados diga tal coisa quando, comparativamente com a notícia da Der Spiegel, há um "engenheiro" em funções bastante públicas, que suscita dúvidas sobre a sua honorabilidade, por exemplo por causa de um certo DVD do Freeport, certificados da Universidade Independente falsificados e passados a um domingo, registos biográficos oficiais da Assembleia da República aldrabados, pequenos-almoços comprados por 750 mil euros, negócios com projectos de engenharia civil e arquitectura, esquemas com gasolineiras com personalidades insuspeitas, só para dar uns poucos exemplos.

Será mais um exemplo de ética republicana e socialista?


ADENDA: o PS escolheu muito bem o seu representante para falar em honorabilidade e ética: Ricardo Rodrigues tem um farfalhudo passado que fala também por si (v. g. AQUI e AQUI)...

Ainda há problemas resultantes do sismo de 9 de Julho de 1998!

Açores: famílias sem casa mais de uma década depois do sismo
Governo Regional açoriano quer resolver a situação ate ao próximo ano

O Governo Regional dos Açores pretende resolver até 2011 os problemas habitacionais de todas as pessoas que foram afectadas pelo sismo de Julho de 1998, no Faial, e que ainda não têm a situação resolvida, noticia a Lusa.

«Ainda existem algumas famílias que precisam de casa», admitiu a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, que não especificou o número de famílias que ainda não viram o problema resolvido.

De acordo com a secretária regional, «ainda existem alguns casos mais difíceis, que devem ficar resolvidos durante este ano e no próximo».

A situação das famílias que ainda não viram o problema habitacional resolvido ao fim de quase 12 anos deverá ser ultrapassada com a construção de um empreendimento com cerca de quatro dezenas de fogos, uma parte dos quais deverão ser atribuídos a estas famílias.

A secretária regional revelou esta intenção na cerimónia de entrega de oito apartamentos a famílias carenciadas na cidade da Horta, nenhuma delas relacionada com os efeitos do sismo de 1998.

Os oito apartamentos entregues esta terça-feira estão integrados num programa de apoio social, através do qual o Governo Regional compra a habitação e entrega-a à família carenciada, mediante o pagamento de uma renda social.

in TVI 24 - ler notícia

Divulgação de Petição - Museu Nacional de Arqueologia

Declaração e abaixo-assinado adoptado pela Assembleia-Geral da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Museus (ICOM)

EM DEFESA DO MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA


Quando há cerca de um ano o anterior Governo colocou a hipótese da transferência do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) para a Cordoaria nacional, o seu Grupo de Amigos (GAMNA) chamou logo a atenção para os riscos inerentes, dos quais o mais importante é o da segurança geotécnica do local e do próprio edificado da Cordoaria, para aí se poderem albergar as colecções do Museu Nacional português com colecções mais volumosas e com o maior número de peças classificadas como “tesouros nacionais”.

Após as últimas eleições pareceu ser traçado um caminho que permitia encarar com seriedade esta intenção política. A ministra da Cultura afirmou à imprensa que fora pedido ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um parecer acerca das referidas condições geotécnicas e que seria feito projecto de arquitectura coerente, respeitador tanto da Cordoaria Nacional como do programa do Museu. Ao mesmo tempo garantiu que esse complexo seria totalmente afecto ao MNA, sem a instalação antecipada de outros serviços no local. Sendo assim, deixaria também de ser necessário alienar espaços do MNA nos Jerónimos, a título de garantia da ocupação antecipada da Cordoaria.

Causa, pois, profunda estranheza a sucessão de acontecimentos das últimas semanas, os quais vão ao ponto de comprometer ou até inviabilizar a continuidade da gestão do Director do Museu, que nos cumpre elogiar pelo dinamismo que lhe conseguiu imprimir e de cujos interesses se constitui, perante todos nós, em legítimo garante.

O estudo tranquilizador que se dizia ter sido pedido ao LNEC, deu afinal lugar a parecer meramente pessoal do técnico convidado para o efeito. O GAMNA, encomendou estudo alternativo, que vai em sentido contrário. O Director do Museu recolheu, ele próprio, outros pareceres, dos mais reputados especialistas da área da engenharia sísmica, que igualmente corroboram e ampliam as preocupações existentes. É agora óbvia a necessidade da realização de um programa de sondagens e de verificações in loco, devidamente controlado por entidade idónea, de modo a poder definir com rigor a situação da Cordoaria em matéria de riscos sísmicos, maremoto, efeito de maré, inundação e infiltração de águas salgadas. A recente tragédia ocorrida na Madeira, onde se perdeu quase por completo o acervo do Museu do Açúcar, devido a inundação, aí está para nos lembrar como não pode haver facilidade e ligeireza neste tipo de decisões.

Enquanto não estiver garantida a segurança geotécnica da instalação do MNA na Cordoaria Nacional e enquanto não forem realizados os adequados estudos de planeamento urbano e circulação viária, importa manter todas as condições de operacionalidade do Museu nos Jerónimos. Neste sentido consideramos incompreensível a alienação pretendida da “torre oca” a curto prazo, até porque uma tal opção iria comprometer definitivamente qualquer hipótese futura de regressar a planos de remodelação e ampliação do MNA nos Jerónimos, conforme foi a opção consistente de sucessivos Governos, até há dois anos. O MNA merece todo o respeito e não pode ser considerado como mero estorvo num local onde aparentemente se quer fazer um novo Museu.

O poder político não pode actuar ignorando os pareceres técnicos qualificados e agindo contra o sentimento de todos os que amam o património e os museus. Apelamos ao bom senso do Governo, afirmando desde já a nossa disposição para apoiar o GAMNA na adopção de todas as medidas cívicas e legais necessárias para que seja defendida, como merece, a instituição mais do que centenária fundada pelo Doutor Leite de Vasconcelos, o antigo “museu do homem português” e actual Museu Nacional de Arqueologia.


Subscreva em: http://peticao.com.pt/mna

Mantenha-se informado e comente em: http://gamna.blogspot.com

Mais dados do sismo desta noite

O sismo no geofone de Évora:

(clicar para aumentar)

O sismo no Instituto Geográfico Nacional (Espanha):


Fecha Hora(GMT) Latit. Longit. Prof. Mag. Localización
31/03/10 03:12:00 36.6560 -9.9896 37 4.4 SW CABO DE SAN VICENTE

O sismo desta noite segundo o IM


Os dados do sismo desta noite, segundo o Instituto de Meteorologia (IM):

Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2010-03-31 03:12 36,77 -9,76 21 4,2 SW Cabo S.Vicente IVLagos

NOTA: desde domingo que a hora portuguesa do continente é TU (Tempo Universal - também conhecido por UTC) mais uma hora - logo o sismo, segundo a hora local, foi às 04.12 horas.

The end is near...!

Mais um sismo para alegrar os moços do arrependei-vos-que-o-fim-do-mundo-está-próximo...

31 Março 2010 - 09h10
Durante a madrugada
Algarve: Sismo de intensidade 4,2 abala Lagos

Um sismo de 4,2 na escala de Richter foi esta madrugada sentido na região de Lagos, no Algarve, sem provocar danos pessoais ou materiais, de acordo com o Instituto de Meteorologia. A terra tremeu pelas 04.12 horas a cerca de 74 quilómetros a Oeste-Sudoeste do Cabo de S. Vicente.

in CM - ler notícia

Uma Aventura no Parque Escolar

Audição na Comissão de Educação do Parlamento
Oposição acusa ministra de não responder sobre a Parque Escolar

Todos os partidos da oposição criticaram hoje a ministra da Educação, Isabel Alçada, pela ausência de respostas durante uma audição na Comissão de Educação e Ciência do Parlamento, designadamente sobre os procedimentos da Parque Escolar.


“Está a usar o tempo de resposta ao PCP para falar e tecer considerações sobre intervenções de outros deputados”, começou por criticar o comunista Miguel Tiago, acrescentando: “Sobre a contratação de projectistas, zero palavras”.

Pelo Bloco de Esquerda, Ana Drago lembrou à ministra da Educação que tem “obrigação” de responder às perguntas, até para não correr o risco de a audição se tornar uma “fraude”.

“A senhora ministra não é a relações públicas do Ministério da Educação. Peço-lhe que leve a sério esta audição”, afirmou Ana Drago.

Já Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes, acusou Isabel Alçada de estar permanentemente a “passar ao lado” das perguntas sobre a Parque Escolar, empresa responsável pelo programa de modernização das escolas secundárias.

“Há coisas que sabe e não quer partilhar connosco”, afirmou.

Perante a ausência de respostas, a deputada Raquel Coelho, do PSD, chegou mesmo a dizer que Isabel Alçada seria “uma boa companhia para tomar chá”.

“O seu sorriso, por mais simpático que seja, não me convence”, acrescentava Miguel Tiago, exigindo respostas sobre os critérios da escolha dos gabinetes de arquitectura.

Também o deputado do CDS/PP José Manuel Rodrigues interveio, fazendo uma piada com a co-autora dos livros da coleção “Uma Aventura”: “Já tem matéria para escrever ‘Uma Aventura no Parlamento’”, brincou o deputado democrata-cristão.

A Provedoria de Justiça vai fazer uma investigação aos procedimentos da Parque Escolar, empresa pública responsável pela modernização da rede de escolas secundárias. Confrontada com esta notícia no fim-de-semana, a ministra da Educação disse não ter “informação segura sobre o assunto”, mas garantiu que a empresa “agiu sempre e em todas as circunstâncias dentro da lei”.

Já hoje, a Parque Escolar anunciou ter pedido uma auditoria do Tribunal de Contas, considerando que as suspeitas em torno da actividade da empresa assumem contornos “eminentemente políticos” e nada têm a ver com opções de gestão. Repudiando “alegadas ilegalidades ou favorecimentos de qualquer natureza”, a administração reafirma, em comunicado, o propósito de “demonstrar toda a seriedade do seu comportamento, quer pessoal quer profissional”.

Just enjoy the show...


terça-feira, março 30, 2010

Música para geopedrados


Hoje há Big Bang


Informação recebida do LIP - Laboratório de Instrumentação e Partículas:

Está agendada para hoje, 3ª feira, uma empolgante jornada no CERN com as primeiras colisões protão-protão à energia de 7 TeV. Se quiserem acompanhar o webcast do CERN em directo, com comentários de colegas nossos, têm a ligação da Ciência Viva disponível em http://www.cvtv.pt

Caso prefiram, o canal oficial do CERN para acompanhar o evento será, entre as 07.30 às 17.00 horas (hora de Portugal), http://webcast.cern.ch/lhcfirstphysics



ADENDA: hoje Eric Clapton faz 65 anos...!

domingo, março 28, 2010

O nosso PM nas bocas do mundo


José Sócrates, le Portugais ensablé

Rien ne va plus pour le Premier ministre socialiste, dont le nom est associé à des affaires de corruption sur fond de crise économique majeure.

L’inimitié d’une bonne partie des médias, une crise politique qui tourne au blocage institutionnel, une situation sociale explosive, un fiasco économique obligeant à des mesures drastiques à court terme… Comme si cela n’était pas suffisant, le bouillant José Sócrates (mollement réélu aux législatives de septembre 2009) doit désormais affronter une fronde du Parlement qui pourrait le forcer à la démission ou amener sa famille socialiste à lui trouver un successeur à la tête du gouvernement. Aujourd’hui commencent à Lisbonne les travaux d’une commission d’enquête parlementaire qui, pour la première fois depuis la fin de la dictature de Salazar, implique directement un Premier ministre. Et va le contraindre à comparaître physiquement, au mieux par écrit. «Le Portugal est un bateau ivre dans lequel le capitaine est le plus suspect de tout l’équipage», a asséné un chroniqueur de la chaîne privée SIC.

(...)

in Libération - notícia completa AQUI

Algumas palavras de homens de coragem

Face oculta


Do Blog portadaloja, do magistrado que se assina simplesmente como José, citamos, com a devida vénia e agradecimento por ainda haver gente com coragem, o seguinte post:

João Palma diz o que tem de ser dito

Entrevista de João Palma, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, ao Jornal de Notícias de hoje, citada aqui:

JN- Das conclusões da última Assembleia Geral pode depreender-se que o primeiro-ministro deveria ter sido investigado por causa do caso Face Oculta?
João Palma- A existência de indícios de crime avalia-se sempre no final da investigação e não no seu início. Não é prática os magistrados do Ministério Público arquivarem imediatamente notícias de crime; o normal é desenvolverem uma actividade investigatória e concluírem se há indícios suficientes ou não para remeter o caso para julgamento. Neste caso temos uma indicação de um responsável da Polícia Judiciária que é sufragada por um magistrado do MP e por um juiz de instrução criminal, de onde resulta a remessa de uma certidão para efeitos de investigação criminal. Face a estes elementos vindos a público, o que seria normal seria abrir uma investigação criminal.

J.N.-Ouvimos dizer desde a aprovação do novo estatuto do MP que está em perigo a autonomia. O que é temido, em termos concretos?
J.P.-Quando, para o provimento de vários cargos na hierarquia do MP, se começam a fazer escolhas pessoais em detrimento dos concursos; quando, no âmbito das novas comarcas, se permite a movimentação de magistrados por razões de serviço, está a pôr-se em causa a liberdade de os magistrados do MP se determinarem de acordo com a sua consciência e de acordo com a lei. Abre-se a porta à possibilidade de tudo ser determinado pela hierarquia. É um perigo, que pode concretizar-se ou não, mas é incompatível com a natureza de magistrados dos elementos do MP.


João Palma aparece citado no Correio da Manhã de hoje em discurso indirecto e com directas bem precisas e determinadas, proferidas no congresso da ASFIC (sindicato da PJ):

"E disse nunca ter visto tantos "antifascistas" criticarem a existência de sindicatos na área da justiça. "Nunca como agora políticos e comentadores capturados pelo sistema atacaram tanto o SMMP, mas também os juízes e os investigadores. Afirmam mesmo que os bandidos são os magistrados e os polícias que os investigam, e não quem faz as vergonhosas negociações com os dinheiros públicos e o património dos portugueses", refere o presidente do SMMP.

É este o problema, actual, claríssimo e patente para todos observarem: o poder político, acolitado por uma plétora de interessados em poleiros vários e com a servil ajuda dos comentadores de serviço, ataca directamente e sem qualquer pudor democrático, as instâncias de investigação criminal e judiciais. Com que objectivo concreto? Fortalecer a democracia e a participação dos cidadãos que elegem, nos assuntos que são de todos, afinal?

Não, precisamente o contrário: esconder dos demais cidadãos, os negócios que não são explicados nem podem ser, o dinheiro público que entra no bolso de alguns (entre os quais os apaniguados citados) e sapar a democracia, procurando manter no poder, o maior tempo possível, quem assim procede e no final de contas é criminoso. De delito comum, algumas vezes.

A voz de João Palma não poupa os directamente envolvidos e quem os protege, objectivamente, incluindo, infelizmente alguns que deveriam fazer melhor para que tal não sucedesse, como é o caso do actual PGR.

João Palma mais não faz do que denunciar, vigorosamente, este atentado ao Estado de Direito, em nome de um princípio importante: a igualdade dos cidadãos perante a lei.

Notícia sobre o sismo de ontem no Alentejo

28 Março 2010 - 00h30
Sousel: Sismo de magnitude 4,1 na escala de Richter
“Fugimos para a rua assustados”

Nas ruas da vila de Sousel o sismo era motivo de conversa entre os populares

Foram apenas dez segundos, mas o tempo suficiente para causar o medo entre os milhares de alentejanos que sentiram o abalo sísmico na tarde de ontem. Com magnitude 4,1 na Escala de Richter e epicentro a seis quilómetros de Sousel, o tremor de terra levou as pessoas a fugir para rua. O medo foi de tal ordem que até os bombeiros daquela vila abandonaram o quartel.

Fátima Raposo estava de serviço na central da corporação de Sousel. Passavam sete minutos das 13.30 horas quando começou a sentir os aparelhos e os móveis a abanar. "Eu e os meus colegas que estavam na altura no quartel fugimos para a rua assustados. Fique com tanto medo que durante uma hora as minhas pernas não paravam de tremer", frisou a bombeira ao CM.

O director da Divisão de Sismologia do Instituto de Meteorologia, Fernando Carrilho, apontou Sousel e Estremoz como as localidades onde o abalo foi sentido com maior intensidade, sem excluir que também em Espanha, nomeadamente em Badajoz e Valencia de Alcántara, a terra tenha tremido.

O sismo, que segundo a Protecção Civil não causou danos pessoais ou materiais, era motivo de conversa entre os populares de Sousel. Todos partilhavam da opinião que o tremor de terra teve mais impacto junto das pessoas devido às imagens trágicas dos recentes terramotos no Chile e Haiti, que devastaram cidades inteiras e provocaram milhares de mortos.

"Vemos na televisão tanta miséria lá fora, e como sabemos que não estamos livres de uma tragédia dessas, ficamos com mais receio. Foi um abalo muito forte, mas já tivemos outros há anos e pouca gente ligou", frisou António Borralho, 50 anos de idade.


PORMENORES


EPICENTRO

O sismo foi registado às 13.37 horas nas Estações da Rede Sísmica do Continente. Teve epicentro a seis quilómetros a Este de Sousel, Portalegre, e uma intensidade máxima IV/V na Escala de Mercalli modificada.


RAIO DE CEM KM

O tremor de terra teve um raio de acção de cem quilómetros. Foi sentido em todo o distrito de Portalegre, mas também nas localidades de Évora, Estremoz, Borba, Arraiolos, Beja e Cuba.


TERCEIRO SISMO NO CONTINENTE NO MÊS DE MARÇO

O abalo de ontem foi o mais forte registado desde o início do ano em Portugal e o terceiro sentido este mês no Continente. No dia 5 de Março foi registado na zona de Albufeira (Algarve) um sismo de magnitude 3,9 na Escala de Richter. Na última segunda-feira, a região de Mação, distrito de Santarém, foi abalada por um tremor de terra de 3,5. Sobre o sismo sentido em Sousel, o Instituto de Meteorologia alerta para a possibilidade da ocorrências de réplicas de menor intensidade. No entanto, diz não haver motivos para alarme.


DISCURSO DIRECTO

"MAIOR SISMO NA REGIÃO DESDE HÁ 30 ANOS", Fernando Carrilho, Director da Divisão de Sismologia do Instituto de Meteorologia

Correio da Manhã – No espaço de uma semana foram sentidos sismos em Mação, Faial e [ontem] no distrito de Portalegre. Estes episódios estão ligados? E podem fazer prever um sismo de maior intensidade?

Fernando Carrilho – Não há ligação entre os sismos sentidos recentemente e nada indica que venha a ocorrer um grande sismo.

– O que é que esteve na origem do sismo sentido no Alentejo?

– O Alentejo não é uma zona de grande actividade sísmica. Este, considerado de intensidade moderada, foi o maior sismo dos últimos 30 anos naquela região. O Alentejo tem actividade sísmica difusa, ou seja, existem várias estruturas naquela zona mas não conseguimos associar um sismo a uma delas.

– É uma surpresa que este sismo tenha ocorrido no Alentejo?

– Não foi uma surpresa. O Alentejo não é uma zona de risco elevado, o que não significa que aí não possam ocorrer sismos. Em média, em todo o País ocorrem cem sismos por mês: a maior parte não é sentida pelas populações.
– Quais as regiões onde o risco sísmico é maior e menor no País?

– O risco é maior nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve e menor na região Centro.
– Seremos alguma vez capazes de prever os sismos?

– Neste momento isso não é de todo possível. Implicaria colocar sensores sísmicos a 10, 30 ou 50 quilómetros de profundidade.
– Pode haver alguma relação entre os sismos que se têm sentido e os fenómenos meteorológicos extremos?

– Não há qualquer relação entre uma coisa e outra.

– Como podemos proteger-nos durante um sismo?

– Se não pudermos abandonar o local, devemos procurar abrigo debaixo de uma mesa forte e evitar os elevadores, entre outras medidas de autoprotecção.

in CM - ler notícia

A aldrabice das requalificações das Escolas Secundárias começa a ser visível

Um dia destes abrimos a boca: os valores gastos, as novas instalações eléctricas, as escolhas das empresas, a selecção dos arquitectos, os materiais de construção e mobiliário escolhidos, a audição das propostas das Escolas, os novos laboratórios, as salas de computadores, os pavilhões desportivos arejados, os novos donos das escolas, a destruição de jardins, parques de estacionamento e mobiliário antigo nalgumas escolas, eis alguns aspectos que prometem um novo post um dia destes... Para já, a queixa de alguns arquitectos que foram esquecidos nas contratações para desenhar escolas:

Música para entendedoras

Como algumas das nossas leitoras andam tristes (algumas até querem mudar de Escola...) aqui fica uma musiquinha para as animar...


Os sismos de ontem - imagens cartográficas

Com os sismos de ontem, já com intensidades capazes de assustar um bocadinho (sobretudo os alentejanos, menos habituados a estas coisas...) o número de pessoas que nos tem pedido informações tem aumentado.

Assim, à cautela, aqui ficam algumas imagens, legendadas, com cartografia associada aos dois sismos (e ainda a outros recentes):

1. Mapa de Portugal continental roubado ao Instituto de Meteorologia, com 3 sismos sentidos pelas populações no último mês, a vermelho: Albufeira, Mação e Estremoz

2. Mapa dos Açores roubado ao Instituto de Meteorologia, com 3 sismos sentidos pelas populações no último mês, a vermelho: Faial da Terra (1 e 2) e Flamengos

3. Mapa dos Açores roubado ao Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (Universidade dos Açores), com últimos sismos sentidos e registados

4. Mapa do Faial roubado ao Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (Universidade dos Açores), com últimos sismos sentidos e registados

NOTA: a título de curiosidade, entre a ilha do Faial (ponta do vulcão dos Capelinhos) e o rift Meso-Atlântico tem havido imensos sismos - há que estar atento...

O terceiro homem

Do Blog De Rerum Natura publicamos, com a devida vénia, o seguinte post, de autoria do Doutor Paulo Gama Mota:


A revista Nature publica esta semana um artigo de 4 páginas que vem revolucionar completamente a nossa história recente. É uma história dos nossos dias como espécie, não dos nossos dias de pessoas com uma vida evolutivamente muito curta, o que é válido para qualquer espécie.

A equipa de Svante Paabo, do Max Plank Institute de Leipzig, publicou os resultados da análise do DNA mitocondrial de um Homo sapiens que viveu no sul da Sibéria há cerca de 30-50 mil anos. O DNA foi extraído da falangeta do quinto dedo da mão. Graças à sua preservação no gelo, foi possível extrair uma quantidade suficiente de DNA em muito bom estado, o que é extremamente raro.

A análise desse DNA mitocondrial, por comparação com o nosso, o de Neandertais, que entretanto se conseguiu obter, e o de chimpanzés, produziu resultados absolutamente inesperados.

O que há de absolutamente especial no homem de Denisova?
Não é facto – real - de não pertencer à nossa sub-espécie, isto é, não é um Homo sapiens sapiens, ou seja um homem moderno actual. É que este homem de Denisova também não é um Neandertal. Trata-se de um terceiro Homem!

A distância genética (medida em termos de número médio de nucleótidos diferentes, isto é, de letras trocadas no DNA) entre nós e os Neandertais é de 202 posições nucleotídicas. A distância entre nós e o Homem de Denisova é de 385 posições. Por comparação, a nossa distância em relação aos chimpanzés é de 1462 posições. Isto que dizer que o Homem de Denisova é mais diferente de nós que o Homem de Neanderthal. Assumindo que o tempo de divergência entre nós e os chimpanzés é de 6 milhões de anos, isso significa que os nosso antepassados e os do Homem de Denisova se terão separado há cerca de 1 milhão de anos (muito antes da separação humanos-neandertais: 500 mil anos).

Até hoje, pensava-se que nos últimos 500 mil anos teriam existido apenas duas sub-espécies da espécie Homo sapiens: Nós e o H. sapiens neandethalensis. Este último, que ocupou grande parte da Europa, durante os últimos 300 mil anos, extinguiu-se há 28 mil anos, com as últimas populações conhecidas encontradas na Península Ibérica. Foram avançadas várias hipóteses para a extinção dos Neandertais que parece ser acompanhada da progressão dos humanos modernos; umas mais benignas que outras para a nossa linhagem. Mas, não fazia parte do quadro conceptual que pudessem existir outras formas, mais formas de humanos com divergências relativamente antigas e cujas populações persistiram até tão recentemente.

Há alguns anos levantou-se a polémica possibilidade de o designado ‘hobbit’, descoberto na Ilha das Flores, no mar de Timor, ser uma espécie ou sub-espécie diferente da nossa, que desapareceu há pouco mais de 10 mil anos. Em alternativa, poderia trata-se de um caso de nanismo e de mais uma série de patologias reunidas num único indivíduo. Não está ainda resolvido qual das duas hipóteses é a correcta. O mistério do Homem das Flores ainda se encontra em aberto.

A descoberta deste Homem de Denisova, de que não há mais do que aquele fragmento de esqueleto, vem colocar o nosso passado evolutivo num quadro muito diferente. Se este siberiano é um terceiro homem, porque não aceitar que o homem das Flores é um quarto. E se assim é, torna-se muito mais plausível admitir mais sub-espécies em outras regiões isoladas. A nossa espécie parece, assim, ter um carácter muito especioso, isto é, com tendência de frequente separação entre populações e rápida evolução em sentidos diversos.

Tudo isto é muito surpreendente. A falangeta do Homem de Denisova aponta para um passado bem diferente do que imaginávamos. Esperemos para saber o que nos dirá a análise do DNA nuclear. Este é um verdadeiro filme de suspense, como o ‘terceiro homem’ de Carol Reed.

Alexandre Herculano nasceu há 200 anos

alexandre-herculano.jpg

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobo, Azóia de Baixo, Santarém, 13 de Setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.



A GRAÇA


Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?

És tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?

Oh, sim!, és tu, que na infantil idade,.
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d'ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!...

O acidente de Three Mile Island foi há 31 anos


Three Mile Island é o local de uma central nuclear que em 28 de Março de 1979 sofreu uma fusão parcial, havendo fuga de radioatividade para a atmosfera. A central nuclear de Three Mile Island fica na ilha no Rio Susquehanna no condado de Dauphin, Pensilvânia, próximo de Harrisburg, com uma área de 3,29 km².


O acidente

O acidente ocorrido em 28 de Março de 1979, na central nuclear de Three Mile Island, no estado da Pensilvânia - Estados Unidos, foi causado por falha do equipamento devido o mau estado do sistema técnico e a um erro operacional. Houve corte de custos que provocaram economicamente na manutenção e troca de material. Mas, principalmente apontaram-se erros humanos, com decisões e acções erradas tomadas por pessoas não preparadas.

O acidente desencadeou-se pelos problemas mecânicos e eléctricos que ocasionaram a paragem de uma bomba de água que alimentava o gerador de vapor, que accionou certas bombas de emergência que tinham sido deixadas fechadas. O núcleo do reactor começou a aquecer e parou e a pressão aumentou. Uma válvula abriu-se para reduzir a pressão que voltou ao normal. Mas a válvula permaneceu aberta, ao contrário do que o indicador do painel de controle assinalava. Então, a pressão continuou a cair e seguiu-se uma perda de líquido refrigerante ou água radioactiva: 1,5 milhão de litros de água foram lançados no rio Susquehanna. Gases radioactivos escaparam e atingiram a atmosfera. Outros elementos radioactivos atravessaram as paredes.

Um dia depois foi medido a radioactividade em volta da usina que alcançava até 16 quilómetros com intensidade de até 8 vezes maior que a letal. Apesar disso,o governador do estado da Pensilvânia iniciou a retirada só dois dias depois do acidente. O governador Dick Thornburgh aconselhou o chefe da NRC, Joseph Hendrie, a iniciar a evacuação "pelas mulheres grávidas e crianças em idade pré-escolar em um raio de 5 milhas ao redor das instalações". Em poucos dias, 140.000 pessoas haviam deixado a área voluntariamente.

Curiosidades
  • Treze dias antes havia sido lançado o filme "Síndrome da China" com Jane Fonda, que muitos consideraram como premonitório da catástrofe na usina nuclear, inclusive sendo usado suas cenas pelo jornalistas da TV para ilustrar a cobertura do acidente.
  • O acidente nuclear nesta central foi considerado o mais grave, até ser superado pela ocorrência em Chernobyl.


sábado, março 27, 2010

Dia Mundial do Teatro

Recordemos a data com um post roubado ao Blog De Rerum Natura:



Hoje, Dia Mundial do Teatro, deixamos um excerto da "Vida de Galileu" de Bertold Brecht, representada pelo Teatro Wilma de Filadélfia, EUA, na parte em que Galileu mostra a sagredo as descobertas que fez com o telescópio e que foram anunciadas há precisamente 400 anos.

No final do excerto:

Galileu - Claro. E agora estamos a ver. Não pare de olhar, Sagredo. O que você vê é que não há nenhuma diferença entre céu e terra. Hoje, 10 de Janeiro de 1610, a humanidade regista no seu diário: aboliu-se o céu.

Sismo em Sousel - mais dados

Segundo o Instituto de Meteorologia (IM) os dados do sismo de hoje, que afectou o norte do Alentejo, são estes:

Portugal Continental (Data de actualização 2010-03-27)
Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2010-03-27 13:37 38,96 -7,63 15 4,1 E Sousel IV/VEstremoz


Já o Instituto Geográfico Nacional (de Espanha) tem no seu site os seguintes dados:

Fecha Hora(UT) Latit. Longit. Prof. Int. Máx. Mag.
27/03/2010 13:37:51 39.0167 -7.6078
III 4.0

Finalmente uma imagem do registo das ondas sísmicas (sismograma) feito pelo geofone de Manteigas:

É favor desligar a máquina dos sismos

27 Março 2010 - 13h57
Epicentro registado na zona de Sousel
Sismo de magnitude 4.1 sentido no Alentejo (EM ACTUALIZAÇÃO)

Um abalo de magnitude 4.1 na Escala de Richter foi sentido este sábado em vários pontos da região do Alentejo.

Com epicentro a cerca de seis quilómetros a Leste da vila de Sousel, o sismo foi registado às 13.37 horas.

O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora afirmou à Lusa que o sismo foi sentido em várias localidades do distrito, nomeadamente em Évora, Estremoz, Vila Viçosa, Arraiolos e Borba, não havendo até ao momento quaisquer vítimas ou danos.

O CDOS de Portalegre afirmou que o sismo foi sentido em todo o distrito e não há conhecimento de damos e de vítimas, também o CDOS de Beja disse que o abalo foi sentido em Cuba e Beja.

in CM - ler notícia

Ciência FedEx

Do Blog Ciência ao Natural, do Doutor Luís Azevedo Rodrigues, publicamos, com a nossa vénia, o seguinte post:

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Encomenda informativa urgente:

Novo anfíbio.
Fóssil.
Descoberto em terrenos do aeroporto de Pittsburgh.
Que pertencem à FedEx.
Em 2004.
Com aproximadamente 300 milhões de primaveras.
Agora descrito e baptizado.
O seu nome?
Fedexia striegeli.

Entregue.


P.S. - sobre nomes científicos patrocinados por vários assuntos ver "Todos os Nomes"

fedexiax-large.jpg
Resto do pacote informativo:
Aqui e aqui.

Imagens:
Mark A. Klingler/Carnegie Museum of Natural History

ENTREVISTA NO NOTÍCIAS MAGAZINE

Do Blog De Rerum Natura publicamos um excerto de um post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais, com bold/negrito da nossa responsabilidade:

Entrevista que dei a Catarina Pires para a rubrica "Todos os nomes" da revista "Notícias Magazine" e que foi publicada no número 929 de 14 de Março, que saiu ontem a acompanhar o "Diário de Notícias" e o "Jornal de Notícias":

Todos os nomes - Carlos Fiolhais

Não sabe em que caldeirão caiu em pequenino, mas deve ter caído em vários: o dos livros, o da curiosidade, o do bom humor, o do optimismo. Só assim se explica que este físico, director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, nos faça perder as noções de tempo e espaço estabelecidas por Einstein, quando nos pomos à conversa com ele.

(...)

P- Um dos maiores alvos da sua crítica é o sistema de ensino português.

R- Ah sim, é o meu alvo preferido.

P- Porquê?

R- Porque é de algum modo a mãe de todos os problemas. Temos uma formação que deixa muito a desejar e não nos prepara devidamente para a vida. E não tem de ser assim. A boa escola é algo que estamos a dever a nós mesmos. Se queremos futuro, temos que apostar na escola, que é a instituição que a humanidade inventou – e já foi há muitos anos – para nos garantir o futuro. Se não temos um futuro melhor é porque não o estamos a promover na escola.

P- O que é que está mal? Está tudo mal?

R- Não, temos bons professores, que fazem, a maioria deles, por cumprir a sua obrigação profissional num ambiente que não é nada fácil. Se me pergunta o que está mal, dou-lhe um exemplo: o Ministério da Educação é – vou usar uma palavra brutal para fazer jus à minha fama de crítico – um monstro. É um aparelho criado pelo Estado, que está por todo o lado em demasia, retirando liberdade aos bons professores. Há regulamentos para tudo e mais alguma coisa, os programas não são bons, os livros têm que se ater aos programas, os horários são o que se sabe, há disciplinas que não são disciplinas nenhumas. Enfim, não tenho dúvidas de que é possível fazer melhor e que isso passa por uma menor intervenção do Estado. Será precisa toda aquela burocracia? Será preciso aquela linguagem em que se exprime o monstro e que eu e outras pessoas designamos por «eduquês»? Não se pode falar claro? A actual ministra domina bem o português, é uma boa escritora, não poderá pôr aquele Ministério a falar claro?

P- O que é que é preciso, então, para melhorar?

R- É preciso que os professores tenham mais poder na escola. Nos últimos anos, assistimos a lutas entre o Ministério e os professores, em que os destroços da batalha são os alunos. O que a ministra está a fazer – e desejo-lhe sorte – é limpar o campo da batalha, o que demora algum tempo. O tempo que se perdeu e que se perde... Não tenho dúvidas de que a nossa escola pode melhorar e isso faz-se pelo exemplo, por procurar e premiar as melhores práticas, por recompensar mais do que punir. É preciso valorizar a criatividade. O que eu gostava de ver era uma escola mais aberta, fora do espartilho do governo. Neste momento, a escola está refém do Ministério da Educação.

P- A máquina ministerial condiciona a criatividade de alunos e de professores?

R- Condiciona a criatividade dos professores, que são a chave do sucesso da escola. Diminuir o papel dos professores foi o pior que se podia ter feito. Portanto, tudo o que possamos fazer para valorizar este papel, para lhes dar importância e autoridade, é útil. Há uma palavra que não se tem usado muito em Portugal e que se devia usar mais (o Ministério da Educação, então, foge dela como o diabo da cruz) que é ensinar. A escola é um sítio onde se ensina. Claro que também é um sítio onde se aprende, mas para aprender é preciso que se ensine. Quase tudo aquilo que sei foi porque alguém me ensinou. A partir de certa altura já fui capaz de aprender por mim próprio, mas devo muito à escola e aos meus professores. Porque é que os jovens de agora não hão-de poder dizer o mesmo? Estamos a desviar-nos do essencial e o essencial é preparar para a vida. Não estaremos a alienar os nossos jovens da capacidade de saber mais, de decidir, que não devia ser apenas de alguns, mas de todos?

P- Esse sistema, tal como o descreveu, é a razão por que Portugal não tem sido um país de ciência?

R- A nossa educação científica é uma área em que podemos progredir. A ciência devia estar presente mais cedo na escola, e não se trata tanto de falar de ciência, mas mais de ver como ela se faz. A ciência devia estar presente no jardim-escola e no ensino básico. A palavra ciência quase não aparece nos programas, aparece uma coisa chamada “estudo do meio”. O que é isso? Um cientista é um "estudioso do meio"? Percebo a ideia de que o meio não é só o meio material, é também o meio social. Muito bem, é evidente que vivemos num meio social, mas antes disso pisamos um planeta que nos puxa para baixo, respiramos ar, bebemos água, e é bom que no básico façamos experiências que nos permitam compreender o que é o planeta, o que é o ar, e o que é a água. A descoberta do mundo pela criança tem de começar por aí. A junta de freguesia e outras construções sociais, por muito importantes que sejam, vêm depois do ar e da água.


(...)

III Congresso Ibérico de Paleontologia

top_imagem.jpgIII Congresso Ibérico de Paleontologia

XXVI Jornadas da Sociedad Española de Paleontología

"A Ibéria no centro das relações atlanto-mediterrânicas"

7 a 10 de Julho de 2010

image003.jpg

2ª Circular, Inscrições e Resumos de Comunicações

Já está disponível a segunda circular do III CIP

Ficha de inscrição e dados para o pagamento da inscrição.


Não esquecer de adiantar o relógio logo à noite...

Do Blog AstroLeiria publicamos o seguinte post:

Mudança de hora
Relógios vão ser adiantados na próxima madrugada

Os relógios vão adiantar-se 60 minutos quando marcarem 01.00 horas neste domingo em Portugal Continental e na Madeira

Os relógios vão adiantar-se 60 minutos quando marcarem 01.00 horas neste domingo em Portugal Continental e na Madeira. Nos Açores, a mudança ocorre pelas 00h00, para que o país, tal como a comunidade europeia, entre na hora de verão.

Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), explicou que a hora de Verão passou a ser decidida a nível da União Europeia, ao contrário do horário de Inverno, que continua na competência de cada Estado.

Para definir o melhor horário e para que se cumpra a sequência do dia e da noite - porque a “actividade humana está extremamente dependente desse ciclo” - existe um órgão consultivo do Governo: a Comissão Permanente da Hora. Esta instituição é liderada pelo OAL e a sua última reunião foi há dois anos para dar o parecer sobre se a hora de Verão deveria continuar a vigorar.

Apesar de aos negócios e a quem investe nas bolsas internacionais desse mais jeito regressar à hora+1, Rui Agostinho diz que “para já” não têm existido pressões para essa redefinição, que, segundo vários relatórios, teve mais impactos negativos. “Na prática as pessoas vão atrás da luz solar”, resumiu.

O mesmo responsável sublinhou que o sismo que assolou o Chile em Fevereiro deixou inalterada a hora porque a rotação do planeta não foi afectada de “maneira mensurável”, como tinha sido avançado pela NASA através de modelos teóricos.

A ocorrer mudanças, serão apenas notadas dentro de “algumas dezenas de anos” com a acumulação de dados comprováveis que ultrapassem a taxa de erro. No entanto, o presidente do OAL sublinhou que em Ciência é “tão importante provar que se acertou, como que não se acertou”, já que apenas assim se percebe se os modelos estão correctos.

Sismo no Faial

Do nosso amigo Carlos publicamos o seguinte post, roubado ao seu Blog GEOCRUSOE:

O sismo ocorrido hoje às 00.53 horas locais, de muito pequena Magnitude (MD 2.3), foi sentido com uma intensidade III da Escala Mercalli Modificada nas freguesias de Ribeirinha, Pedro Miguel, Praia do Almoxarife e Flamengos.

Apesar de só ter havido agora um evento sentido, já foram registados outros microssismos de menor Magnitude na mesma área epicentral indicada na figura num passado mais ou menos recente.

Os vários sismos próximos desta zona não originaram eventos graves. Assim deve-se seguir com calma as regras normais de segurança para estas situações, acompanhar eventuais Comunicados dos Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, tendo em conta a monitorização que o Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos faz continuamente nestes casos.

Em caso de necessidade, Geocrusoe fará novas actualizações consideradas convenientes ou que receba para divulgação.

ADENDA: aproveitamos este post para informar os nossos leitores que, no passado dia 12 de Março de 2010, pelas 10.20 horas locais (mais uma no continente e UTC) houve um sismo sentido em S. Miguel. Aqui ficam os dados, deste e do antes citado no post do Geocrusoe, segundo o IM:

Arquipélago dos Açores (Data de actualização 2010-03-26)
Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2010-03-26 01:53 38,57 -28,65 9 2,8 E Caldeira (Faial) III/IVFlamengos
2010-03-12 11:20 37,46 -25,01 - 3,7 Banco Grande Norte IIFaial da Terra

O sacrifício de Leandro não pode ter sido em vão



O menino Leandro pode finalmente descansar. Deus o abençoe! E a sua família pode velá-lo e visitar-lhe a campa. A família pobre de dinheiro e pobre de poder que em lugar do esquecimento e da humilhação da atribuição de culpas, merecia um telefonema de condolências dos mais altos responsáveis do País, lamentando a morte e garantindo que aprenderam e que o menino não morreu em vão.

Mas, na campa, Leandro não fica só. Com ele fica a verdade do que sofreu, enterrada pelo sistema que não assume as culpas e passa-as para o próprio, de 12 anos, cujo corpo chocava com os punhos e pés dos coitados dos rufias de 17 e 18 anos das turmas dos CEFs!). O sistema - a lei (e os seus autores e decisores) e os seus executantes - faz a lei (o famigerado Estatuto do Aluno, leis sobre delinquência juvenil, normas e regulamentos) e executa-a. Executa-a, com pressão sobre os directores das escolas, que resulta em condutas de Pilatos, que se abstêm de punir alunos rufias e desprotegem as vítimas efectivas - alunos e professores.

Por que é que o sistema mantém no degenerado vigor este modelo permissivista?
  • para encenar que a violência social diminui e os problemas nas escolas também;
  • para exibir evolução das estatísticas e provar, contra toda a evidência e bom senso, a redução de ocorrências de crime, violência e problemas;
  • para mostrar que a organização das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos e das Escolas Secundárias com 2º e 3º Ciclos, onde convivem, sem protecção especial, crianças de 10 anos com jovens adultos das turmas dos CEFs, é a correcta e funciona às mil maravilhas;
  • para demonstrar que a pretensa responsabilização dos pais também corre bem, quando se sabe que são muitos raros os pais de rufias e de alunos problemáticos que comparecem às notificações dos directores de turma e de Escola, sem que nada lhes aconteça (e não basta punir os pais negligentes que sejam beneficiários do Rendimento Social, como quer o PP, mas todos!).
O que o sistema não prova é a eficácia do modelo do bom selvagem que premeia os erros em vez de os punir. Porque existem vítimas alunos, e também vítimas professores, de uma utopia delirante e da sua absurda tentativa de concretização. Será assim tão difícil enterrar o modelo utópico, que os professores sabem que não funciona, e copiar modelos que efectivamente funcionam noutros países, com a responsabilização efectiva dos alunos e dos pais, com um sistema disciplinar claro e fácil de executar, com responsáveis determinados, em vez da diluição dos conselhos e das garantias, complexas e demoradas, semelhantes às de processo judicial para aplicação à educação imediata e atempada de crianças e jovens?...

Este paradigma ideológico do desleixo está a destruir a educação e a promover a indisciplina e mediocridade nas escolas. Julgo que seria importante, nesta altura, e face ao desnorte do Governo, o Presidente da República promover um grande debate nacional sobre a disciplina na escola e a violência e delinquência juvenil para que se atinja um consenso viável para a educação das crianças e jovens do País.

Nota: a proposta de Rui Zink (rufia) para a tradução de «bullying» parece-me adequada. Assim, em vez de «bully», rufia e, em vez de «bullying», rufiagem.

in Blog Do Portugal Profundo - post de António Balbino Caldeira

Sta 'nfronte a te!


O Sol, de hoje, 26-3-2010, traz várias reportagens muito interessantes:

  1. «Conversas em código: O Sol revela uma das 12 conversas entre José Sócrates e Armando Vara, interceptadas no caso Face Oculta. Data de 6 de Agosto passado: falam de forma cifrada, de algo que já devia ter sido feito por Rui Pedro Soares» - Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita

  2. «O que disseram Sócrates e Vara» em 6 de Agosto de 2009 - Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita

  3. «Temos dois anos para fazer dinheiro: Procurador de Aveiro confrontou o arguido Paiva Nunes, gestor da EDP, com telefonemas que referem um plano de obtenção rápida de negócios, tendo em conta que o novo Governo PS já não tem maioria absoluta» - Felícia Cabrita

  4. «O empresário que abre portas: Lopes Barreira, arguido no processo Face Oculta, move-se na área do PS. Foi um dos poucos protagonistas do 'caso JAE', nos anos 90 - José Manuel Moroso

  5. «PGR muda argumentos» - Luís Rosa
1. «Conversas em código» (link parcial do Sol
O Sol descreve o contexto deste alegado telefonema em código, a sua irrelevância determinada pelo procurador-geral da República e pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça que ainda terá dito que a gravação e indicação de passagens no relatório afecta nomeadamente «o direito fundamental à palavra e à audeterminação informacional». «Autodeterminação informacional» é realmente a chave deste caso do «plano governamental para o controlo dos meios de comunicação social».

2. «O que disseram Sócrates e Vara» em 6 de Agosto de 2009
Relativamente à alegada conversa de 6 de Agosto de 2010 entre Armando Vara e José Sócrates (alegadamente de férias em Menorca, nas Ilhas Baleares), com destaque para: «aqueles-exames-médicos que-eram-para-ser-feitos-no-dia-1, não-se-fizeram», «a clínica», «se-ele-percebeu-aquilo-que-ele-quis-dizer», «Tagus» e «o-que-é-que-aquilo-tem-a-ver-com-o-nome-que-ele-disse» e «foi-aquilo-que-se-pode-arranjar».

3. «Temos dois anos para fazer dinheiro»
Fica em evidência maior a frase: «Deixem-se de tretas porque a gente não tem muito tempo para ganhar dinheiro». Parece que eram dois anos...

4. «O empresário que abre portas»
Uma notável reportagem de José Manuel Moroso sobre o «grupo transmontano», a qual fica para a história, como aquela do independente sobre o «grupo da sueca». Não sei se este é o da bisca. Mas ao contrário do outro, os laços indicados são mais de local de nascimento e familiares: Sócrates, Vara, Barreira, Paiva Nunes (marido de uma prima de Sócrates) José Penedos, Mota Andrade, João Cordeiro (da ANF), além do esporádico Jorge Coelho. O jornalista indica ainda que o Dr. Antero Luís, director do SIS, é alegadamente «da mesma aldeia de Vara» e «seu primo». É assim que se percebe que Paiva Nunes é marido de uma prima de Sócrates. Note-se que laços de parentesco, de origem ou de convívio nada significam, por si, de suspeito.

5. «PGR muda argumentos»
Para negar a entrega dos seus despachos ao Parlamento, o procurador-geral já não fala na existência de escutas nos seus despachos, mas no argumento de que os seus despachos estão «interconectados» e ainda «interligados »com o processo face Oculta.

in Blog Do Portugal Profundo - post de António Balbino Caldeira

Opera bufa

Isto já atingiu as raias da comédia de maus costumes. Uma ópera bufa em que os actores mais notáveis têm sido aplaudidos pelos espectadores das primeiras filas e pelos encenadores mais empenhados.

Esta autêntica pouca-vergonha em que se transformou o Governo do país, e o seu primeiro-ministro, revela-se nesta linguagem tragicómica porque reveladora dos bastidores da comédia de enganos.

Ninguém parece interessado em lhe pôr cobro, enquanto dura o intermezzo.

Sol:

Numa conversa telefónica interceptada pelos investigadores do processo Face Oculta, a 6 de Agosto de 2009, já depois de Armando Vara saber que estaria sob escuta, José Sócrates e Vara falam numa estranha linguagem cifrada. O SOL reproduz a conversa.

6 de Agosto de 2009: o primeiro-ministro estava de férias em Espanha, na ilha Menorca. Às 11h46, Armando Vara recebe um telefonema de um indivíduo com sotaque brasileiro, que se identifica como ‘Carlos’ e lhe diz que tem ali «uma pessoa que lhe quer falar».

Vara não quer conversas por aquele número e pergunta-lhe se não tem outro telefone, ao que Carlos responde que sim, mas que «está no quarto».

Dois minutos depois, é Vara quem liga. Carlos atende e passa o telefone ao primeiro-ministro. Sócrates diz a Armando Vara que «aqueles exames médicos, que eram para ser feitos no dia 1, não se fizeram», ele que veja «com a clínica».

Armando Vara mostra-se aborrecido e diz que lhe tinham confirmado tudo. Sócrates comenta que «aquela gente é assim» e Vara aponta o responsável: «É o Rui… e agora teve bebé…» [referência a Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT e vogal da Tagusparque].

O vice-presidente do BCP promete que vai ligar a Rui Pedro Soares e que já lhe diz «alguma coisa». Sócrates pergunta «se ele percebeu aquilo que ele quis dizer» e Vara confirma que já entendeu: «não aconteceu nada» do que estava previsto. Sócrates insiste: «não aconteceu nada» e Vara «tinha dito que os exames…». Este reafirma «que lhe disseram que sim, que estivesse descansado»

O primeiro-ministro pergunta então, referindo-se aos «exames», «o que é que aquilo tem a ver com o nome que ele disse». Vara responde que «é Tagus» – ao que Sócrates comenta que «não sabe se isso é bom». «Foi aquilo que conseguiu arranjar», diz Vara.

«O gajo fala muito, fala muito» – comenta Sócrates. Armando Vara diz que «não lhe deu nenhuma indicação de coisa nenhuma». Sócrates diz que «o outro fala muito e fala pouco» – Armando Vara que veja isso.

in Blog portadaloja - post de José