quinta-feira, outubro 09, 2008

Dinossauros falsos e "Frankenstein"

Do Blog Lusodinos publicamos o seguinte post, com a devida vénia, do Doutor Octávio Mateus:


Sim, é verdade, até os dinossauros e outros fósseis são falsificados!


O crescente aumento do comércio de fósseis (com os leilões a venderem dinossauros a preços astronómicos), a raridade dos fósseis e pobreza económica associada a algumas áreas fossilíferas só podia dar num resultado: a falsificação de fósseis.

Em muitas lojas e feiras do país vemos crânios de mosassauros, ovos de dinossauros, trilobites e tantos outros fósseis de integridade duvidosa. Nalguns locais de venda, a falsificação atinge os 10 a 20% dos crânios expostos. Estas fraudes são muitas vezes compostas de ossos verdadeiros mas agrupados artificialmente para simular um crânio ou um esqueleto completo, a jeito do monstro de Frankenstein, no qual um só indivíduo era composto com partes de vários homens. As falsificações mais problemáticas são montagens artificiais de fósseis verdadeiros o que torna a detecção da fraude mais difícil.

Os artesãos que fazem estas fraudes, muitos deles de Marrocos e da China, são frequentemente de tal forma exímios que a falsificação engana os conhecedores e profissionais. O caso recente mais famoso é o do Microraptor publicado na revista Nature com cobertura e financiamento da National Geographic. Pensava-se que era um estádio evolutivo intermédio entre os dinossauros terópodes e as aves… pudera!… o esqueleto era composto pela junção de várias espécies.

Um meu novo artigo publicado no Journal of Paleontological Techniques (disponível em PDF) sugere várias técnicas na detecção destes embustes: exame visual pormenorizado e crítico, análise química, raios X e tomografia computorizada e observação sob luz ultravioleta.


A, Fotografia (à esquerda) e raios X (à direita) de um falso crânio de dinossauro Psittacosaurus. Os raios X mostram a pedra (a cinzento) que forma o núcleo no qual foram colados ossos de dinossauro para simular um crânio. B, Um fémur e C, um sacro e cintura pélvica, constituídos por partes de diferentes ossos.


Referência:
Mateus, O., Overbeeke, M., Rita, F., 2008. Dinosaur Frauds, Hoaxes and "Frankensteins": How to distinguish fake and genuine vertebrate fossils, Journal of Paleontological Techniques, 2: 1-5.

Sem comentários: